segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Mr. Love: Queen's Choice [ARCO 2] ~ Capítulo 14 (Kiro) ~ "Adeus Silencioso"

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♦ Capítulo 14 - Adeus Silencioso ♦

(12 partes)

 



 

♕ Parte 1



Eu estou em um campo aberto.


O céu está baixo. Sem ventos. Sem nuvens.


Alguém está chamando meu nome.




Eu olho ao redor e vejo uma figura obscura à distância.


Eu corro atrás da figura,


mas ela só se afasta mais.


Sua cor fica mais clara, como se tivesse uma aura de água,


começando a desaparecer nas bordas.


De repente, a grande névoa engoliu tudo.


Tudo o que eu vejo agora,


é um cinza gelado.


.............


Mei: Tão frio!


Eu acordei na mesa, com um resíduo do meu sonho frio de gelar os ossos, e um profundo desespero aparentemente preso na minha medula, me fazendo tremer.


Eu me levantei para fechar a janela. O céu do lado de fora estava melancólico com nuvens pesadas de chuva.


No horizonte, nuvens escuras rolavam, como se uma tempestade fosse estourar a qualquer segundo.


Eu estava me sentindo tão melancólica quanto o clima, oprimida pelas espessas camadas de nuvens que não deixavam passar um único raio de luz.


Eu não pude deixar de pensar naquele pôr do sol gentil, aquele céu azul-celeste, aquele dia quando a verdade sobre a traição dele ainda não tinha vindo à tona.


Não faz tanto tempo, mas para mim parecia que havia se passado anos.


O pensamento quase me fez rir de mim mesma. Lucien nunca disse que ele tinha os mesmos objetivos e aspirações que eu tinha. Como eu poderia chamar aquilo de "traição"?


Desde o começo, ele sempre me disse como o mundo era cruel.


Eu dei minha confiança a ele por vontade própria. No fim, não foi culpa de ninguém.


E agora mais do que nunca, eu não podia ficar sofrendo por decepção e mágoa. Eu não podia ficar sem fazer nada e deixar meus esforços anteriores serem em vão.


Mei: Eu não posso deixar isso me derrubar! Eu tenho que me animar de novo!


Depois de arrumar minhas emoções, eu coloquei os arquivos em ordem na mesa e os guardei em uma pasta.


Essas são todas as informações sobre os incidentes de perda de controle Evol na cidade de Loveland, e as pistas que eu deduzi deles.


Todas as pequenas perguntas foram juntadas, apontando no final para a Torre de TV de Loveland.


Se Lucien me levou até a torre de TV propositalmente, por que ele fez isso?


Eu peguei meu telefone. Não havia nenhuma ligação nova ou mensagem.


Minhas mensagens com o Gavin pararam alguns dias atrás, e a última ligação do Victor foi há uma semana.


Eu disquei um número, o contato que o Comandante havia me dado quando eu estava na Força-Tarefa. Eu tentei uma vez ontem, mas não houve resposta.


Eu esperei um longo tempo dessa vez também, e quando eu estava prestes a desistir alguém finalmente atendeu.


Mei: Alô, eu sou...


??: Eu sei. Você é a senhorita Mei, certo?


Uma voz meio alegre de uma mulher saiu do alto-falante, certamente não era o Comandante.


??: O Comandante me ordenou para contatá-lo imediatamente se alguém ligasse para esse número. Mas recentemente, o Comandante está sem tempo, então eu entregarei sua mensagem para ele.


Eu hesitei um pouco, incapaz de dizer se ela estava falando a verdade ou não. Eu quase falei, mas decidi ficar quieta.


Mei: Eu só queria perguntar sobre o Gavin...sobre o Capitão Gavin.


??: É bem normal o Capitão Gavin ficar fora de contato enquanto está em missão. Não se preocupe muito. E eu não tenho certeza dos detalhes.


Mei: ...Está bem, obrigada.


Uma resposta como aquela não me surpreendia. Eu rapidamente desliguei sem perguntar outra coisa.


Se os efeitos das ondas eletromagnéticas ficam maiores próximo a torre de TV, então ter Evolvers envolvidos seria extremamente perigoso.


E sem o Gavin, eu não tinha muita certeza se a Força-Tarefa poderia ser confiável.


Nesse momento ainda havia uma outra maneira. Não era hora de desistir ainda.


Depois que os oficiais da cidade de Loveland tomaram medidas emergenciais, a ordem lentamente foi retornando à sociedade.


Muitas lojas ainda estavam fechadas, mas as pessoas estavam voltando às ruas novamente. Superficialmente, parecia que as coisas estavam voltando ao normal.


Ocasionalmente se via uma árvore caída ou um outdoor, como se fosse conseqüência de um furacão.


Mas eu sabia que isso era resultado do caos causado pelos Evolvers fora de controle.


Abraçando minha pasta, eu corri até a Delegacia de Polícia de Loveland.


Em contraste com as ruas vazias, aqui dentro as coisas não poderiam estar mais agitadas.


Todos os tipos de gritos, reclamações, súplicas, formavam um muro de som. O ar estava pesado de tanta ansiedade.


O Oficial Landsman passou correndo com um arquivo em mãos e eu rapidamente o chamei.


Mei: Oficial Landsman, oi! Eu tenho algumas pistas aqui que eu gostaria de disponibilizar, com relação à causa do recente caos...


Oficial Landsman: Você de novo não!


O Oficial Landsman franziu a testa e me interrompeu, parecendo muito impaciente.


Oficial Landsman: Nós não temos nenhuma informação importante aqui para o seu furo jornalístico. Está um caos agora e nós não temos tempo para lidar com repórteres como você!


Tendo dito isso, ele saiu. Eu segui atrás dele para tentar lhe contar a informação chave.


Mei: Eu não estou aqui para uma reportagem. Eu tenho pistas o suficiente aqui que mostram que tudo isso aponta para a torre de TV de Loveland!


Mei: Se vocês simplesmente cortarem as ondas eletromagnéticas da torre, não terão um tumulto em suas mãos.


Oficial Landsman: A Torre de TV de Loveland? Se você está investigando isso então com certeza sabe que ela foi atacada há dois dias atrás. Ela já está fechada!


Mei: Talvez seja esse o objetivo deles. A torre pode estar fechada, mas a transmissão das ondas eletromagnéticas ainda não parou!


Oficial Landsman: Já chega! Eu estou muito ocupado, então se você tiver qualquer especulação, encontre outra pessoa para discutir sobre ela. Não temos tempo para brincar com você!


Oficial Landsman: Assim como o Oficial Gavin, que desapareceu quando se mais precisa dele. Provavelmente está se escondendo assustado em algum lugar. Criança rica sortuda...


Sem me dar mais atenção, o Oficial Landsman saiu apressado.


Já que o Oficial Landsman era um caso perdido, eu decidi encontrar outro policial. Mas não importa o quanto eu tentava convencê-los, nenhum deles dava atenção para mim.


Ninguém estava disposto a acreditar nem mesmo na existência de super poderes, então assumir que a causa de todos esses eventos eram Evols fora de controle, era ainda mais estranho para eles.


Oficial: Senhorita, eu acho que uma Estação de TV seria um lugar melhor para você. A delegacia não é lugar para brincadeiras.


 Eu fiquei parada ali na recepção, desamparada. Eu pensei que eu deveria parecer uma criança agindo assim sem motivo.


Oficial: Nós já registramos o caso. Por favor, espere por mais notícias.


Os oficiais diziam a mesma coisa para todo mundo, suas vozes estavam cansadas de tanto dizer isso.


Saindo da delegacia, a tempestade que estava se formando há algum tempo finalmente despencou.


Nesse momento, eu senti como se tivesse parada no meio de uma ilha deserta, com o oceano se estendendo em todas as direções, me privando de toda ajuda.



 

♕ Parte 2



Depois de chover durante toda a tarde, ao anoitecer finalmente parou. As nuvens se separaram revelando um céu amarelo pálido.


Eu corri até o escritório para pegar o caderno de anotação do meu pai que eu deixei para trás ontem, quando estava arrumando meus arquivos.


Todas as companhias no prédio estavam em pausa temporária, e só havia um segurança de meia-idade em seu posto.


Segurança: Senhorita, o que você está fazendo vindo ao trabalho a uma hora dessa? Está uma bagunça lá fora, você deveria ficar segura em casa!


Mei: Uh...Eu só estou aqui para pegar uma coisa. Uma amiga está me esperando do lado de fora.


Segurança: Oh, está bem. Eu ouvi que dois dias atrás alguém ficou preso no elevador na cobertura. Quando a porta abriu ele correu para fora assustado, e então...ele viu uma sombra escura!


