♕ Parte 1
O teto era alto e bloqueava o céu.
Tudo o que eu podia ver eram paredes,
e a grama crescendo por baixo.
Correndo em volta desse enorme labirinto
Eu não conseguia me parar.
O vento e os gritos ficaram silenciosos.
Em um instante,
As paredes se transformaram em um pó preto e foram espalhadas
ao mundo inteiro.
Eu fechei meus olhos
Meu corpo flutuava no ar junto com o pó,
no fim do universo.
................
Eu acordei, e quando abri meus olhos, tudo o que eu
estava sonhando começou a desaparecer.
Eu fui pega de surpresa por acordar tão naturalmente que
falhei em lembrar do sonho.
Observando a luz fluir para a sala através das cortinas,
eu me perdi em pensamentos por um momento.
Eu vagamente me recordo de ter vindo para casa depois da viagem
e caído no sono. Que horas são agora?
Eu levantei do sofá, tirei meu celular do modo avião, e
notificações de mensagens começaram a apitar.
Mei: Aconteceu alguma coisa?
Havia mensagens da Anna, Kiki, Gavin e até mesmo
do...Victor!
Eu vou deixar pra ler a do Victor por último, para evitar
começar o dia de mau humor.
Gavin: Por que você estava me ligando? Por que é que você
não atendeu? Está tudo bem?
Anna: Hey, Mei, boas notícias. Nós vamos ficar ricas!
Entre contato quando você ler isso!
Foi só um dia de folga e parecia que eu estava
desaparecida por um mês.
Hora de leitura 8:30 da manhã, então eu não estava
atrasada para nada.
Espera um minuto. Por que a tela diz quinta-feira?
Eu tenho certeza que a viagem com o Lucien foi na terça.
Eu dormi um dia inteiro, e no sofá ainda por cima?
Eu pirei na hora. Não é à toa que todo mundo estava
tentando entrar com contato comigo! Eu rapidamente enviei uma enxurrada de
mensagens curtas.
Então eu vi as duas mensagens não lidas do Victor, engoli
em seco, e nervosamente toquei na primeira.
Victor: Venha a LFG para o seu relatório em 1 hora.
Sem dúvida, aquela era a marca registrada dele. Enviada
há dois dias atrás, na parte da tarde.
Eu me lembrei do relatório que eu tinha prometido ao
Victor...Oh, isso não vai acabar bem!
Victor: Não atender ao telefone é sua maneira de me pedir
para retirar o financiamento?
Aquela mensagem veio as 6 horas, dessa manhã.
Eu estremeci, como se já pudesse ver a cara fria e
impiedosa do Victor através do telefone.
Eu me impedi de ligar para ele. Não, não posso correr o
risco de interrompe-lo durante uma reunião.
Vou só mandar uma mensagem de texto com uma desculpa
sincera.
Desculpe, eu dormi o dia todo e não vi sua mensagem. Qual
a melhor hora para eu comparecer?
Olhando de novo, eu adicionei um "senhor" no
texto para parecer mais sincera.
Eu enviei, esperando que minha desculpa fosse o
suficiente para ele deixar isso passar...
Um toque alto interrompeu meus pensamentos, e eu quase
joguei o celular na parede de susto.
Mei: Anna?
Anna: Jesus! O que aconteceu? Seu telefone ficou
desligado por dois dias. Nós quase chamamos a polícia!
Mei: Eu dormi demais, desculpe...
Anna: Eu...Eu simplesmente não sei o que dizer...
Mei: Aconteceu alguma coisa?
Anna: A HSB ligou ontem. Eles querem que você produza o
piloto para um show internacional de aventuras em ambientes fechados!
Mei: HBS? Aquela que supera as audiências da TV nos
Estados Unidos por 50 anos seguidos?
Eu senti como se eu tivesse acabado de ganhar um prêmio
acumulado na loteria!
Mei: O que eles disseram? Eles realmente pediram por mim
especificamente? Por que eu?
Anna: Por que eles gostaram do seu trabalho, é claro! O representante
deles virá essa tarde, então você tem que estar aqui!
Mei: Eu já estou indo!
Eu estava flutuando nas nuvens depois de desligar o
telefone.
Tenho que vestir algo profissional. O destino da
companhia depende disso!
♕ Parte 2
Eu coloquei uma roupa mais formal para a reunião, e então
o telefone tocou de novo. Era o Gavin.
Gavin? De repente eu lembrei das ligações que nunca chegaram
até ele.
Mei: Alô?
Gavin: Você está acordada agora?
Mei: Sim. Hey, como você sabe?
Gavin: Se arrume e desça. Eu vou te levar para o
trabalho.
Ele desligou.
Ele está lá embaixo?
Eu peguei minha bolsa e desci correndo. A primeira coisa
que eu vi foi o Gavin encostado em sua moto.
Como sempre, ele estava com uma mão no bolso, a luz do
sol estava o deixando mais estiloso que o normal.
A frieza em seus olhos desapareceu, sendo substituída por
felicidade quando ele me viu aparecer.
Gavin: Está pronta?
Mei: Sim.
Gavin: De bom humor?
Mei: Está muito óbvio?
Gavin: Você está com um sorriso de orelha a orelha esse
tempo todo.
Mei: Sim, nós acabamos de conseguir um acordo enorme, e
eu quase pensei que estivesse sonhando!
Eu estava tagarelando animada enquanto ele ouvia
silenciosamente, com uma expressão gentil e amável em seu rosto.
Então eu percebi que estava falando por muito tempo e
parei, envergonhada.
Mei: Eu falei demais?
Gavin: Eu não achei.
Gavin: Eu só estava pensando, você não parece mais ter
medo de mim.
Mei: Bem, é, aquele mal entendido já foi esclarecido.
Gavin: Fique a vontade pra falar comigo o quanto você
quiser.
Mei: ...Oh sim, por que você está aqui?
Gavin: Eu estive aqui noite passada também.
Mei: Ah?
Gavin: Você não atendeu, então eu passei para ver como
você estava.
Mei: Isso significa...que você viu...
Gavin: Eu vi você dormindo no sofá, então fui embora.
Mei: Oh...
Isso me perturbou um pouquinho.
Mei: Eu estava cansada por causa do trabalho, mas não
pensei que fosse dormir um dia inteiro.
Mei: Obrigada por vir me ver.
Gavin: Por que você não me contou que esteve no hospital?
Mei: Aquilo foi só um pequeno episódio. Eu fiquei bem
depois de tomar a medicação intravenosa.
Ele franziu a testa e tirou sua jaqueta em um movimento
rápido.
Gavin: Coloque isso.
Mei: Está tudo bem. Eu não estou com frio.
Ele me ignorou e colocou a jaqueta em mim mesmo assim.
Ainda tinha um perfume distintamente limpo.
Então seus longos dedos cuidadosamente fecharam o zíper.
Mei: Hmm, obrigada...
Gavin: Vamos para seu escritório.
Eu peguei o capacete que ele me entregou e percebi que
era novo, com uma cor mais clara.
Gavin: Prende ele.
Eu me embaralhei para colocar o capacete e subi na moto.
Então ele moveu minhas mãos e as colocou ao redor da cintura dele.
Gavin: Segura firme.
Ele sorriu e acelerou a moto, mas estava bem mais devagar
do que a velocidade alucinante que ele estava acostumado.
Me apoiando em suas costas, eu sentia o vento passando
por mim e meu coração acelerado.
Nós chegamos rápido ao escritório. Eu tirei a jaqueta e a
devolvi para ele.
Mei: Obrigada...
Ele a vestiu e olhou intensamente para mim.
Gavin: Eu não tinha visto suas mensagens até ontem. O que
é tão urgente?
Isso me lembrou da noite da tempestade.
Mei: Lembra que você me disse que o criminoso por trás do
meu seqüestro era alguém chamado "Black Swan"?
Gavin: Sim.
Ele franziu a testa e ficou tenso.
Gavin: Você sabe de alguma coisa?
Mei: Na verdade, eu vi esse nome em um lugar, com a
mensagem:
Mei: "Nós viemos do futuro, com a única missão de
acelerar a evolução humana."
Mei: "Nós possuímos Evol. Nós criamos todos. Ninguém
pode nos parar, pois possuímos o mundo em nossas mãos."
Mei: "A Rainha logo irá despertar. Estamos ansiosos
para marchar juntos em um novo mundo."
Enquanto eu falava, Gavin manteve seus olhos em mim e
ficou ainda mais tenso.