Mei: Oh verdade? ...ha...ha...


Depois de me forçar a ficar de conversinha e encher minha cabeça com histórias de fantasma , esse segurança estranho finalmente resolveu me deixar ir.


Mei: Esses boatos de fantasmas nos elevadores realmente estão saindo do controle.


Eu sussurrei isso para mim mesma enquanto apertava o botão para subir.


O outro elevador tinha uma placa escrito "Em Manutenção" na frente dele. Parecia que as histórias de fantasma do segurança tinha algo a ver com isso.


As luzes não estavam acesas no saguão, e o piso de mármore branco lançava um reflexo embaçado. O ar frio contrastava fortemente com o calor abafado lá fora.


Mesmo que eu não tenha acreditado nas histórias do segurança, nesse momento, eu me senti meio inquieta.


Mei: Está tudo na sua cabeça...Está tudo na sua cabeça...


Afinal de contas, as medidas de segurança deste prédio são boas, nada estranho aconteceu aqui e fantasmas não são reais também...


Eu fiquei nervosa o caminho todo, mas o elevador chegou suavemente no nosso andar. Nada aconteceu.


Assim que eu coloquei o caderno na bolsa, meu celular começou a vibrar de repente, fazendo com que eu quase derrubasse ele.


A tela mostrava que a ligação era do Kiro.


Por causa de todas as consequências de seu anúncio repentino de afastamento, ele provavelmente estava muito ocupado resolvendo questões de patrocínio. Como ele tinha tempo para ligar para mim?


Eu rapidamente atendi.


Mei: Alô? Kiro?


Kiro: Mei, onde você está agora?


Seu tom era bem ansioso e sua respiração estava irregular. Eu fiquei um pouco perplexa.


Mei: Eu? Estou no escritório. O que foi?


Kiro: Ouça. Eu estou indo até você nesse momento. Saia do escritório e não pegue o elevador.


Eu podia ouvir um som constante e rápido de digitação em um teclado, e sua voz de alguma forma parecia irreal.


Kiro: No lado esquerdo do prédio tem uma saída de incêndio. Você sabe como chegar lá?


Mei: Sim, eu sei.


Enquanto eu andava em direção à saída, eu comecei a me perguntar sobre o que era tudo isso.


Mei: O que...


Kiro: Shh--


Kiro: Fique quieta por enquanto e espere até você me ver. Eu vou te contar tudo.


Mesmo eu estando totalmente confusa, eu fiz como ele disse. Meu coração começou a acelerar de novo e eu não podia impedir minha imaginação de correr solta.


Quando eu cheguei na saída de incêndio que raramente alguém usava, a voz do Kiro simplesmente começou de novo--


Kiro: Desça as escadas até o décimo andar. Não se preocupe, eu consigo ficar de olho em você pela vigilância.


Ouvindo isso, eu olhei para cima e vi a câmera no canto. Parecia que eu era capaz de ver a pessoa por trás dela, como se ele estivesse bem ao meu lado.


Eu corri rapidamente escada abaixo, tomando cuidado para não fazer muito barulho.


Kiro: Sai daí e vá para a direita.


Eu não sabia o que estava atrás de mim, mas logo que eu abri a porta eu ouvi o som de passos vindo do andar de cima.


Kiro: Vá até o final e pegue a escada de incêndio para o subsolo nível 2.


Agora eu estava começando a entender o perigo que eu corria. Os ecos atrás de mim se aproximavam e minhas mãos começaram a suar frio.


Kiro: Não tenha medo. Eles não te descobriram.


Eu podia ouvir meus passos e minha respiração pesados. A voz calma do Kiro do outro lado estava me ajudando a manter minha sanidade.


Kiro: Quase lá...


*ZzzZzzzz*


Um crepitar de eletricidade veio do telefone, e o sinal estava entrando e saindo, tornando impossível ouvir o que Kiro estava dizendo.


Mei: Kiro!


Em pânico, eu não consegui parar de chamar o nome dele.


Kiro: O sinal está ruim...não se preocupe...Eu estou esperando por você na saída.


O sinal foi cortado totalmente e meu coração afundou.


Eu lutei contra o pânico e continuei descendo pelo corredor escuro.


Quando eu finalmente saí correndo do estacionamento do subsolo, a escuridão lá fora parecia de outro mundo.


Eu olhei ao redor mas não havia nenhum sinal do Kiro.


Um carro preto acelerou de repente, e logo quando eu estava prestes a me virar e correr, uma força poderosa me puxou para dentro do carro.

 



♕ Parte 3



Mei: !!


Antes que eu pudesse gritar, a porta do carro se fechou na minha cara e saiu acelerado.


Eu estava aterrorizada e tentei afastar à força a mão que estava me segurando, mas no segundo seguinte eu estava sendo segurada em seus braços.


Kiro: Sou eu, está tudo bem. Mei, está tudo bem. Não tenha medo.


O tom gentil e suave do Kiro soou em meus ouvidos, e eu fui completamente tranquilizada por aquela voz e fragrância familiar. Eu comecei a ficar emocionada e quase chorei.


Meu coração acelerado ainda estava batendo nos meus tímpanos. Eu precisava de um momento para me recompor.


Kiro: Tem alguém atrás de nós seguindo esse carro, então o tempo é curto. Me desculpa, eu não sabia que te assustaria desse jeito.


Kiro acariciou minhas costas e sua voz parecia cheia de arrependimento.


Enquanto eu deitava em seus braços, balancei a cabeça, para mostrar a ele que eu estava bem.


Quando me acalmei, Kiro finalmente me soltou. Extremamente gentil, ele alisou meu cabelo despenteado.


Olhando em seus olhos claros e puros, meu pânico se dispersou como uma nuvem.


Mei: Você...


Kiro: Ainda tem mais uma coisa.


Eu olhei para ele e pisquei meio confusa.


Kiro: É minha hora de brilhar! Você descansa, enquanto eu tiro esses caras do nosso rabo. Isso só vai levar um segundo.


Virei a cabeça e vi vários veículos off-road em nossa cola, com os pneus cantando. Parecia que eles estavam prestes a se chocar com a gente--


Minha cabeça foi rapidamente coberta e virada para frente novamente pelo Kiro.


Kiro: Não olhe para trás.


Mei: Eu não sou uma criancinha...


Kiro: Eu sei que você não é. Você é minha Miss Chips.


Lu: Já volto...preciso surtar por amor. ;_;


Kiro: Não há nada que ela não possa fazer. Tudo o que ela cozinha é delicioso e ela sempre me da metade. Ela é minha super-heroína.


Mei: Ppbbbfff---


Eu tive que rir da piada dele, pareceu quebrar o gelo no meu coração. Eu pude finalmente relaxar.


Kiro: Me da um segundo.


Ele bagunçou meu cabelo, e depois de eu dar a ele um sinal positivo com o polegar, ele se virou para a tela do seu computador.


Havia dois notebooks abertos na nossa frente, um mostrando as condições do tráfego e um mostrando todas as câmeras de segurança do prédio de escritórios.


Eu senti uma pontada de medo ao ver as figuras de preto no vídeo, procurando por todo o prédio.


Mei: Essas pessoas estavam procurando por mim?


Kiro: É. Você se lembra do quarto secreto no subsolo do encontro de hackers e as coisas que nós vimos?


Mei: Eu lembro! O Coletivo Black Swan...


Kiro: Certo. Aquelas pessoas que vieram te pegar hoje são da mesma organização.


Kiro: Eu hackeei os arquivos deles. Eles já fizeram isso alguns dias atrás.


Mei: Poderia ser a história de fantasma do elevador que o segurança falou?


Kiro: É. Eu não consegui encontrar mais informações, então eu estava preocupado com você. Logo que pensei que você poderia estar em perigo, eu--


Ele se virou para me olhar, seus olhos cheios de preocupação.


Kiro: Ainda bem que eu te encontrei.


A sinceridade e alegria em sua voz fez meu coração palpitar. Ele ainda era o mesmo Kiro que eu conhecia tão bem.


Mei: Aquelas pessoas ainda estão atrás de nós?


Kiro: Oh, eles? Eles vão sumir bem rapidinho.


Talvez seja o tom de certeza do Kiro, ou talvez porque ele estava ao meu lado, mas eu não estava nem um pouco assustada.


Mei: Eu confio em você!


Eu olhei para o Kiro. Ele estava focado na tela, seus dedos digitando no teclado. Ocasionalmente ele dizia ao motorista quais ruas pegar para se livrar dos carros suspeitos.


Já fazia muito tempo que não nos víamos, e ele parecia um pouco diferente fisicamente.


Sua boca estava ressecada e ao redor de seus olhos estava um pouco escuro. Todo o brilho do superstar Kiro parecia ter sido varrido para debaixo do tapete. Nesse momento, ele era o hacker Key.


Não havia muitos carros nas ruas. Eu não sei como o Kiro estava fazendo isso, mas nós conseguimos evitar todos os semáforos vermelhos.


Carros iam e voltavam, e as luzes da rua de ambos os lados se acenderam. Um brilho amarelo passava por nós periodicamente, passando pelo rosto sério do Kiro.


Parecia haver um brilho em seus olhos, um lado dele que eu não conhecia.


*Tap--* Ele apertou a tecla "enter" final.


Kiro: Nós despistamos eles. Agora eu vou te levar para casa.


Eu estava prestes a concordar, quando pensei em outra possibilidade que me deixou apreensiva.


Mei: Não vai ser perigoso se eu voltar para casa? Eles não vão estar lá esperando por mim?


Kiro: Eu pensei sobre isso, mas sua casa é especial.


Kiro mostrou uma tela de vigilância do meu complexo de apartamentos. Além do gerente da propriedade e alguns moradores conhecidos, não havia nada fora do comum.


Kiro: Há sempre pessoas ao redor da sua casa te protegendo, então é mais seguro que qualquer outro lugar.


Mei: Pessoas me protegendo? É a Força Tarefa Especial?


Kiro: Certo.


Kiro: E eu vou estar monitorando através da vigilância...Mas eu prometo, eu nunca tinha feito isso antes.


Kiro apontou para a tela na frente dele e ergueu a mão como se tivesse fazendo um juramento solene.


Seu jeito sério e solene me fez rir. Eu finalmente relaxei e não resisti em voltar para casa.


Kiro: Na verdade...Eu tenho estado sob vigilância por algumas pessoas ultimamente, então eu não posso ficar com você. Eu só vou me sentir tranquilo se você estiver na sua casa.


Mei: Vigilância? São paparazzis?


Kiro: Não, não só paparazzi.


Sua expressão era severa, mas ele não disse mais nada.


Kiro: Mei, não vá a lugar nenhum sozinha pelos próximos dias. E não saia à noite. Depois que eu resolver as coisas, eu venho até você.


Seu tom era gentil, até mesmo um pouco suplicante. Mesmo não sabendo do que ele estava falando, eu concordei.


Mei: Não se preocupe, eu vou ficar bem...Eu só estava um pouco assustada agora há pouco.


Isso foi o que eu disse, mas eu ainda me sentia um pouco perdida e confusa.


Exatamente quem está vigiando ele? O que está por trás dessa rara expressão de severidade em seu rosto?


Kiro: Miss Chips...Você não parece estar muito bem.


Mei: Que? Eu estou bem...


Eu rapidamente balancei a cabeça e dei um grande sorriso para o Kiro.


Kiro pegou minha mão com firmeza e olhou dentro dos meus olhos.


Kiro: Espere até eu resolver algumas coisas e eu venho até você. Eu vou te contar tudo o que aconteceu.


Kiro: Então você precisa esperar por mim! Não vai demorar muito. E você precisa se animar, ou então eu vou começar a ficar preocupado!


Esse sorriso era como o amanhecer rompendo as nuvens. Não podia ser contido por nenhuma escuridão ou sombra e me trazia carinho o tempo todo.


Acontece que ele já tinha percebido como eu estava me sentindo triste, que tinha alguma coisa errada comigo.


Kiro: Se você estiver com medo, não desligue o telefone. Se alguma coisa urgente acontecer, eu vou te ligar.




Kiro: Se você não conseguir dormir, você pode me ligar também. Qualquer hora da noite.


O carro parou na frente do meu prédio e Kiro saiu para me acompanhar até em casa.


Kiro: Aqui. É um item mágico de cura.


Kiro colocou um pequeno objeto na minha mão e a fechou por cima dele, para que eu não pudesse ver o que era.


O motorista apertou a buzina duas vezes para nos apressar. Kiro coçou a cabeça e me olhou desamparado.


Kiro: Eu tenho que ir.


Kiro: Mei, descanse. Eu espero que dá próxima vez que eu te ver, você volte a ser a mesma de sempre, cheia de energia e vigor.


Eu fiquei ali parada observando o carro sair acelerado. Assim como ele tinha aparecido, ele também sumiu na noite.


Eu abri a mão. Era uma bala. Eu a desembrulhei e coloquei na boca.


Sabor morango. Tão docinha.


A sombra escura no meu coração parecia ter sido tirada de mim.

 

 

 

♕ Parte 4




Eu voltei para casa sozinha, ainda me sentindo um pouco em choque.


Já estava escuro lá fora. O momento entre o pôr do sol e a noite já havia passado, e todos os raios de luz foram extintos.


A noite escura e silenciosa parecia um mar fervilhando de correntes subterrâneas e perigos desconhecidos.


Pensando no que havia acabado de acontecer, eu me via incapaz de sossegar completamente.


Todo esse tempo, mesmo que essa organização tenha causado incidentes ao meu redor, nenhum deles foi como hoje.


O que aconteceu para eles abandonarem outros métodos e começarem a me perseguir abertamente.


Eu peguei meu telefone e fiquei surpresa ao ver duas ligações perdidas e uma mensagem de voz, tudo do Victor.


Tendo perdido contato com ele há tanto tempo, minha primeira reação foi finalmente me sentir aliviada.


Mei: Ótimo, ele devia estar muito ocupado antes, no fim das contas...


Eu não sei porque, mas durante esse tempo todo sem contato com o Victor, constantemente eu tive um vago sentimento de preocupação e inquietação.


Um sentimento que eu nunca tinha tido sobre ele antes, parecia como um mau pressentimento.


Eu abri a mensagem de voz, não durava nem 15 segundos. A voz profunda e familiar do Victor disparou.


Mensagem do Victor: Eu preciso me ausentar temporariamente para cuidar de algo muito importante. Não se preocupe. Você precisa se proteger, e não vá correndo para o perigo...


Depois de alguns segundos de silêncio, a voz do Victor soou novamente.


Mensagem do Victor: ...Eu espero ver você no futuro.


Ele falou tranquilamente, com calma, relutância e determinação.


Eu larguei o telefone atordoada e olhei para fora, para as várias luzes da cidade à distância. Meu coração batia com desconfiança e angústia.


Mei: ...Me ver no futuro? O que isso quer dizer?


Eu rapidamente tentei ligar de volta para ele, mas depois de um longo, longo tempo, ninguém atendeu.


Um bip robótico reverberou na noite, e aquela nuvem de preocupação em meu peito ficou maior.


Mei: Ele está ocupado?


Mei: Onde ele pode estar uma hora dessa? O que ele estava tentando me dizer?


Eu abri a mensagem de voz novamente e ouvi várias vezes, tentando encontrar um mínimo sequer de uma pista.


Eu olhei para o nome do Victor piscando repetidamente na tela e acenei com a cabeça.


Mei: Eu prometo a você, eu vou me proteger. Mas eu não tive a chance de te dizer, se cuide também...


Enquanto eu sussurrava para mim mesma, meus olhos se depararam com um copo de vidro na cabeceira da minha cama. Ele brilhava com uma cor azul etéreo sob a luz, e eu não pude conter uma risada ao ver o cachorro bobo e sorridente pintado nele.


Eu me perguntava se o outro copo com o gato rosnando ainda era usado pelo seu dono.


Enquanto eu passava meus dedos no contorno do cachorro no copo, eu dei um sorriso.


Minutos antes. Na casa do Victor.


Ninguém estava atendendo a ligação. Depois que o comando de voz terminou, a ligação se encerrou automaticamente.


Victor: O que ela poderia estar ocupada fazendo a esta hora?


Seu dedo parou sobre o botão de desligar  e então ele apertou a rediscagem novamente.


*Beep -- beep -- beep*


Victor franziu a testa. O incessante bip do tom de discagem estava começando a esgotar até mesmo sua paciência.


"Desculpe, o número que você discou está ocupado. Por favor, deixe uma mensagem de voz após o sinal."


Ele suspirou e desistiu de tentar ligar de novo.


Victor: Eu preciso me ausentar temporariamente para cuidar de algo muito importante. Não se preocupe. Você precisa se proteger, e não vá correndo para o perigo...


Ele parou por um momento e então adicionou mais algumas palavras:


Victor: ...Eu espero ver você no futuro.


O telefone deslizou de sua mão, e ele se contorceu, seu corpo tremia de dor. Aquela dor familiar, que rasgava a alma, estava mais intensa do que nunca.