Mei: Esse é o mesmo Evol que nós temos, certo?
Mei: A garota seqüestrada tinha Evol. Isso significa que
a Black Swan está por trás disso também?
Mei: E por que eles estão atrás de mim? E quem, ou o quê,
é a Rainha?
Gavin não me respondeu, e seus olhos estavam cheios de
preocupação.
Gavin: Onde você viu tudo isso?
Eu dei a ele a localização do encontro de hackers.
Mei: Há um quarto secreto debaixo desse local. Foi onde
eu vi a mensagem.
Gavin: Okay, entendi.
Mei: O que eu posso fazer...
Gavin: Não se preocupe com isso. Apenas se mantenha em
segurança. Deixe o resto comigo.
Gavin: Eu descobri muitas pistas, mas isso que você
acabou de me dizer vai ajudar muito.
Ele falou com a mesma velha determinação. Eu concordei
afirmativamente.
Mei: Farei questão de me cuidar bem, mas você se cuida
também.
Toda vez que eu o vejo, eu sempre me preocupo com a
segurança dele.
Gavin: Claro.
Gavin: Eu tenho que ir. Lembre-se: se cuida.
Ele subiu na moto e acelerou.
♕ Parte 3
Eu o olhei ir embora e então entrei no escritório.
Eu olhei meu celular. Nada do Victor. Ou ele está muito
ocupado, ou está muito bravo...
Eu decidi mandar outra mensagem para ele, já que a
primeira foi enviada cedo demais.
Estou livre hoje a tarde para fazer um relatório simulado.
Você tem tempo? (*^▽^*)
Enviado.
Meus funcionários e eu recebemos a representante da HBS
ao meio-dia.
Ela era uma mulher competente, na casa dos trinta, e foi direto
ao assunto sem conversar muito.
Gestora: Senhorita Mei, eu vi o maravilhoso documentário
que você fez sobre o Key.
Gestora: Depois de uma extensa pesquisa de mercado, nós
acreditamos que a Companhia Lu Uesugi pode ser uma parceria valiosa em nossos
projetos.
Não havia palavras para descrever minha euforia nesse
momento.
Mei: Obrigada. Estou muito agradecida e honrada por ouvir
isso!
Eu senti meu celular vibrar. Será que Victor me
respondeu?
Eu peguei meu telefone secretamente, o coloquei na minha
perna, e dei uma espiadinha.
"Quer saber o quanto você é compatível com aquele
alguém especial? Envie o nome de vocês para 9855138 agora!"
Que diabos é isso?!
Anna: Psst, presta atenção, Mei.
Eu voltei minha atenção para a reunião e silenciei o
celular.
Mei: Desculpe.
Gestora: Não tem problema. Como eu estava dizendo, você
provavelmente está ciente que antes de iniciarmos a parceria, nós da HBS temos
uma exigência.
Gestora: Nós queremos que você coloque em confinamento um
certo convidado para o primeiro episódio.
Colocar o convidado em confinamento? Um grande nome como
a HBS está pedindo para nós fazermos isso?
É por que eles estão muito ocupados para fazer isso por
conta própria? Ou eles querem nos testar?
Bem, isso provavelmente será irrelevante, já que muitas
celebridades clamariam por estar em um programa da HBS de qualquer maneira!
Mei: Sem problemas. Nós cuidamos disso.
Gestora: Ótimo! Essa é pessoa que nós queremos como
convidado no episódio de estréia...
Meu sorriso desapareceu quando eu peguei o documento da
mão dela e vi quem eles tinham em mente.
Alguém pode me dizer o porque eles iriam querer uma
pessoa tão fria, arrogante e antipática para o show?
Um sádico provavelmente era quem estava responsável pelo
projeto.
Gestora: O nome dele é Victor, CEO da LFG. Eu acredito
que você já ouviu falar dele não é, Mei?
Mei: Por que ele para um reality show de aventura interno,
e não um artista ou atleta?
Gestora: De acordo com nossas pesquisas, ele é a melhor
opção.
Victor? A melhor opção? A pesquisa foi feita por um dos
meus concorrentes?
Não pode ser! Eu olhei para o rosto fechado na foto,
pensei em como eu não apareci para a nossa reunião, e me afundei em desespero.
Gestora: Eu entendo suas preocupações, vendo como ele
nunca apareceu em nenhum outro show, mas eu acho que você consegue. E eu ouvi
que sua empresa é apoiada pela LFG.
Isso me deu um brilho de esperança. Talvez ele aceite
porque ele investe em nós.
Mei: Sim! Eu definitivamente vou levá-lo.
Prometa primeiro, pergunte depois. Eu não ia deixar essa
oportunidade de ouro escapar!
Anna e eu mostramos à ela o escritório, mas tudo o que eu
conseguia pensar era sobre o que o Victor iria dizer.
Depois de tudo, nós nos despedimos dela.
Anna: Por que você estava tão distraída? Você está bem?
Mei: Com licença! Por favor espere só um segundo!
Todos olharam para mim confusos quando eu fui até a
representante e a impedi de ir embora.
Mei: Me perdoe por ter mentido para você.
Mei: Eu disse que definitivamente levaria o Victor no
show, só porque eu não queria deixar essa oportunidade escapar.
Mei: Eu não pensei nas conseqüências para nós e para você
também, caso eu falhe.
Mei: Eu represento a Companhia e eu não posso permitir
que percamos credibilidade.
Mei: Mas eu não quero perder essa oportunidade porque
ainda acredito que somos a melhor escolha.
Mei: Portanto, por favor me dê uma chance para eu fazer o
meu melhor!
Me senti bem colocando a verdade para fora. A
representante olhou para mim por um minuto e sorriu.
Gestora: Okay, nós te daremos 3 dias.
Mei: Muito obrigada!
Enquanto eu a via ir embora, eu me senti motivada e cheia
de energia.
Mas eu não percebi que uma figura familiar estava parada
em um canto, observando o tempo todo. Ele saiu logo depois, com o celular em
mãos.
♕ Parte 4
Eu voltei para o escritório e recebi uma salva de palmas.
Ali estavam Anna e Willow, sorrindo para mim, e Kiki
praticamente dando piruetas.
Kiki: Você é incrível, chefe!
Mei: Bem, minhas mãos ainda estão tremendo.
Willow: Isso com certeza não te impediu de dar um ótimo
discurso, no entanto.
Kiki: Então, esse senhor Victor é realmente tão difícil
de conseguir?
Willow: Quase impossível. Tudo o que ele já concedeu
foram poucas entrevistas rápidas.
Kiki: Mas a companhia dele, a LFG, não está nos
financiando? Isso deveria contar para alguma coisa.
Mei: Se eu aceitasse todos os pedidos estúpidos que recebesse,
então como eu seria diferente de você?
Kiki: (Assustada) Chefe, eu...
Eu suspirei.
Mei: Não, isso é o que eu penso que o Victor diria. Além
do mais, eu não apareci na nossa reunião.
Willow: Como assim?
Mei: Eu agendei um relatório simulado com ele, mas dormi
demais...
Anna: Oh, isso. Eu adiei para você.
Mei: Oh?
Anna: É, o assistente dele ligou, e eu adiei.
Mei: Então isso significa que eu não dei o cano nele!
Mei: Ele disse mais alguma coisa?
Anna: Ele disse "entendi" e desligou.
Depois da revelação da Anna, eu não estava mais me
sentindo desesperançosa como antes.
Eu tenho 3 dias para fazer um milagre acontecer.
Eu peguei o telefone para ligar para o Victor.
E percebi que tinha uma chamada dele não atendida, com
uma nova mensagem também.
Droga! Eu perdi de novo!
Eu respirei fundo e li a mensagem.
Mensagem: Então é isso o que você quis dizer quando falou
que estaria livre?
É, essa cordialidade era sua marca registrada. Eu me
preparei e liguei pra ele.
Victor: Que?
Mei: Desculpa!
Mei: Eu dormi demais ontem, e eu acabei de sair de uma
reunião importante...
Victor: É isso?
Mei: É -- tem alguma coisa que eu estou esquecendo?
Victor: Se eu exigisse desculpas por cada erro estúpido
que alguém cometesse, então como eu seria diferente de você?
Mei: Uh...
Eu sabia que ele ia dizer algo desse tipo...
Victor: Estou desligando se não tem nada a mais.
Mei: Espera! Eu tenho algo a mais!
Victor: Fale.