*Woosh--* Um vento repentino se levantou no espaço fechado, se transformando em um vórtex.


Atrás do Victor, um buraco negro apareceu do nada, e uma corrente de ar rodopiante se expandiu rapidamente.


Em um piscar de olhos, aquilo havia preenchido todo o espaço.


O vórtex silencioso parecia estar entrelaçado com uma luz negra em torno das bordas, mas o centro estava completamente parado e puramente preto.


Se qualquer coisa entrasse nele, até mesmo a luz, poderia não escapar.


Victor olhou severamente para o buraco negro aberto. A poderosa atração do vórtex tornava difícil para ele se manter firme no lugar.





Victor: Eu acho que não tenho escolha...


O buraco negro -- como se fosse uma fenda dimensional -- devorou tudo em seu campo de visão. Mesmo nesse momento, ele ainda não conseguia deixar de pensar nela.


Em um instante, toda a luz foi apagada, e então rapidamente voltou ao seu brilho anterior.


A sala parecia como se nada tivesse acontecido. Uma lâmpada que iluminava bem um tampo de mesa preto e branco frio, um cubo de gelo derretendo em um copo de vidro...


Era como se o vórtex e o buraco negro de antes tivessem sido apenas ilusões.


Exceto que agora não havia nenhum sinal do Victor.


............


Agente: Agente B15. Eu tenho uma situação urgente para reportar--


O jovem homem de guarda nas proximidades começou a suar. Um minuto atrás, o detector em sua mão registrou um pico de dados, ultrapassando os níveis alarmantes em apenas 10 segundos.


Ele atingiu rapidamente um pico e até excedeu a área detectável do dispositivo.


Agente: O alvo em observação experimentou uma flutuação de energia intensa, excedendo os níveis de pico. Agora a situação não está clara. Solicitando reforços para investigar. Eu repito...


.............


Dentro da sala, o telefone que havia caído no chão continuava vibrando, parando minutos depois.


..............


Enquanto isso...


Kiro olhou para o arquivo que ele havia acabado de crackear, seus olhos brilhavam com vingança.


Um documento de 10 páginas, que registrava todo tido de informação, e no topo, várias linhas de palavras--


"Experiência de Amplificação de Superpoder (Código P029)"


"Localização #03: Cidade de Loveland"


 



♕ Parte 5



Um som continuava tocando do lado de fora da janela.


Uma ambulância após a outra, suas sirenes estridentes repercutiam através das ruas, de manhã cedo.


Mei: ...O que aconteceu?


Completamente incapaz de dormir, eu andei até a janela e olhei as ambulâncias correndo em direção à uma densa nuvem de fumaça.


De repente, eu senti uma dor aguda no meu cérebro. Aquelas sirenes pareciam estar tocando na minha cabeça com um estrondo ensurdecedor.


Eu segurei minha cabeça e me apoiei no parapeito da janela.


Minha visão embaçou  e por um momento eu pareci perder toda a sensibilidade.


Eu vi uma névoa densa, com uma estrutura de aço prateado flutuando dentro e fora de vista. Escondida no nevoeiro estava uma enorme torre que parecia incrivelmente familiar.


Um poderoso vento me empurrou para frente. Eu lutei, mas foi em vão.


Eu fui forçada a andar até a torre de TV. O elevador parou bem no topo.


Quando a porta se abriu, um nevoeiro branco veio na minha direção.


Na névoa havia uma mulher cuja face eu não consegui reconhecer. Ela disse alguma coisa, mas eu não consegui ouvir.


Ela abriu uma caixa em suas mãos...e a cidade abaixo eclodiu em chamas.


O que é isso...O que ela está dizendo...?


Eu me esforcei para ouvir, mas tudo continuava em silêncio. Tudo o que eu podia fazer era tentar ler seus lábios.


"A...de Pandora...Tudo vai acabar..."


Uma alavanca vermelha brilhou na cena e uma mão a puxou para baixo.


Tudo parou abruptamente. Eu me inclinei no parapeito da janela para recuperar o fôlego e aliviar a dor e a palpitação de agora.


Eu fechei os olhos, tentando encontrar mais alguma informação, mas não vi nada.  A cena de agora há pouco continuava reprisando na minha mente.


Dessa vez, a visão foi completamente incompreensível, como um fragmento de um sonho absurdo.


A mulher estranha, a caixa, a cidade pegando fogo, a alavanca...o que era tudo isso?


Mei: O que a visão estava tentando me dizer?


Eu anotei os detalhes da cena no meu caderno e então desenhei um círculo ao redor das palavras "torre de TV" e "alavanca".


Então eu coloquei um ponto de interrogação ao lado da palavra "caixa" e "mulher estranha".


Um enigma sem pistas. Apontando mais uma vez para a torre de TV.


Essa força desconhecida é realmente poderosa...


Mas não importa o quão poderosa seja, eu não vou admitir a derrota!


Com isso em mente, eu liguei para o Comandante.


Nem dois segundos depois, alguém atendeu.


Leto: Mei, o que posso fazer por você?


Mei: Olá, Comandante. Você está livre no momento? Eu tenho um assunto importante que eu gostaria de conversar com você.


Leto: Fale.


Mei: Você disse antes que toda vez que eu vejo o futuro, o futuro irá mudar...


Leto: --Mei.


O Comandante me interrompeu.


Leto: Suas visões certamente fazem o futuro mudar, mas, se a mudança é boa ou ruim, a única que pode modificar isso é você.


Sem esperar eu responder, o Comandante desligou o telefone.


Só eu posso fazer essa mudança?


Eu abri a janela e olhei para a torre de TV. Um vento frio soprou, trazendo confusão e hesitação.


Se eu sou a única, então eu vou mudar o futuro não importa o risco? Eu vou dar tudo de mim?


Eu sentei no sofá e assisti as notícias atordoada.


"Por razões desconhecidas, uma série de explosões abalou um prédio residencial na cidade de Loveland às 6:10 da manhã. Atualmente há 5 mortos e 47 feridos."


"Os feridos estão sendo enviados às pressas para o hospital mais próximo."


"Se essa explosão e a série anterior de incidentes têm uma única causa, a polícia ainda está investigando."


Outro grande caso de Evol fora do controle!


Meu coração afundou enquanto eu via as imagens e as cenas que passavam. O peso disso tudo parecia estar pressionando meu peito, fazendo com que fosse difícil respirar.


Se as coisas continuarem se desenvolvendo desse jeito, mais quantos desastres vão acontecer e mais quantas vidas inocentes serão machucadas?


Mei: Se eu sou a única que pode mudar o futuro...


As palavras do Comandante soavam em meus ouvidos.


Depois de tudo o que passei, eu não sabia se seria capaz de buscar a verdade sem medo.


Eu segurei o caderno do meu pai em minhas mãos. Era a única coisa nesse momento que me trazia coragem.


Foi então que eu pensei em algo que Anna me disse antes: "Deixe os super-heróis se preocuparem em salvar o mundo. Sua segurança é a coisa mais importante."


Mas é realmente assim que as coisas são?


Eu pensei naquele agente da Força-Tarefa que de repente se descontrolou, no estranho desaparecimento do Gavin, no Victor que não pôde ser contatado...


...Na vida pacífica dos Evolvers que foi destruída pelos poderes fora de controle, e nas pessoas enlutadas e desesperadas na delegacia...


Se tudo isso foi um plano da Black Swan, se eu sou o objetivo final deles, então eu realmente posso simplesmente virar as costas para tudo isso?


Durante todo esse tempo eu fiquei pensando, para que serve o meu Evol afinal?


Talvez minhas visões sejam destinadas a mudar o futuro, e não para ficar sentada esperando que tudo aconteça!


Eu tomei uma decisão, talvez a decisão mais corajosa de toda minha vida.

 



♕ Parte 6



No dia seguinte, eu mandei as pistas que juntei para um endereço de correio público da polícia, e então escrevi uma carta para a Anna, entregando os assuntos futuros da empresa para ela.


Então, eu liguei para o Kiro.


Uma voz feminina e mecânica  me notificava mais e mais que o número que eu estava discando estava desligado.


E agora? Se eu não conseguir falar com o Kiro, eu não vou ser capaz de continuar com o meu plano.


Mas não havia tempo a perder. Eu não podia continuar esperando.


Com isso em mente, eu decidi me disfarçar e procurar pelo Kiro.


Depois de sair de casa, eu tive um vago sentimento que havia um par de olhos sempre me seguindo.


Sorrateiramente eu liguei a câmera de selfie do meu celular, mas depois de olhar ao redor, eu não encontrei nada suspeito.


Mei: Meus nervos devem estar no limite desde ontem!


Estar no meio dos outros pedestres e carros me acalmou um pouco. Meus inimigos não agiriam em plena luz do dia desse jeito, certo?


Eu andei rapidamente até a esquina e de repente uma mão me agarrou. Uma figura sombria vestida de preto, usando um capuz e máscara, apareceu na minha frente.


Mei: Aaahh--!!


Kiro: Shh-- Sou eu, Kiro.


Quando ele tirou o capuz eu finalmente reconheci que o personagem suspeito na verdade era o Kiro!


Mei: O que você está fazendo aqui?


Kiro: Eu estava prestes a ligar para você quando cheguei ao seu prédio. Eu não imaginei que encontraria você primeiro.


Kiro: Mais sobre isso depois. Você tem alguém te seguindo. Temos que despistá-lo.


Mei: Tem realmente alguém me seguindo?


Eu olhei cuidadosamente atrás de mim, mas ainda não vi nada fora do comum.


Kiro: Não se preocupe. Eles não vão fazer nada imprudente aqui. Nós vamos enganá-los facilmente.


Mei: Então o que devemos fazer?


Kiro: Eu vou contar até três, e então nós vamos correr até a estação de metrô.


Mei: Que? Simples assim?


Minha expressão de completa surpresa fez o Kiro rir.


Kiro: É, simples assim. Aqui vamos nós, três, dois, um...


Kiro: --Corre!


Eu saí correndo com ele. Sua mão na minha era quente e forte.


Eu sabia que nós estávamos sendo seguidos, mas nesse momento, parecia emocionante.


Eu me virei e olhei para os olhos brilhantes do Kiro, e nós dois rimos juntos.


(Na estação do metrô.)


Nós corremos até o metrô que estava prestes a sair. Qualquer um atrás de nós definitivamente não teve tempo para entrar.


Não havia outras pessoas em todo vagão, só nós dois, ofegantes em nossos assentos.


Kiro: Agora ninguém está nos seguindo!


Kiro tirou sua máscara. Sua expressão relaxou bastante e então se transformou em raiva.


Kiro: Por que você saiu contra o meu conselho?! Se eu não tivesse encontrado você...


Mei: Desculpa...Eu precisava te encontrar e você não estava atendendo o telefone...


Kiro pegou seu celular. Vendo que sua tela estava preta, seus olhos se obscureceram.


Mei: O que foi?


Kiro: Não importa. Por que você precisava me encontrar?


Mei: Isso pode parecer improvável, mas eu acho que os eventos recentes podem ter sido causados por uma onda eletromagnética desconhecida.


Mei: Pode afetar algumas pessoas que tem poderes especiais, um poder chamado Evol. A mensagem da Black Swan no quarto secreto também mencionou isso.


Mei: A origem dessa onda é na torre de TV de Loveland. Minha suspeita é que tem um emissor no topo dela.


Mei: Então...Eu pensei que talvez alguém como o Key seria capaz de desligar o dispositivo.


Mei: Você...acredita no que eu disse?


Kiro: Eu acredito em você!


Kiro: Se tem um lugar que pode afetar toda a cidade de Loveland, é a torre de TV.


Com o olhar de confiança no rosto do Kiro, minha última partícula de preocupação evaporou do meu coração.


Kiro ligou seu telefone, conectou seu mini-teclado, puxou uma antena, e uma densa seqüência de números começou a passar pela tela.


Seus dedos voavam sobre o teclado, os sons agudos das batidas se misturavam com o chiado dos trilhos do metrô, e me fazia inconscientemente prender a respiração.


O metrô entrou em túnel escuro e a luz do dia desapareceu. Com o toque final na tecla, uma enorme mensagem de "ERRO" apareceu na tela.


Gotas gigantes de suor escorreram pela testa do Kiro. Ele fez uma careta para a tela e cerrou os punhos.


Kiro: Desculpe...Eu não consigo desligar ele...


Seu tom estava cheio de decepção. Eu olhei nos olhos tristes do Kiro e segurei sua mão.


Mei: Está tudo bem. Eu vou pensar em outra maneira.


Kiro apertou de volta minha mão, me olhando nos olhos, e disse de maneira séria:


Kiro: Mei, da próxima vez, eu tenho certeza que vou desligar isso.


Nesse momento, eu não sabia que tipo de determinação estava por trás daquelas palavras, e eu não pude perceber a pista de inquietação por trás de sua expressão séria.


Eu apenas me agarrei ao calor e a coragem que fluía entre nossas mãos dadas.


Quando o túnel escuro passou por mim, eu até senti um momento de serenidade.


Mei: Tem uma coisa que eu quero fazer.


Kiro não virou sua cabeça e suavemente acariciou as costas da minha mão.


Kiro: Eu já adivinhei o que é.


Kiro atingiu um tom místico enquanto falava.


Kiro: Se você quiser bancar a super-heroína e salvar a cidade de Loveland, então você não pode ir sem mim. Afinal de contas, eu sou o maior fã dessa super-heroína.


Mei: Haha--


Mei: Eu não estou tentando ser uma super-heroína poderosa e salvar o mundo.


Mei: Eu só quero fazer o que eu posso.


Mei: Mesmo se for difícil, mesmo se for perigoso, eu não quero ter nenhum arrependimento.


Mei: Eu tenho que desligar aquele emissor. E então tudo vai voltar ao normal!


Kiro: Não só você. Nós.


Mei: Mas...isso vai ser perigoso. E eu não sei o que pode acontecer.


Mei: Nós podemos até encontrar alguns Evolvers. Eu não quero te envolver nisso.


Kiro: Mei, não olhe para mim como se eu fosse alguma pessoa normal. Eu sou um Evolver também.


Eu arregalei os olhos ao ouvir essas palavras saírem da boca do Kiro. Eu quase não pude acreditar.


Como se estivesse satisfeito em ver como eu estava chocada, Kiro ergueu as sobrancelhas e sorriu.


Kiro: Não acredita? Meu Evol é atrair os outros passivamente. Então é por isso que todos amam o Kiro.


Mei: Eu pensei que isso era só uma coisa que seus fãs diziam como brincadeira.


Kiro: Não, é realmente verdade. Eu sou um Evolver também, então eu tenho a responsabilidade de resolver isso o mais rápido possível.


A seriedade em seu tom afastou todas minhas dúvidas. Pode ser inacreditável, mas parecia explicar algumas coisas sobre as quais me perguntei antes.


Mei: Então, isso significa que aquele tumulto de antes entre os fãs foi por causa do seu Evol?


Kiro: Certo. Quando eu perco o controle do meu Evol, ele tem efeitos ruins. Eu não pude mais aparecer em público como Kiro, então eu não tive escolha a não ser me retirar.


Seu rosto pareceu magoado por um momento, mas rapidamente voltou ao normal.


Kiro: Além desse motivo, ainda tem uma outra coisa importante que eu preciso fazer.


Mei: Que coisa importante? É sobre isso que você falou no telefone da última vez? Eu pensei que você estivesse falando sobre se retirar...


Kiro: Não é se retirar. É outra coisa. Apesar que, nesse momento, solucionar o problema dos Evols fora de controle com você é mais importante.


Mei: Mas...


Kiro: Não diga não para mim. O motivo de eu estar aqui é para te ajudar.


Kiro: Eu sei que isso pode ser perigoso, mas isso só significa ainda mais que eu não posso te deixar ir sozinha. Eu quero te proteger também.


Eu parecia ser a única coisa em sua mente naquele momento. Aquele olhar determinado em seu rosto aqueceu meu peito e eu não pude dizer não para ele.

 

 

 

♕ Parte 7



A Torre de TV Loveland no centro da cidade tem 470 metros de altura e 120 andares. Costumava ser a estrutura mais alta da cidade de Loveland, um de seus edifícios de referência.


Devido a um incidente de perda de controle Evol há dois dias atrás, a torre foi fechada e todas as ruas nas proximidades foram bloqueadas.


Mas surpreendentemente, o que deveria ser um cenário desolado ao pé da torre, estava na verdade mais movimentado do que o normal.


Uma multidão de mulheres segurando placas e banners estavam reunidas na praça em frente a torre, e ao redor delas haviam alguns repórteres e equipes de filmagem.


Mei: O que está acontecendo? O que aconteceu?


Eu procurei no meu celular e encontrei uma pequena história de uma fonte desconhecida bombando online -- "Superstar Kiro irá fazer sua primeira aparição desde seu afastamento na torre de TV em Loveland."


Embora os funcionários da torre de TV tenham negado o boato, a notícia continuava se espalhando rapidamente.