Mei: Eu gostaria de conversar com você sobre uma coisa
muito importante.
O outro lado da linha ficou em silêncio por vários
segundos enquanto eu ouvia uma porta se abrindo e o som de passos.
Victor voltou ao telefone.
Victor: Esteja na LFG às 4h da tarde.
Victor: E também, o relatório foi adiado para daqui uma
semana.
Mei: Hã? P-Por que?
Graças a deus ele falou sobre isso antes que eu pudesse,
mas por que eu tinha um mau pressentimento sobre isso?
Victor: Eu vou estar muito ocupado.
Mei: Okay, eu não vou me esquecer dessa vez. Eu prometo!
Eu desliguei e comecei a trabalhar no reality show.
Mei: Isso foi uma surpresa. Victor estava fácil para
conversar hoje.
Enquanto isso, o cara que "estava fácil para
conversar" soltou um espirro.
Goldman bateu na porta do escritório.
Victor: Entre.
Victor: Me fale a agenda dessa tarde.
Goldman: Você tem consulta ao relatório financeiro às 3,
e então uma reunião com o Sr. Charles da 'Dyson Tech' às 5.
Victor: Cancela a reunião das 5.
Goldman: Entendi. E aqui está a informação sobre a HBS
que você pediu.
Goldman: Isso inclui o que acabou de acontecer na 'Lu
Uesugi Company' também.
Victor pegou os arquivos e começou a folhear.
Goldman: Você acha que nós devemos...
Os olhos do Victor brilharam um pouco quando ele fechou a
pasta.
Victor: Não. É a dificuldade certa para ela.
Goldman: Okay. Então vou sair agora.
Victor abriu uma caixa preta lacrada e tirou um pen drive
prata de dentro.
Ele o inseriu no computador e digitou uma senha para
abrir um arquivo.
"O Instituto de pesquisas do Lucien começou
experimentos confidenciais de estimulação Evol..."
Os olhos do Victor se estreitaram.
♕ Parte 5
Eu juntei todos meus arquivos e corri para a LFG em
tempo.
Eu respirei fundo e bati na porta do escritório do CEO.
Victor: Entre.
Victor estava digitando rapidamente no teclado de seu
computador, em sua mesa. A luz do sol passava através da janela.
Como sempre, ele estava de terno e gravata, parecendo
super inteligente. Faz um mês desde que o vi da última vez, mas ele não mudou
nada.
Ele me viu e parou de digitar.
Mei: Estou aqui, senhor.
Eu me senti meio envergonhada com essa frase inicial.
Victor: Parece que você esteve dormindo bem nas duas
últimas noites.
Mei: Ah?
Victor: Você não parece nada com alguém que esteve doente
no hospital.
Como ele sabe?
Mei: Como você descobriu?
Victor: Como eu não saberia?
Victor: Faz um mês e você ainda é devagar como sempre.
É, diferente de você, que ficou mais sarcástico durante o mesmo período de
tempo, pelo o que vejo.
Victor: Está bem, para que você queria me ver?
Mei: Eu, hmm..
Eu tinha ensaiado diferentes discursos pelo caminho, mas mesmo
assim minha língua ficou presa na frente dele.
Mei: Bem, minha empresa está fazendo parceria com a HBS
em um reality show com transmissão simultânea global...
Mei: Nós esperamos ter você como convidado para o
episódio de estréia.
Ele franziu a testa um pouquinho.
Victor: Parabéns, mas eu não estou interessado.
Apesar de eu já ter imaginado que ele diria isso, meu
coração afundou mesmo assim.
Mei: A HBS é renomada internacionalmente pela qualidade
de suas produções, então você estará nas melhores mãos.
Mei: E o show será transmitido no mundo todo, o que eu
acredito que será benéfico para a LFG.
Victor: Ouça. Eu não tenho interesse em desperdiçar o meu
tempo para a diversão dos outros.
Sua atitude casual e de desprezo fez eu fechar meus
punhos.
Victor: Nada para dizer?
Mei: Eu sei que você nunca esteve na TV e não tem
interesse em fazer isso. Eu sabia disso antes de eu vir.
Mei: Mas eu vou te convencer.
Victor ergueu levemente as sobrancelhas, surpreso.
Victor: E qual é a razão para tanta confiança?
Mei: Porque você me prometeu.
Victor: É mesmo?
Mei: Quando eu estive aqui a primeira vez para um relatório,
você prometeu vir ao meu show.
Eu falei alto e claro, mas por dentro eu ainda estava
muito nervosa.
Victor parou e então gradualmente sorriu.
Ele, sorrindo? Eu estou vendo coisas?
Victor: Muito bem, você me convenceu.
Isso foi um "sim"? Meus olhos se arregalaram em
descrença.
Mei: Ótimo! Obrigada...
Victor: Não, o que eu quis dizer foi, que você me
convenceu a negociar com você.
Mei: Que? Mas você prometeu...
Victor: Se eu fosse você, eu aproveitaria a abertura para
persuadir a outra parte.
Ele olhou para mim com firmeza. Eu comecei a pensar que o
sorriso que eu vi era realmente uma alucinação.
Mei: Okay...eu entendo.
Mei: Mas eu vou fazer você dizer "sim"!
Eu levantei meu queixo para olhar diretamente nos olhos
dele e vi um traço de travessura.
Victor: Parece que eu me enganei.
Mei: Sobre o que?
Victor: Você mudou.
Okay, o que foi essa frase agora?
Victor: Estou ocupado, então eu vou deixar você traçar o
seu plano de ataque.
Depois de uma pausa, ele acrescentou.
Victor: Não me decepcione.
♕ Parte 6
Era início da noite quando saí. Parecia que eu aprendia
alguma coisa toda vez que eu visitava a LFG.
Victor tinha a língua afiada como sempre, mas eu senti
que dessa vez ele realmente me ofereceu um desafio.
Mei: E eu vou fazer ele perceber que ir ao show é a
melhor decisão que ele poderia ter!
Hmm, por que isso soou quase como algo que ele diria?
Eu cheguei em casa sentindo uma mistura de confiança,
determinação, nervosismo e esperança.
Tomar uma decisão é uma coisa, mas executá-la é
outra...Então o que foi que eu fiz para convencer convidados difíceis antes?
De repente eu me lembrei do que Victor disse.
<Lembrança>
Victor: Você me convenceu a negociar com você.
<Fim da Lembrança>
É isso! Demanda! Para capitalistas como ele, o lucro e a
demanda superam qualquer realização superficial como a fama.
Com isso estabelecido, eu comecei a trabalhar no
relatório anual para a LFG.
Recortes de notícias cobriam a mesa e eu enchi tanto o
envelope de documentos a ponto de estourar.
Eu me espreguicei e admirei meu trabalho manual: Tendências
de lucros e participação de mercado da LFG nos últimos anos, e uma análise de
benefícios da HBS.
Mesmo assim, eu sentia que faltava alguma coisa. Eu
vasculhei meu cérebro enquanto espiava o rosto arrogante do Victor na capa de
uma revista.
Mei: É a mesma arrogância em todas as fotos, como se ele
nunca tivesse falhado antes...
Falhado? Sim, essa é chave!
Se eu incluir as falhas passadas da LFG no mundo do
entretenimento, isso deve tornar o caso mais forte!
Eu estava impressionada com minha própria genialidade.
Acho que foi isso que o Victor quis dizer quando falou que eu mudei!
E então eu percebi que já era tarde do dia seguinte.
Eu fui para a LFG e acidentalmente esbarrei em alguém
enquanto corria para dentro do prédio.
Goldman: Hey, olha pra onde está indo, Mei! Você está
sempre com pressa quando vem aqui!
Mei: Desculpa, Goldman. O Victor está no escritório?
Goldman: Ele saiu, na verdade.
Mei: Você sabe onde ele foi e quando ele volta?
Goldman: Desculpa, eu não sei. Ele não me falou nada
dessa vez.
Eu estava impaciente e não podia me dar ao luxo de
esperar por ele.
Mei: Por favor, me avise assim que ele voltar!
Eu não podia perder tempo desse jeito. Eu corri de volta
para meu escritório e liguei para o Victor.
"A parte que você está tentando alcançar está
indisponível. Por favor aguarde e..."
Eu não consegui entrar em contato com ele após várias
tentativas. Um grande desvio do seu usual 'atendo-no-primeiro-toque'.
A exaustão de passar a noite em claro finalmente me
atingiu, e eu dormi na minha mesa.
Estava escurecendo quando acordei.
Mei: Por quanto tempo eu dormi?
Eu olhei a hora. Já se passava das 5, e ainda nenhuma
mensagem no meu celular.
Onde Victor pode estar? Então eu percebi que havia
associado ele somente à LFG e nada mais.
De repente eu tive uma revelação.
Ele não estaria lá, estaria?
Quando dei por mim, eu estava na frente do Souvenir.
Mei: Eu não me lembro do Victor alguma vez me dizer que
ele é dono desse lugar.
Mei: E eu não faço idéia como eu vim parar nesse lugar obscuro
ou se pelo menos ele está aberto...
A porta se abriu enquanto eu resmungava sozinha.
Sr. Mills: Oh, é você, Senhorita Mei!
Mei: Sr. Mills?
Sr. Mills: Você ainda se lembra de mim! Eu estava prestes
a abrir o restaurante. Entre, por favor!
Que sorte! Eu segui o Sr. Mills para dentro do Souvenir.
Sr. Mills: Você está aqui para uma refeição, Srta. Mei?
Pode levar algum tempo já que eu preciso buscar alguns ingredientes.
Mei: Não, está tudo bem. Eu só estou feliz por ver que
vocês estão abertos.
Mei: Mas...bem...o dono está?
Sr. Mills: Não, ele não está. Estou sozinho aqui,
desculpe.
Mei: Oh, bem...
Então Victor não estava aqui. Provavelmente esse é um caso
freqüente, ocupado como ele está.
Mesmo assim, eu não conseguia pôr na cabeça o fato do CEO
da LFG ser também o dono do Souvenir.
Eu ri quando imaginei Victor em um avental branco de
cozinha.
Sr. Mills: Okay, então você está dizendo que ela come
qualquer coisa? Entendi. Não ter frescura para comer é de fato uma boa
qualidade para se ter.
Um Sr. Mills arrependido saiu da cozinha com o celular na
mão.
Sr. Mills: Eu tenho que buscar alguns ingredientes. Você
se importa de cuidar do local enquanto isso, Srta. Mei?
Mei: Claro que
cuido. Ficarei quietinha e não vou andar por aí.
Eu concordei.
Sr. Mills: Isso não é necessário. Por favor, sinta-se em
casa. Eu confio em você, Srta. Mei.
Sr. Mills virou a sinalização da porta para
"Fechado" e saiu.
♕ Parte 7
Eu estava sozinha no local.
Lembrando de como ele me pediu para limpar da última vez,
eu estremeci enquanto entrava na cozinha.
Estava limpa, arrumada e impecável. Ao lado do fogão
havia uma fileira de pequenas tigelinhas amarelas.
Mei: Victor com certeza tem um gosto único...
Os utensílios da cozinha pareciam tão diferentes do seu
jeito severo.
Mei: É mais fácil imaginar ser atingida por um raio do
que ver ele pilotando um fogão.
Victor: E como você imagina que é ser atingida por raio?
Eu me virei e vi o Victor parado na porta dos fundos, me
olhando como se fosse abrir um buraco através de mim.
Mei: Como você entrou aqui?
Victor: Com uma chave.
Ele tinha aquele olhar "como você pode ser tão burra?"
em seu rosto.
Eu fiquei vermelha.
Mei: Há quanto tempo você está aqui?
Victor: Não muito.
Eu rezei para que ele não tivesse ouvido tudo o que
disse, ou então eu poderia dar adeus não só ao show da HBS, como ao nosso
financiamento também.
Victor: Quando você estava insinuando que os utensílios
de cozinha não combinavam com a minha personalidade.
Lu: hauhauaha morri! (*≧▽≦)ノシ))
Uh-oh, agora estou ferrada...
Mei: ...Eu ainda tenho tempo para voltar atrás no que eu
disse?...
Victor: Que?
Mei: Uh, nada. Eu só quis dizer que eles parecem ser
ótimos e você tem um bom gosto.
Victor: Eu não preciso que você me elogie pelo meu gosto.
Ele se virou de lado, e eu pensei ter visto seus lábios
se curvarem, e seu tom de voz se suavizado consideravelmente.
Mei: Mas você está sorrindo...
Victor: Sorrindo? Você viu errado.
Mei: Hmph, você sempre diz que eu estou vendo as coisas
errado...
Sr. Mills: Você está aqui, senhor!
Victor confirmou. Sr. Mills esvaziou a sacola de compras na mesa de preparação.
Sr. Mills: Vamos lá pra frente, Srta. Mei.
Eu concordei e me virei para ver o Victor arregaçando
suas mangas, elevando-se sobre a mesa.
Seus longos dedos descansavam em cima da mesa. Tudo foi
perfeitamente arrumado. Era raro para mim ver o Victor desse jeito.
Ele parecia...muito bem.
Victor: O que você está olhando?
Ele olhou para mim.
Mei: Hm, não você. Eu, ahn, estava checando para ver o
que vai ter no jantar.
Eu corri pra fora da cozinha atrás do Sr. Mills, perdendo
outro sorriso que surgia no rosto do Victor.
Depois de pensar um pouco, Victor pegou seu celular.
Victor: Goldman, leve o arquivo de ontem do Kerry para
esse endereço...
Victor: E também, traga a sacola de papel que está na
gaveta direita da minha mesa.
Ao guardar o celular, seus olhos encontraram um dossiê ao
lado do fogão. Nele se lia: "Operação Persuasão".
Ele o pegou e folheou por entre as páginas.
Victor: Buracos em todo lugar...
Nem mesmo ele havia percebido que estava sorrindo quando
disse aquilo.
♕ Parte 8
Enquanto eu esperava a comida chegar, eu conversava com o
Sr. Mills.
Mei: Wow! Como eu sou sortuda por vir aqui no dia que
está aberto!
Sr. Mills: Você com certeza é, e hoje é a primeira vez
que trabalho esse mês.
Mei: Ah?
Sr. Mills: Sr. Victor tem estado muito ocupado, então hoje
é o primeiro dia que ele abre esse mês.
Eu estava chocada com a minha sorte, e também em como o
Victor deixou o seu restaurante ficar o mês inteiro sem abrir.
Sr. Mills: Na verdade, eu pesquisei novos pratos durante
nosso recesso, mesmo que ele não tenha solicitado. Por isso eu não planejo sair
daqui quando der os meus 3 anos.
Mei: Então você ainda quer trabalhar aqui mesmo depois
disso?
Sr. Mills: Sim. Isso não é só um emprego mas também uma
parte de mim agora.
Mei: Você não acha que o Victor é, você sabe, inacessível
às vezes?
Sr. Mills:
Verdade? Srta. Mei, você é muito engraçada.
Ou eu estava imaginando coisas, ou eu ouvi um
"Hmph!" vindo da cozinha.
Em pouco tempo, os pratos foram servidos.
Bife suculento, foie gras que derrete na boca e outras
delícias que quase fizeram eu esquecer por que eu vim.
Mei: Onde está meu dossiê? Eu deixei ele na cozinha?
Eu procurei por todo lugar e não encontrei.
Sr. Mills: Você está procurando por isso, Srta. Mei?
Eu o peguei da mão dele e sorri agradecida.
Sr. Mills: O Sr. Victor me pediu para devolvê-lo para
você.
Mei: Victor? Ele leu?
Sr. Mills: Ele não disse. Oh, e aqui está sua conta de
hoje.
Espero que não seja limpar a cozinha de novo...Não, era
responder as avaliações online sobre o Souvenir!
Já era 19h da noite. Eu imaginei que seria umas 22h
quando eu terminasse de responder tudo.
Eu me sentei e comecei. Tinha 99% de avaliações ruins,
uma só com 5 estrelas -- do Key.
É, Kiro era o único fã obstinado desse lugar.
Apesar do serviço ruim e do sistema de contas caprichoso,
eu tenho que admitir que o lugar serve uma comida deliciosa!
Enquanto eu respondia, eu tinha um sentimento de orgulho
por defender meu restaurante favorito, mas por que ele estava me obrigando a
fazer isso?
Eu finalmente terminei de responder e vi que a luz da
cozinha ainda estava acesa. Eu não sabia o que fazer depois.
Victor provavelmente leu tudo.
Mas se ele leu, por que ele pediu para o Sr. Mills
devolver?
Victor: Por que você está sentada aí como uma imbecil?
Ele estava bem na minha frente, seu rosto fino suavizado
pela luz fraca.