Ninguém tinha visto o Kiro desde o seu anúncio, e nenhum meio de comunicação conseguiu descobrir um fragmento de informação sobre suas motivações.


Então quando essa notícia apareceu, verdade ou não, chamou a atenção de todo mundo, e os oficiais até precisaram enviar mais funcionários para manter a ordem.


Mei: Eles sabiam que você estava vindo aqui? Por que eles quiseram expor isso?


Isso me deixou completamente confusa. Eu olhei para o Kiro. Sua expressão parecia complicada.


Kiro: Eu acho que eles já nos falaram.


Mei: Que?


Kiro apontou para o fundo da fotografia que acompanhava o artigo. Havia uma série de letras em um lugar imperceptível na sombra do prédio -- "Aviso".


Mei: Aviso? Sobre o que eles querem avisar? Isso é só uma coincidência?


Kiro: Talvez em uma foto seja coincidência, mas está em todas essas fotos.


Eu olhei cuidadosamente para todas as fotos, chocada ao descobrir que não importava qual meio de comunicação ou qual fotografia, eu podia encontrar um "Aviso" em todas elas.


Mei: Sobre o que eles estão tentando avisar...?


Eu olhei para a multidão e vi que eles estavam todos olhando ao redor também. Todos pares de olhos eram como um scanner, escaneando qualquer suspeito.


Mei: Tem tanta gente agora. Como nós vamos entrar na torre de TV?


Kiro não respondeu. Seu silêncio repentino me deixou inquieta.


Mei: O que foi? É...


Antes que eu pudesse terminar, um grito agudo me interrompeu.


Mulher A: Aaaahh--! O que você está fazendo?!!


Mulher B: Me solta! Kiro não precisa de fãs como você!


A multidão de repente entrou em pânico. Várias mulheres começaram a brigar por algum motivo, suas emoções estavam ficando muito acaloradas.


Mesmo tão longe, os gritos ensurdecedores poderiam ser ouvidos claramente.


Nem mesmo alguns minutos depois, a situação piorou e elas começaram a bater umas nas outras, e até mesmo as pessoas que estavam por perto tentando acalmá-las foram envolvidas na pancadaria.


Mais e mais pessoas se deixaram levar por aquilo e a cena se transformou em um caos. Mesmo que a maioria fossem garotas jovens, a situação era assustadora.


Mei: Qu--Qual o problema delas?


Pôsteres e placas impressas com a foto do Kiro caíram no chão e foram pisoteados.


A mídia entusiasmada ergueu suas câmeras para capturar a ação, nem um pouco assustados com a ameaça para si próprios.


Estava um completo pandemônio.


A confusão foi rapidamente reprimida pelos seguranças responsáveis. Quando as garotas que a iniciaram foram removidas à força, elas ainda estavam lutando e agindo com instabilidade.


Foi um surto tão repentino e irracional. Poderia ser...


Eu olhei para o Kiro, que estava com os punhos cerrados e olhando silenciosamente para o caos diante dele.


Aqueles olhos que estavam sempre tão cheios de brilho agora estavam cheios de dor e preocupação inconfundíveis.


Kiro: Talvez seja um aviso que eles estavam dando para mim...


Eu senti uma dor perfurante no meu coração. Kiro sempre se importou tanto com seus fãs...


Como ele deve se sentir vendo seus fãs agirem violentamente diante dele?


Mei: É só um ataque repentino! E eu percebi que as garotas não estavam seriamente feridas.


Kiro: É, eu disse para o meu agente ficar de olho na situação. Logo ele vai estar aqui para lidar com isso.


Apesar de ter dito isso, ele ainda estava se sentindo mal com tudo aquilo. Eu não sabia o que fazer.


Kiro: Depois que nós entrarmos na torre de TV e estivermos bem longe, mesmo se meus poderes saírem do controle de novo, não terá um grande efeito. Agora, nós precisamos descobrir como entrar.


A confusão de agora há pouco abriu alguns poucos buracos na segurança ao redor da torre de TV, nos permitindo entrar pelo estacionamento do subsolo através de uma porta lateral.


Kiro pegou seu celular e abriu um app que eu nunca tinha visto antes.


Depois que ele digitou uma seqüência de números, eu ouvi um zumbido fraco nas proximidades.


Kiro: Isso pode bloquear temporariamente os dispositivos de monitoramento próximos. Eles não tiveram tempo para configurar muitos, portanto, chegar ao nível superior não será difícil.


O estacionamento do subsolo tinha uma entrada para funcionários. Kiro rapidamente crackeou a fechadura. Nós conseguimos entrar facilmente na torre de TV.


Por a torre estar temporariamente fechada, só algumas luzes fracas estavam acesas no corredor do subsolo.


Cada bifurcação na passagem estava mergulhada na escuridão, como se algo estivesse esperando lá. Eu olhei ao redor, em alerta caso alguém aparecesse de repente a qualquer momento.


Então, Kiro esticou o braço e pegou minha mão. O calor repentino me pegou de surpresa.


Kiro: Se você estiver com medo, você pode segurar minha mão.


Meu rosto começou a ficar vermelho.


Mei: Eu--Eu não estou com medo. Eu só estou preocupada se alguém vai nos encurralar.


Kiro: Eles não vão estar esperando por nós em um lugar como esse. Não se preocupe, eu não acho que esse seja o objetivo deles.


Mei: Oh? O que você acha que é o objetivo deles?


Kiro apertou minha mão com força. Eu não podia ver o seu rosto claramente, mas um tempo depois ele me respondeu.


Kiro: Minha suposição é que isso seja um experimento deles.


Mei: Um experimento? Um experimento Evol?


Kiro: Certo. Um experimento para amplificar as habilidades Evol. Mas o experimento falhou.


Mei: Você quer dizer que eles estão usando a cidade inteira de Loveland como cobaia?!


Kiro: Talvez não só a cidade de Loveland...


Nós não continuamos discutindo o assunto, mas uma semente de dúvida foi plantada em minha mente.


Se tudo isso for um experimento da Black Swan, então qual papel o Lucien está desempenhando nisso?


Qual é o objetivo deles ao me atrair para essa torre de TV?


Depois do longo corredor, nós finalmente chegamos ao saguão de entrada do andar térreo.


Ao abrir a porta, a luz repentina me fez fechar os olhos, e Kiro rapidamente colocou sua mão sobre eles.


Eu pisquei, meus cílios encostavam na palma de sua mão, fazendo a mão dele tremer também.


Kiro: Você ficará bem em um segundo.


Quando eu me ambientei, Kiro afastou sua mão. Uma rachadura gigante no saguão de entrada apareceu na minha frente.

 



♕ Parte 8



Sem um único turista na torre, ela era tão espaçosa e desolada. A rachadura era uma recordação do incidente que havia ocorrido aqui.


Dois dias atrás, várias rachaduras se abriram de repente nos pisos e paredes da torre, e rapidamente se expandiram. Isso causou um pânico enorme e quase provocou um tumulto.


Antes de ser confirmado se as rachaduras não iriam continuar se espalhando, a torre foi fechada.


Mei: Rachaduras tão enormes. Isso vai ser um problema?


Uma inspeção mais de perto mostrava rachaduras pequenas e grandes em todas as paredes, vidros e no teto.


Isso fez eu me preocupar se elas continuariam aumentando, fazendo com que a torre desabasse.


Kiro: Não será um problema. Eu fiz alguns cálculos. As rachaduras podem parecer assustadoras, mas elas não danificaram a estrutura de sustentação.


Mei: Mas esse não é um tipo de acidente bizarro?


Kiro: Talvez não tenha sido um acidente. Só um Evolver poderoso poderia ter um efeito tão preciso.


Kiro: Se o poder dele tivesse saído do controle, o saguão provavelmente estaria inteiramente destruído.


Kiro pegou um pequeno computador que ele carregava com ele e abriu um arquivo no desktop.


Uma imagem 3D de toda a torre apareceu na tela, com dezenas de linhas vermelhas indo de sua base ao topo.


Kiro: Essas são todas as rotas para o topo da torre.


Mei: Quem diria que tinha tantas rotas? Então, qual delas nós pegamos?


Turistas normalmente só pegam uma rota. As outras na tela são completamente novas para mim.


Kiro: Nós podemos descartar algumas daqui.


Enquanto falava, ele criou uma interface preta. A tela se dividiu em nove quadrados, cada um correspondendo a uma câmera de vigilância.


Depois de alguns segundos, mudou para outro lote de imagens. Tudo o que acontecia na torre, estava ali claramente para se ver.


Uma imagem que continha pessoas nela foi rapidamente destacada, dois guardas ainda estavam em serviço.


Também havia várias figuras suspeitas aparecendo. Não sabia dizer quem eram.


Kiro: Seria melhor se os evitássemos totalmente. Também tem alguns outros lugares fechados para reparo.


Kiro: Depois de descartar todas essas rotas, as únicas que sobraram foi...


Uma por uma, as rotas em vermelho na tela foram desaparecendo, até restar somente 3, todas elas se sobrepondo em uma parte.


Kiro enviou o mapa para seu celular. A estrutura em 3D se simplificou em um mapa plano que poderíamos seguir.


Kiro: Agora que as rotas estão estabelecidas, vamos pegar o elevador de serviço para o deck de observação do 90º andar.


Mei: Mas o elevador vai estar funcionando agora?


Kiro: Eles desligaram os elevadores turísticos, mas os outros ainda estão em operação normal.


Mei: Isso é bom. Caso contrário, chegar ao topo seria um grande problema.


O elevador de serviço parou no térreo. Nós entramos e começamos a subir. Os números no visor pulavam rapidamente. 20...30...


O ar aqui dentro parecia estagnado, e eu não pude deixar de pensar em tudo o que poderia dar errado.


Kiro: Por que você está tão quieta? Nervosa?


Eu realmente queria dizer não, mas eu concordei com a cabeça sinceramente.


Mei: Todas essas coisas malucas acontecendo comigo que parecem que saíram de um filme. É demais para a minha cabeça. Afinal, não sou uma atriz de ação.


Kiro: Mas você me tem! Eu sou o Key afinal de contas!


Eu parei por um segundo. Ter um hacker lendário como o Key era bom, mas ele não era um lutador também.


Mei: Nosso status de ataque combinado provavelmente não somariam nem 5...


Kiro: Não se preocupe, nós já escapamos duas vezes, não é? Isso não te deixa menos nervosa?


Vendo o quanto eu estava insegura, Kiro esticou a mão e acariciou meu cabelo. Curiosamente, meu coração inquieto realmente se acalmou.


O elevador subiu todo o caminho e chegou no deck de observação do 90º andar.


Nós atravessamos o saguão e através de uma parede de vidro, nós vimos uma cena completamente diferente do lado de fora.


Sob um céu azul celeste e um sol forte e brilhante, a cidade parecia uma floresta de edifícios atravessada por ruas que se estendiam ao longe.


Kiro: Vamos vir aqui por diversão da próxima vez.


Tudo estava indo tranquilamente e eu estava prestes a concordar com ele, quando ouvi alguém falar.


Estranho A: ...Eles entraram aqui?


Estranho B: Eu ouvi que eles entraram pelo estacionamento do subsolo.


Nós já fomos descobertos?!


Kiro reagiu imediatamente, me puxando para trás de um esconderijo na parede, um ponto cego perfeito ao longo do corredor curvo.


Kiro ficou na minha frente, seu corpo estava tenso.


Nesse silêncio, os passos no piso de mármore soavam mais altos e claros. Eles estavam vindo na nossa direção.


Eu não podia vê-los enquanto se aproximavam. Eu inconscientemente prendi a respiração.


Todos os meus sentidos estavam focados no som constante de passos e na mão quente que segurava a minha.


Os passos pararam perto de nós, e eu só consegui ver um pedaço da roupa preta da pessoa.


Eles nos viram? Eles vão nos ver? Minha mente estava acelerada de nervoso.


*Ding* O som repentino do elevador me fez tremer. Suor frio escorria pela minhas costas.


Depois de vários minutos, nós não ouvimos mais nenhum som.


Kiro: Está tudo bem. Eles foram embora.


Mei: Ai caramba, eu pensei que nós iríamos ser descobertos...


Minhas pernas pareciam gelatinas.


Kiro: Mas não tem como saber se eles vão voltar. Nós temos que correr.


Kiro olhou para o celular, estudando nossa rota.


Kiro: Não podemos pegar esse elevador por enquanto, então nós teremos que pegar o elevador de carga.


Mei: Mas...nós não descartamos o elevador de carga por que não era seguro?


Kiro: É possível que ele tenha sido afetado pelas rachaduras, mas ainda funciona.


O elevador de carga ficava na passagem da escada de incêndio. Os ladrilhos pretos abaixo de nós tinham rachaduras minúsculas que você mal notaria se não olhasse de perto.


Nós esperamos em silêncio enquanto o elevador subia do primeiro andar. Logo, ele chegou tranquilamente no nosso andar e as portas se abriram.


Eu respirei fundo.


Mas no momento que o Kiro pisou no elevador, algo aconteceu.


Kiro: Para trás!


Uma força poderosa me empurrou para trás de repente. Eu perdi o equilíbrio e caí no chão.


O elevador de repente caiu bem diante dos meus olhos. Eu assistia de olhos arregalados enquanto Kiro desaparecia de vista.


Mei: Kiro!!


As portas do elevador se fecharam lentamente. Eu parecia ouvir um estrondo muito alto.


Minha mente ficou em branco.

 



♕ Parte 9



Meu corpo todo começou a tremer de medo e pânico, mas agora não era hora de ficar assustada.


Mei: Ele tem que estar bem! Ele tem que estar...


Eu abracei meu corpo enquanto me preparava para levantar, quando ouvi o som iminente de passos.


Mei: Quem está aí?!


Um homem de preto apareceu, parando na porta.


Atrás dele vinha uma mulher jovem, com cabelos longos e pretos, irradiando arrogância e desprezo, como uma rosa salpicada de sangue, tanto cativante quanto  aterrorizante.


Ela estava toda vestida com couro preto e havia algo inefavelmente único nela. Ela era atraente, mas fria, fazendo você querer chegar perto dela, mas também fugir do perigo.


Várias outras pessoas de preto se juntaram atrás dela, mas nenhuma era tão intimidadora quanto ela.


Mei: Quem são vocês? Vocês são da Black Swan?


??: Nesse momento, você não precisa saber.


Ela ficou ali parada, olhando para mim como se estivesse me sondando, seus olhos cinza escuros eram como uma serpente de gelo avaliando sua presa, e eu tremi.


Mei: Você nos atraiu até aqui de propósito?


Mei: Você fez aquele elevador cair! Por que você teve que fazer isso? O que aconteceu com o Kiro? Ele...


??: Ele não está morto.


Mesmo uma voz tão fria soava como um anjo respondendo minhas orações naquele momento. Meus nervos feridos ao ponto de quebrar finalmente relaxaram.


Eu segurei as lágrimas e comecei a observar ao meu redor. Eu tinha que escapar dessas pessoas e me reunir com o Kiro.


O caminho que nós viemos estava bloqueado e do outro lado havia uma parede de vidro reforçado. Atrás de mim havia um elevador fora de serviço e um corredor. Só me restava uma opção.


Mei: Qual é o seu objetivo? Se for eu, então deixe o Kiro ir.


??: Ainda se preocupa com os outros mesmo agora?


Sua expressão era levemente irônica, mas sobretudo, havia algo mais profundo que eu não podia interpretar.


Ela se aproximou passo a passo.A distância cada vez menor fez todas as células do meu corpo gritarem para eu fugir.


Mas o que ia fazer na verdade? O que eu poderia fazer?


Uma dor repentina interrompeu meus pensamentos. Eu me apoiei no chão.


Uma enxurrada de imagens quebradas surgiram em meu cérebro. Meus olhos mergulharam em luzes cinzas, brancas e pretas.


Um barulho de vidro estilhaçando, cacos espalhando-se por toda parte, refletindo uma luz deslumbrante...


Eu abri os olhos, peguei o celular no chão ao meu lado, e sem hesitar o joguei em um canto da porta de vidro.


*Bang--!!*


Minha visão se repetiu diante dos meus olhos. Com a batida, toda a lâmina de vidro que já estava cheia de rachaduras se abriu de repente.


Choveram estilhaços onde a mulher estava parada.


Eu nem olhei. Aproveitei o momento para fugir para o corredor atrás de mim.


Mei: Ooof!!


Uma força repentina e gigantesca tomou conta de mim, me fazendo ajoelhar no chão.


Eu parecia ouvir meus ossos estralando. Quando dei por mim, eu estava me contorcendo, tentando escapar dessa força.


??: Pare.


Por um momento, aquela pressão no meu corpo parou. Com dificuldade, eu me inclinei na parede e me levantei, e o que eu vi depois me deixou chocada.


Todos os estilhaços de vidro estavam suspensos no ar, brilhando na luz do sol, como se uma mão invisível estivesse segurando eles.


Um vento violento soprou da janela quebrada, quase me derrubando, mas não moveu nenhum estilhaço sequer.