Mei: Eu acabei de responder todas as avaliações.
Mei: Posso perguntar por que eu fui encarregada de fazer
isso?
Victor: Quem mais você esperava fazer isso, eu?
Ainda o tom arrogante.
Mei: Eu tenho um palpite que é porque você se recusa a
desperdiçar seu tempo em algo tão banal.
Mei: Então você decidiu desperdiçar o meu.
Eu estava ficando irritada. Ele olhou para mim friamente,
mas parecia estar de bom humor.
Victor: Veja a hora.
Eu peguei o celular e vi que ainda era 19:30!
Por que você está parando o tempo?
Victor: Você é melhor que eu nesse tipo de coisa.
Isso fez eu me lembrar de quando eu mencionei que havia
comentado no fórum da LFG. Mas ele não superou isso?
Mei: Então...Você leu o arquivo?
Eu olhei para ele, querendo a verdade.
Victor: Eu li.
Mei: E?
Meu coração estava quase saindo pela boca.
♕ Parte 9
Eu examinei a expressão dele procurando por pistas que
nunca vieram.
Victor: Mais ou menos. Uma infinidade de dados errôneos,
com suposições incorretas sobre o mercado.
Mas eu passei um tempão fazendo isso!
Victor: No entanto, estou dizendo "sim".
Que? Eu devo estar sonhando!
Mei: O que você disse?
Victor: Se você não ouviu, então esqueça.
Eu o segurei antes que ele pudesse fugir.
Mei: Espera um minuto!
Eu o soltei e fiquei na frente dele.
Mei: Eu ouvi, eu ouvi sim! Obrigada!
Ele ainda estava com cara de paisagem.
Victor: Pessoas "inacessíveis" não precisam de
agradecimentos.
Esse cara...ele nunca deixa passar nada.
Mei: O que te fez dizer "sim"?
Mei: Honestamente, mesmo se eu continuasse insistindo, eu
não achei que seria possível...
Victor: Você fala demais.
Ele simplesmente me cortou.
Victor: Em todo o caso, estou dizendo "sim", e
é isso.
Mei: Obrigada! Não, espera...
Victor: O que é agora?
Mei: Isso é um "Sim, eu vou no show", sem
nenhuma condição, certo?
Ele ergueu uma sobrancelha.
Victor: Você está dizendo que quer que eu assine em
alguma linha pontilhada?
Mei: Eu só estou com medo de que haja alguma pegadinha...
Victor: ...Idiota.
Victor: Minha palavra é mais coerciva do que qualquer
contrato de papel.
Mesmo dizendo em voz baixa, achei mais agradável do que
qualquer coisa que ele já havia dito.
♕ Parte 10
Do lado de fora da janela, era uma noite escura e quieta.
Victor foi até a porta e se virou.
Victor: Você vai passar a noite aqui?
Mei: Hã? Ah, não, claro que não.
Victor: Vamos. Eu vou te dar uma carona.
Eu segui ele para fora, e ele abriu a porta do carro para
mim.
Mei: ...Obrigada.
Eu entrei no carro enquanto o Victor soltava o freio de
mão e pisava no acelerador.
Eu não conseguia parar de reproduzir a cena em que ele
disse "sim" durante todo o caminho de volta.
Ele concordou! O contrato da HBS é meu!
Minha risadinha estava totalmente refletida no vidro do
passageiro.
Victor: Guarde isso pra quando você chegar em casa. Eu
não quero que ninguém pense que estou carregando uma lunática no carro.
Mei: Eu não sou uma lunática, eu só estou empolgada por
ter feito o que eu disse que iria fazer!
Mei: (Sussurrando) Diferente de você, fingindo que não
sorriu quando na verdade sorriu sim.
Victor: Você está bem atrevida essa noite.
Mei: Nã nã não, não é atrevimento. É a verdade.
Victor: Alguma outra verdade pra sair então?
Mei: Posso te perguntar uma coisa primeiro? Nesse momento
você é o CEO da LFG ou o dono do Souvenir?
Victor: Tem alguma diferença?
Mei: Claro.
Mei: Quando você é o CEO, fico com medo de conversar
sobre coisas não relacionadas ao trabalho. Diferente de quando você não é.
Mei: Então se você sorrir mais vezes, eu serei mais
atrevida.
Lu: Eita...( ͡° ͜ʖ ͡°)
Victor: Vai sonhando.
Victor olhou para a garota ao lado dele e começou a
mostrar sinais de um leve sorriso.
De repente eu senti uma paz e quietude que eu não tinha
vicenciado em muito tempo.
Eu me virei e olhei para o rosto sombrio do Victor.
Eu estava surpresa em descobrir que seu semblante sob a
luz da lua era tudo, menos inacessível.
Victor: Você realmente gosta de olhar meu rosto?
Ele se virou e franziu a testa.
...Ele fica bem melhor de boca fechada no entanto...
Victor: O que você está pensando?
Eu não sei o porque, mas eu soltei exatamente o que eu
estava pensando.
Mei: Estou pensando que você fica mais bonito quando está
quieto...
Mei: Oh! Esquece isso! Eu não disse nada. Finja que você
não ouviu isso!
Ele me lançou um olhar severo que dizia alto e claro:
cala a boca.
Eu fiz exatamente isso e me afundei no banco.
Tudo ficou quieto, e o mais engraçado era que, eu não me
sentia constrangida, mas sim tranquilamente confiante.
Quando chegamos ao meu prédio, eu respeitosamente o
lembrei da gravação no estúdio daqui dois dias.
Victor: Eu sei.
Victor: Aqui. É só uma compra inútil por impulso. Pegue.
Ele me entregou uma sacola de papel.
Mei: Isso é pra mim?
Victor: É, pode ficar com ele.
Mei: Obrigada! Mas o que quer dizer com inútil?
Eu abri a caixinha dentro da sacola e vi um camelo de
ouro em miniatura.
Victor: Eu comprei no aeroporto.
Eu lembrei que tinha pedido pra ele comprar um camelo de
madeira pra mim, especialidade local, antes de ele viajar para Dubai.
Mei: Não posso. Isso é ouro e é muito caro. Você deveria
ficar com ele.
Victor: É só banhado a ouro.
Victor: Além do mais, o que eu vou fazer com isso? Não
tenho interesse nele.
Victor: Você precisa que eu forneça serviços pós-venda
também?
O rosto dele estava ficando azedo.
Nunca vi alguém ficar bravo ao dar um presente.
Mei: Bem, okay, eu aceito. Obrigada. Gostei muito dele!
Eu coloquei o camelo de volta na caixinha cuidadosamente
e sorri para ele.
Seu humor melhorou depois de eu ter a sacola de papel em
mãos.
Victor: Okay, estou indo agora.
De repente, depois de andar só alguns passos, ele se
virou.
Victor: Tenho 28 anos, só 6 anos mais velho que você. Não
me chame de "senhor" em suas mensagens.
Dito isso, ele foi embora.
Eu observei ele ir, espantada e sem palavras. Seu cabelo
escuro brilhava sob as estrelas.
Victor chegou em casa, se jogou no sofá e olhou os
comentários sobre o Souvenir.
Seu celular logo mostrou uma mensagem da garota.
Mei: Eu amei o presente. Obrigada,
Senhor-de-28-anos-Victor.
Victor: ...Idiota.
Havia um indício de felicidade em sua voz.
Ele se sentiu meio estranho ao se ver sorrindo no reflexo
da tela do celular.
Essa expressão realmente parecia estranha para ele.
O velho rosto de pedra voltou rapidamente enquanto ele
fazia uma ligação.
Victor: Cancele tudo na minha agenda depois de amanhã,
Goldman.
Depois de desligar ele pegou um arquivo da mesa. Nele havia
a foto de uma garota desconhecida.
Ele se lembrou de ter ido à agência de detetives essa
tarde conforme instruído, mas era a pessoa errada.
Victor: Será que algum dia vou encontrá-la?
Ele se inclinou para trás. Seus olhos mostravam desesperança
e tristeza.
♕ Parte 11
Chegando ao estúdio no dia da gravação, eu estava
boquiaberta pelo set milionário!
Mei: Então é assim que um show internacional parece...
O exterior bastante banal escondia um set gigantesco do
tamanho de um prédio de quatro andares.
Eles não pouparam despesas nesse aqui. Eu até tive que
esperar por um assistente para me mostrar ao redor.
Assistente: Como está, Srta. Mei? Eu estarei te mostrando
o set hoje.
Assistente: Optamos por uma configuração interna
totalmente nova, portanto, como produtora, recomendamos que você experimente em
primeira mão.
Eu fiquei desnorteada. Tudo isso já não deveria ter sido
testado antes?
Assistente: Eu sou só o mensageiro, então por favor, Não
dificulte as coisas para mim, Srta. Mei.
Mei: Não é que eu esteja relutante, pois é bom conhecer
as nuances, mas...
Eu teria me vestido mais apropriadamente se eu soubesse.
Eu nem mesmo arrumei meu cabelo...
Bem, pelo menos a gravação vai acabar parando em nossa empresa
antes de sair para o público.
Eu concordei e segui ele.
Nós começamos a andar por um corredor longo e escuro, com
o assistente me fornecendo alguns comentários rápidos.
Assistente: Como pode ver, Srta. Mei, esse show terá pouquíssimo
roteiro.
Eu percebi que o corredor estava repleto de câmeras Go
Pro, uma inovação de produção da HBS.
Assistente: Estamos substituindo os operadores de câmeras
por Go Pros, para ter uma cobertura perfeita sem ninguém da produção
interferir. Agora, sobre o show...
Assistente: Este show tem muitos obstáculos e
quebra-cabeças complexos, com pessoas extras em preto tentando prendê-la.
Assistente: Existem 3 níveis: quarto
secreto, labirinto e fuga final. Okay, aqui vamos nós!
Mei: Que? Vamos aonde?
O assistente não me respondeu e ao invés disso me
empurrou gentilmente para passar por uma porta e a trancou atrás de mim.
Assistente: Divirta-se!
Mei: Hey! Pelo menos me diga o que tem aqui!
Nenhuma resposta quando bati na porta. Eu olhei meu
celular e não tinha nenhum sinal.
Eu olhei ao redor e descobri que estava presa em um lugar
minúsculo. Na verdade, parecia mais uma cela.
Eu estremeci com o pensamento de estar trancada em uma
cela de prisão.
Mei: Eles foram longe demais com o realismo...
Cimento sob meus pés, três paredes sem nada, a quarta tinha
uma porta com barras de ferro no alto.
Eu estava seriamente com medo...Eu nunca vi uma produção
atingir esse nível de bizarrice antes.
Mei: Eu me pergunto o que o Victor está fazendo agora...
Eu engasguei,
percebendo que não era apenas meu primeiro dia no comando, mas também o dia da
aparição do Victor como convidado solo!
Isso significa que o Victor pode estar por perto!
A imagem do Victor resolvendo vencer o nível surgiu em
minha mente.
Mei: Ai caramba, ele provavelmente vai se arrepender de
ter vindo se ficar trancado em um lugar como esse...
Mei: Victor? Você pode me ouvir, Victor?
Eu chamei o nome dele, esperando que ele fosse me ouvir e
responder.
Mas só havia meus ecos.
Mei: O assistente disse que o nível não era para ser
difícil. Talvez eu consiga sair e encontrá-lo.
Eu procurei o local todo por qualquer ferramenta ou meios
de escapar, mas estava vazio!
Eu me sentei no chão e olhei para a única porta ali.
Uma luz brilhava claramente através das barras de ferro, criando
um formato de caixa no chão.
Eu estava focada nos formatos de caixa no chão e parecia
ouvir o som de um piano tocando.
Havia um pensamento passando pela minha cabeça que eu
simplesmente não conseguia definir.
Por que esse lugar parece tão familiar?
Mei: Por que isso é tão assustador? Isso era pra ser uma
brincadeira divertida, não um show de horror!
Eu estremeci quando uma rajada de vento soprou por entre
as barras. Eu comecei sinalizar em pânico para a Go Pro no teto.
Mei: Alguém pode me ouvir? Que tal uma dica, por favor?
Isso é muito difícil pra mim...
Mei: Você está por aqui, Victor? Não me diga que você já
solucionou todos os níveis e escapou!
Mei: Venha me ajudar se você é tão esperto!
Victor: Então você percebeu que é uma imbecil.
É a voz do Victor!
Eu imediatamente me levantei.
♕ Parte 12
Ele está aqui! Será que ele ouviu meu apelo e veio me
ajudar?
Mei: É você Victor? Como você chegou aqui?
Victor: Eu teleportei aqui.
Ele parecia furioso.
Mei: (Rindo) Cala a boca. Você provavelmente estava
trancado em algum lugar por perto.
Victor: Você é imbecil?
Depois de um longo suspiro, ele falou de novo.
Victor: Parece que eu superestimei você.
Victor: Se afaste da porta.
Mei: Oh, okay!
Eu me afastei o mais longe que pude.
Um som alto de "CRASH!" e uma nuvem de poeira
depois, a porta caiu diante dos meus olhos.
Victor estava parado atrás da porta caída, furioso,
olhando para mim com olhos pretos e obscuros.
Mas para mim, ele parecia um anjo.
Mei: Você...
Eu mal conseguia falar.
Mei: Foi assim que você escapou?
Victor: O que mais? Esperar como uma tonta pela equipe de
produção vir te resgatar?
Victor: Por que você ainda está aí? Saia!
Eu corri e quase tropecei na porta.
Mei: Eu sabia que você era esperto o suficiente para
encontrar uma saída!
Victor: Como você pode estar tão feliz em um lugar como
esse?
Mei: Porque estou feliz em te ver!
Victor: ...Imbecil.
Mei: Sério, você não sabe o quão angelical você parecia
naquele momento!
Ele me olhou.
Victor: Você precisa trabalhar na sua retórica.
Eu fiz beicinho, maravilhada com o quão inconstante ele
poderia ser. E sempre pronto para me atacar e zombar de mim.
De repente eu percebi que o Victor estava me examinando
toda.
Victor: Como você se sujou tanto?
Ele limpou meus cabelos. Na verdade, sua linguagem
corporal fazia parecer que ele estava acariciando um cachorrinho perdido.
Mei: Você acha que isso conta como destruição de
propriedade?
Victor: Eu não estou preocupado.
Certo. Tenho certeza que eles tem reforços.
Victor: Não haverá outro episódio para esse show.
Mei: Hã?
Eu olhei para cima e encontrei o olhar frio do Victor.
Victor: Eu deveria estar louco para dizer
"sim".
Mei: Nem eu sabia os detalhes que eles planevaram...HBS
os manteve em segredo...
Mei: Mas você estava ótimo, derrubando a porta com um só
chute!
Isso pareceu acalmar ele um pouco.
Victor: Apenas me acompanhe.
Mei: Pode apostar que sim. Você acha que conseguiremos
sair?
Victor: 30 minutos é tudo o que eu preciso. Eu tenho
planos essa tarde.
Ele ergueu as sobrancelhas, olhando friamente para o
corredor diante de nós.
Mei: Uh...
Ele estendeu a mão para trás e me puxou, mas continuava
com o olhar fixo à frente.
Mei: Você...
Ele resmungou.
Victor: Você está tentando se perder e fazer eu
desperdiçar meu tempo procurando por você?
Essa era uma maneira estranha de dizer para uma pessoa que
você se importa com ela...
Mei: Não vou me perder. Eu posso te acompanhar.
Sua mão estava quente, mas só de pensar que as câmeras
estavam filmando nós dois de mãos dadas me fazia corar.
Victor: Seu rosto está bem vermelho.
Mei: Está?
Victor: Você está com febre?
Ele tocou minha testa com sua outra mão.
Victor: Não, sem febre.
Ele tirou a mão e conclui isso com naturalidade.
Mei: Estou bem. Talvez seja o ar abafado que está me
afetando.
Ele olhou para mim e continuou andando, só que mais
devagar dessa vez.
Mei: Eles te falaram que instalaram um monte de Go Pro
aqui?
Victor: E?
Mei: Eles estão gravando tudo isso.
Eu só queria alertar ele que nós estávamos de mãos dadas,
e que se de alguma forma isso vazasse...
Mas ele simplesmente me olhou de maneira desconcertante.
Victor: O que isso tem a ver comigo?
E então ele segurou minha mão com mais força.
Me lembrando que ele disse que não haveria outro
episódio, eu não pude deixar de me sentir preocupada. Eu olhei para sua
expressão.
Estranhamente, ele não parecia estar com um humor
terrível.
Victor: Como você teve a idéia de me chamar pedindo
ajuda?
Mei: Eu me lembrei que você é o convidado, então deveria
estar por perto.
Victor: Esse é o motivo? Por que você não pediu à equipe
de produção para te ajudar?
Sua sobrancelha se ergueu levemente.
Mei: Eu pedi, mas eles me ignoraram, e eu não queria
perder reputação com eles...
Ele parou de andar, e tinha um olhar estranho em seus
olhos.
Victor: Então você escolheu perder reputação comigo?
Mei: Como se eu já não tivesse feito isso várias vezes
antes...
Ele deve ter gostado da minha resposta já que quase abriu
um sorriso.
Victor: Tão verdadeiro.
Mei: Então, como você me encontrou? Você estava
preocupado comigo também, não estava?
Victor: Eles trancaram meu empregado aqui. É normal me
preocupar com você.
Victor: E o que você quis dizer com "preocupado
também"?
Ele parou e olhou bem nos meus olhos.
Mei: Bom, eu estava preocupada com você
"também". Esse lugar é assustador, mas eu vejo que você está lidando
muito bem com a situação...
Victor: Teve um pouco de ansiedade, mas agora já passou.
Ele parecia mais relaxado.
Mei: Você parece estar com um humor melhor.
Victor: Você meio que pode dizer isso.
♕ Parte 13
Vagamos pelo corredor sinuoso, mas não vimos nem um
membro da equipe sequer.
Mei: Isso parece muito fácil. Nenhuma pessoa à vista!
Victor: Você não é só uma imbecil mas uma covarde também.
Victor: O que há para ter medo quando você está comigo?
Ele me arrastou junto com ele sem me deixar dizer uma
palavra.
Uma silhueta preta passou de relance em uma passagem
lateral. O assistente tinha falado sobre eles.
Eu instintivamente tentei me esconder mas o Victor saiu
em direção à figura, tão rápido que eu não consegui falar com ele.
Victor: Hey, onde é a saída?
Victor: Hey, estou falando com você!
A figura de preto apenas nos ignorou e continuou seu
caminho para longe.
Victor: Hey você, pare!
Victor aumentou seus passos para alcançar a figura.
Mei: Hmm, provavelmente não é uma boa idéia terminar o
jogo prematuramente. Nós fizemos um acordo com a produção, certo?...
Eu o segui tentando convencê-lo, mas ele abriu uma porta
e entrou em uma sala.
Era muito antiga e pouco mobiliada.
Ele franziu a testa enquanto cuidadosamente examinava ao
redor.
Victor: Onde ele está?
Mei: Quem?
Victor: O cara de preto. Onde ele foi?
Mei: Quem? Porque eu não consegui ver ele...
Victor olhou para fora por uma janela, como se não tivesse
me escutado.
Eu analisei a sala vazia. Havia uma mesa longa no meio
com alguns béqueres e instrumentos cirúrgicos em cima dela.
Por que a HBS construiria um espaço interno desse jeito? Parecia
absurdo para um reality show...
E por que isso parecia tão familiar pra mim? Eu até
parecia ser capaz de ver uma garotinha deitada na mesa arranhada diante de mim.
De repente eu tive calafrios e recuei balançando minha
cabeça.
Mei: Ah!
Eu tropecei em alguma coisa que caiu em cima da mesa,
derrubando os béqueres no chão. Algo escaldante arranhou a palma da minha mão.
Os béqueres se quebraram e um líquido branco espirrou
pelo chão, fazendo com que um vapor subisse.
Victor: Você deixou o seu cérebro e seus reflexos em casa
hoje?
Ele imediatamente estava na minha frente, me olhando
friamente.
Ele verificou minhas mãos e não encontrou nenhum corte.
Mei: Estou bem, nada do que tinha no béquer me atingiu...
Minhas preocupações aumentaram quando olhei para os
béqueres quebrados.
Mei: Como podem colocar uma substância tão perigosa no
set? Ainda bem que foi comigo e não outro convidado...
Victor: Eu sou o único convidado por enquanto.
Ele me interrompeu com sua típica expressão de pedra.
Depois de uma longa pausa, ele olhou para mim.
Victor: Eu me arrependo disso.
Mei: De ter falado "sim"?
Victor: Não.
Victor: Me arrependo de ter deixado aquela emissora de TV
ridícula chegar até você.
Mei: Como assim?
Ele me tirou da sala rapidamente.
Mei: Você vai realmente cancelar esse show? É uma
oportunidade rara...
Victor: Como essa empresa te encontrou?
Mei: A representante deles disse que viu e gostou muito
dos meus documentários e me procurou.
Mei: E eu pesquisei sobre eles. Eles são uma das maiores
empresas privadas de transmissão dos Estados Unidos.
Ele arqueou as sobrancelhas e olhou para mim friamente.
Victor: Simples assim?
Eu confirmei.
Mei: Mas eu não sei como o show ficou tão esquisito, ou o
que esses líquidos misteriosos estão fazendo aqui...
A testa do Victor ficou tensa enquanto ele olhava
solenemente para o corredor vazio.
Victor: Eu cuido de você depois que nós sairmos daqui.
Uma figura preta se aproximou de uma passagem lateral com
um brilho branco em volta da cintura.
E tentei ir até ele para perguntar sobre uma saída, mas
Victor me puxou e cobriu minha boca.
O que é agora? Eu podia sentir a respiração nervosa do
Victor acima da minha cabeça.
Nós nos pressionamos contra a parede enquanto a figura
passava.
Victor me soltou só depois que a figura estava fora de
vista.
Mei: Por que você fez isso? Você não queria perguntar
como sair?
Victor: Eles não são parte da produção.
Ele saiu correndo e me arrastou junto com ele.
Mei: O que deu em você? Como você sabe que eles não
trabalham aqui?
Victor: Quieta. Nós temos que sair daqui em 10 minutos.
Ele me ignorou e acelerou o ritmo.
♕ Parte 14
Nós finalmente chegamos ao fim do corredor e descemos um
lance de escadas chegando a...outro corredor.
Era muito estreito com salas fechadas dos dois lados ao
longo dele.
Eu conseguia ler as placas em cada porta: Pesquisa,
Conferência, Laboratório...
Meu coração pulou. Não foram essas imagens que eu vi
naquele quarto no subsolo do encontro de hackers?!
Sentindo meu desconforto, Victor começou a verificar as
salas também.
Minha mão suava frio. Eu nunca estive tão nervosa em um
set antes.
Todo esse corredor me dava uma sensação de deja vu, desde
a primeira sala até agora. Isso é um sonho?
Victor: O que foi?
Mei: Você provavelmente não vai acreditar, mas eu sinto
que já vi tudo isso antes, quando eu era criança...
Mei: Eu pensei que tudo isso parecia familiar mas não
tinha certeza.
Victor: Você pode me contar.
Eu olhei para ele e percebi que ele estava sério.
Mei: Eu não lembro quando, eu só lembro que eu era
pequena e um garoto mais velho estava me levando pela mão. Mas não consigo
lembrar o rosto dele.
Mei: Nós estávamos correndo por um longo corredor com um
monte de outras crianças.
Mei: Eu caí no
chão e o garoto me ajudou a levantar.
Mei: Salas se enfileiravam pelo corredor, igual esse
aqui, mas eu esqueci o que elas eram.
Victor apertou os lábios, e uma emoção profunda brotou em
seus olhos.
Victor: ...Por que você não consegue se lembrar o que
aconteceu na sua infância?
Mei: Eu não sei. Provavelmente é porque eu estive em um
acidente de carro quando eu era pequena.
Uma lâmpada pareceu acender para o Victor quando ela
mencionou o acidente.
Victor: Quando foi isso?
Ele deu uma pausa.
Victor: Você se lembra?
Seu tom era muito mais gentil que o anterior.
Mei: Eu lembro. Eu tinha 5 anos, não estava prestando
atenção ao atravessar a rua, e um garoto mais velho me salvou de um
atropelamento.
Mei: Assim como -- Assim como você me salvou a primeira
vez que nos encontramos!
Mei: Ele me disse para tomar cuidado com o trânsito
futuramente e me deu um pudim delicioso.
Mei: Tinha o gosto muito parecido com o seu. Mas não
lembro como ele era agora...
Um pensamento louco surgiu em mim nesse momento.
Mei: Poderia ser que...
Victor apenas me olhava sem palavras, com um brilho suave
em seus olhos.
Mei: Você...
Antes que eu pudesse terminar de dizer as palavras, eu
ouvi o som de passos atrás de mim e alguém dizendo: "Eles devem estar
aqui!"
Mei: Nós temos companhia!
Ele agarrou minha mão e correu. Seu aperto\N era tão
forte que estava começando a doer.
Nós chegamos em uma bifurcação. Eu instintivamente puxei
o Victor para o caminho da esquerda.
Victor: Como você sabia que era para a esquerda?
Mei: Não sei, chame isso de intuição.
Nós chegamos em outra bifurcação. Eu podia ouvir os
passos se aproximando atrás de nós. Minha cabeça começou a doer.
Sem pensar duas vezes, Victor me puxou para o lado
direito.
Os passos foram sumindo atrás de mim, mas nós ainda
estávamos correndo para nos salvar, segurando a mão um do outro.
Seu corpo era alto e robusto, as luzes se refletiam
suavemente em seu cabelo preto.
Guiada pela sua mão quente e forte, eu esqueci todo o meu
pânico, o show, e um monte de coisa...
Tudo isso é o destino. Não importa quais perigos estejam
à frente, não tenho mais medo.
Nossos passos e nossa respiração eram os únicos sons no
corredor.
Tudo parecia se tornar uma névoa, como se nós
estivéssemos em um sonho...
De repente eu pensei que correr assim não era tão ruim,
era?
Nós chegamos em outro lance de escadas, mas pensar em
descê-las me causou repulsa por alguma razão.
Victor: O que foi? Está com medo?
Eu concordei silenciosamente.
Eu ouvi um suspiro suave e fui puxada para um abraço
carinhoso. Victor sussurrou em voz baixa no meu ouvido.
Victor: Desça essas escadas e nós sairemos.
Victor: Você se saiu muito bem.
Eu vi a reserva usual em seus olhos ser substituída por
uma ternura que eu nunca tinha visto antes.
Victor: Confia em mim, mesmo que você não confie em si
mesma, okay?
Eu concordei e desci as escadas.
♕ Parte 15
O último degrau se abria para um pátio bem amplo.
Victor não me deixou sair de seus braços, caminhando
lentamente comigo.
Victor: Você não quer saber como eu te encontrei?
Victor: Eu na verdade já estive em um lugar muito parecido
com esse quando era criança.
Victor: E eu...
Ele se emocionou um pouco e deu uma pausa.
Victor: Eu fui salvo por uma garota.
Ele já esteve em um lugar como esse quando era criança?
Não pode ser coincidência, pode?
Um medo me encobriu enquanto nos aproximávamos da saída,
e eu não conseguia entender o porque.
Várias imagens continuavam se sobrepondo em minha mente,
do fundo da minha alma. Era um selo rasgado. Uma escuridão prolongada.
Eram...minhas memórias que estavam dormentes por 17 anos.
Meu coração de repente começou a bater mais pesado.
Mei: Cuidado!
Um flash brilhante foi seguido por um trovão ensurdecedor,
enquanto um raio vinha na direção do Victor.
Victor!
Eu instantaneamente pulei na frente dele.
Várias imagens piscaram diante dos meus olhos nesses
segundos mais terríveis da minha vida.
O olhar severo do Victor depois de me salvar do
atropelamento, seu rosto gentil na noite, sua expressão suavemente perturbada
quando me deu aquele presente...
Victor: Não!
Uma dor indescritível correu por todo meu corpo em uma
velocidade incompreensível.
A última coisa que vi em minha mente foi o rosto frio e
bem definido do Victor.
Pela segunda vez em sua vida, o coração do Victor
despencou em uma queda livre.
A garota que estava zombando dele um momento atrás, agora
estava deitada em seu colo, mortalmente ferida.
Ele nunca esqueceria essa cena.
Como esse lugar se parecia exatamente como 17 anos atrás?
Por que aqueles mesmos eventos aconteceram novamente aqui
hoje?
Ele pode não ter descoberto completamente a conspiração,
mas agora ele tinha certeza que tudo estava relacionado à garota!
E ele não estava disposto a perdê-la novamente. Não
antes, e certamente não agora!
A forma como os olhos dela estavam fechados e aquele
rosto inocente, o levou de volta 17 anos...
Naquela época, como agora, eles estavam fugindo de uma
perseguição com outras crianças no corredor.
Eles chegaram no pátio e Victor se esforçou para parar o
tempo, o suficiente para que todos pudessem escapar daquele pesadelo.
O esforço estava prestes a ser bem sucedido quando ele
ouviu um grito.
Garotinha: Cuidado!
Um flash brilhante, e Victor se viu no chão, preso debaixo
de um pequeno corpo.
A garota que estava sorrindo para ele poucos segundos atrás agora tinha seus olhos fechados.
Essa pequena e adorável garotinha protegeu a vida dele
com a sua própria vida, sem pensar duas vezes.
Nos anos que se seguiram, ele ficava se perguntando se
poderia ter protegido ela melhor...
Se ele não tivesse testemunhado ela sendo levada...
Não teria sido tudo diferente?
Ele jurou que se ele pudesse voltar no tempo, ela nunca
acabaria naquela situação de novo.
Mas o destino escolheu atacar cruelmente mais uma vez, no
mesmo momento e no mesmo lugar no coração do Victor, onde apenas a garota
poderia estar.
Ele sentiu arrepios percorrer sua espinha.
Depois de todo esse tempo, ele finalmente tinha
confirmado que ela era a mesma garota que o salvou aquele dia 17 anos atrás!
Nos últimos 17 anos, ele não deixou pedra sobre pedra em
sua busca implacável por ela.
Mesmo quando falaram para ele que a garota já não estava
mais viva.
E hoje foi o dia que sua fé e determinação foi finalmente
recompensada.
Ela ainda estava viva! E ela ainda zombava dele,
discutia, se preocupava, e dava apelidos para ele!
Ele estava cheio de alegria por ter encontrado seu
tesouro há muito tempo perdido.
Mas agora, segurando a garota em seus braços, ele estava
repleto de tristeza.
Uma tristeza genuína, que tinha sido extremamente rara em
sua vida, pulsava através dele.
Ele descobriu que o coração podia fazer e sentir muito
mais do que apenas bombear sangue.
Victor segurou a garota em seus braços. Uma raiva despertou
dentro dele, que distorceu o espaço ao seu redor, derrubando as figuras de
preto que atacavam de ambos os lados.
Ele avançou com força passo a passo, embalando todo o
calor de sua vida com os dois braços.
Com esses poucos passos, ele percorreu todas as estações
de 17 anos de uma vida perdida, da primavera ao inverno.
Cada passo à frente estaria cheio de determinação,
desafio e destruição.
Seus olhos se tornaram o preto sólido de uma noite sem
lua, mas irradiavam uma coragem de aço.
Victor: Não importa quem você é ou o que você planeja
fazer, eu nunca vou deixar você machucá-la novamente!
Sua voz poderosa competia com o barulho dos trovões.
Ele então sussurrou gentilmente no ouvido da garota.
Victor: Desculpa, eu cheguei tarde. Eu não vou te perder
de novo.
Victor: Nada e ninguém mais vai te machucar.
Victor: De agora em diante, deixa eu ser o seu escudo,
assim como você fez comigo, okay?
Ele nunca tinha falado com tanta delicadeza em sua vida.
Os olhos da garota ainda estavam fechados e mostravam
dor.
Mas ele não percebeu que um dos dedos dela se mexeu
fracamente.
Ele acelerou o passo, franzindo a testa.
Um relâmpago devastou a paisagem do lado de fora do muro,
dividindo o céu preto como tinta.
A escura e pesada camada de nuvens pressionava o mundo
abaixo de forma melancólica.
Trovões e relâmpagos rugiam ao lado de um vendaval
estridente enquanto o mundo era jogado no caos.
Isso não impediu Victor, que enfrentou os elementos como
se eles simplesmente não existissem.
Em todo lugar ao redor dele, sirenes começaram a tocar.
Uma escrita apareceu em todas as paredes: "A Rainha
despertou. Nós governaremos o mundo."
Uma luz iluminou o rosto pálido e quase transparente da
garota.
Um enorme sino soou quando uma linha vermelha cortou o
horizonte.
Uma silhueta preta apareceu atrás do Victor, com um
clarão brilhante piscando em sua mão.
A Chave de Salomão apareceu em sua mão.
A Profecia de Fátima logo ressurgiria.
A Caixa de Pandora havia sido aberta.
O anjo com uma espada em sua mão esquerda havia chegado.
??: Você não percebe?
??: Tudo está apenas começando.
Mas por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor por favor
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