Debaixo deles, a mulher de cabelos pretos ainda estava no mesmo lugar, sua expressão não era de preocupação e nem de raiva. Ela não se mexeu, nem mesmo um centímetro.


Os estilhaços ao redor dela lentamente se levantaram e cuidadosamente a evitaram. De repente, percebi que provavelmente não havia apenas uma pessoa aqui.


Pensando na pessoa que estava na escuridão, meu corpo todo começou a tremer.


Eu fui levada para outro andar -- um saguão vazio com uma passarela de vidro suspensa no ar. A vista abaixo me deixou tonta.


A gravidade que pressionava meu corpo havia diminuído, mas ainda estava difícil para andar. Eu tentei me manter calma e não deixar o pavor que eu sentia preencher toda minha mente.


Mei: O que você quer fazer?


O olhar da mulher saiu da janela e se voltou para mim. Sua expressão estava um pouco surpresa, mas ela não respondeu minha pergunta.


Ela andou até mim, colocou uma mão debaixo do meu queixo e o levantou. Ela fez isso tão gentilmente, mas mesmo através de suas luvas suaves de couro, me fez tremer.


??: Nada de especial em você afinal.


Seus olhos frios me olhavam como se eu fosse uma coisa morta.


Mei: Que?


??: Se não fosse por....por que você faria ele balançar?


Ela disse isso como se estivesse falando comigo, mas também com o "ele" a quem ela se referia.


Mei: E quem seria ele?


??: Você realmente ainda não sabe de nada.


Ela me soltou, ficou parada na minha frente, e elegantemente tirou sua luva esquerda.


Uma cobra preta rastejou para fora de seu pulso, suas escamas de obsidiana se fundiam quase que perfeitamente com sua roupa preta.


Suas pupilas douradas travaram em mim enquanto sua língua bifurcada disparava para fora de sua boca.


Apesar de eu saber que cobras só podem ver a presa de perto, eu sentia que ela estava me observando com um olhar gelado, assim como sua dona.


Eu não pude controlar meu impulso de sair correndo, mas a força da gravidade ainda pesava sobre meu corpo.


Eu vi exposto em seu pulso uma estranha tatuagem preta de ouroboros, e havia uma cor cinza anormal na ponta de seus dedos.


Todos que estavam no saguão inconscientemente deram um passo para trás, tentando manter distância.


Eu me forcei a pensar em outra maneira de escapar. Minhas mãos que estavam amarradas atrás de mim tremiam, mas eu tinha que manter uma fachada calma.


Então, o som de um celular vibrando cortou a atmosfera tensa.


A mulher pegou seu celular, viu quem estava ligando, e olhou para mim com um olhar complexo em seu rosto.


Quem poderia estar ligando?


Vendo ela andar até a janela para atender a ligação, eu respirei aliviada.


Eu não sei porque essa pessoa me causa um sentimento intenso de perigo. Só de ficar perto dela eu já me sinto sufocada.


Eu podia ouvir ela falando, e a não ser que eu esteja ouvindo coisas, ela soava muito mais gentil do que antes.


??: ...Eu estou aqui para pegar de volta o equipamento do experimento. O efeito do P029 não saiu como esperado.


Ouvindo isso, meu corpo congelou. Eu pensei na hipótese do Kiro sobre tudo isso ser um experimento.


Um experimento onde todos na cidade de Loveland eram um objeto de teste. Era realmente verdade?


Toda minha atenção estava focada nessa ligação, esperando ouvir mais informações.


??: Você sabia?


??: Eu não consigo adivinhar o que você está pensando...Sim, você venceu.


Ela desligou a ligação abruptamente e andou até sua prisioneira despenteada.


Seu olhar constante de observação e sua animação ao me ver lutar desapareceram completamente.


Uma súbita fúria borbulhava em seus olhos cinza escuro. Eu não tinha idéia do que ela faria a seguir.

 



♕ Parte 10



??: Eu não vou te matar.


Sua expressão indiferente não correspondia de jeito nenhum com as palavras que saíam de sua boca.


??: Se você conseguir escapar das minhas garras, então eu admitirei que tem algum valor.


Sua mão nem sequer me tocou. Só pela proximidade, pude sentir uma dor ardente.


Eu olhei em choque quando as pontas dos dedos cinzentos dela pareceram se dissolver e se espalhar no ar, vagando como uma criatura viva. Eu inconscientemente prendi a respiração.


*Boom--*


Um som alto veio do andar debaixo de nós, e o chão pareceu tremer com o barulho.


O que foi isso? Uma explosão?


Logo depois, um enorme painel de vidro quebrou, e até mesmo os vidros abaixo começaram a rachar, como se fossem quebrar a qualquer segundo.


??: O que está acontecendo?


Assim que ela disse aquilo, muita fumaça branca começou a aparecer em todas as direções, preenchendo o espaço em poucos segundos.


Minha visão embaçou em um instante, obscurecendo as pessoas e a cena na minha frente.


Uma sirene de desastre estridente disparou, repercutindo por todo o edifício, abafando todos os outros sons. Os sprinklers automáticos no teto começaram a espirrar água do nada.


No caos repentino, a gravidade que estava me pressionando finalmente parou. Agora era minha chance!


A mulher na minha frente reagiu instantaneamente e tentou me agarrar.


Eu não sei porque, mas a mão dela parou de repente, apenas alguns centímetros de mim.


Eu acho que nunca mais vou ter um momento de tanta agilidade pelo resto da minha vida.


Disparando através da fumaça densa, eu rapidamente desviei de várias pessoas e corri para a saída.


Mei: !!


No meio da fumaça, uma mão de repente agarrou meu ombro.


Kiro: Vem comigo.


Era a voz do Kiro!


Meu nariz começou a arder e eu quase chorei.


Mesmo que estivéssemos escapando, o fato do Kiro estar bem era tudo o que eu conseguia pensar no momento. Eu senti uma felicidade como se tivesse sobrevivido a um desastre.


O prédio todo parecia estar cheio de fumaça, mas com seu mapa, Kiro sabia exatamente onde ir.


Eu senti que nós passamos por várias portas e corremos por um corredor, o som de passos atrás de nós estava recuando.


Depois de alguns minutos, a névoa gradualmente desapareceu.


Eu olhei para o Kiro que estava me puxando junto. Ele parecia uma bagunça, seu cabelo estava todo molhado e grudado na testa.


Seu rosto estava molhado e quando ele olhou para mim seus olhos também estavam.


Kiro e eu: Você está bem?


Nós dois fizemos a mesma pergunta ao mesmo tempo, e então finalmente eu falei primeiro.


Mei: Eles parecem ter algum outro objetivo, então não fizeram nada comigo ainda.


Mei: E você? Aquele elevador caiu de repente. Você se machucou?


Me lembrando daquele momento arrepiante, eu ainda me sentia preocupada e comecei a procurar se ele tinha algum ferimento.


Kiro: Eu estou bem. O elevador caiu alguns metros e então diminuiu a velocidade até parar. Foi só subir de volta até aqui que levou algum tempo.


Kiro me deu um sorriso tranquilizador enquanto ele minimizava o que havia acabado de acontecer com ele.


Mei: Bem, graças a deus...


Vendo que ele não queria me preocupar, eu mudei de assunto.


Mei: Aquela fumaça toda foi coisa sua?


Kiro: É, foi só um dos meus pequenos ataques especiais! Ainda bem que funcionou.


Kiro: Agora nós precisamos descobrir como sair daqui rápido. Eles são perigosos, e não só aquela mulher. Tem aquele que está escondido nas sombras também.


Ele abaixou a cabeça e encontrou a informação que estava procurando no emaranhado de rotas em seu telefone. Seus longos dedos rapidamente pararam.


Kiro: Nós não podemos usar nenhum dos elevadores agora. Só nos resta as escadas. Você consegue fazer isso?


Ele olhou para mim, nem em pânico e nem abalado, o que me deu uma enorme coragem.


Mei: Eu consigo!


(No saguão)


Homem Misterioso: Que pequeno truque idiota.


A fumaça branca desapareceu instantaneamente, e os buracos feitos no vidro foram controlados a uma certa altura.


Com a ventilação cruzada, o vento que entrava não afetou as pessoas em pé.


A cobra preta se enrolou ao redor do pescoço de sua dona, sacudiu a língua e olhou de forma maligna para o homem que apareceu de repente.


Homem Misterioso: Eles fugiram. Você não vai atrás deles?


??: Não.


Homem Misterioso: Tch. Isso não tem graça.


Homem Misterioso: Você não quer ver até quando eles vão lutar? Se você acabou de brincar, então é a minha vez.

 


 

♕ Parte 11



As escadas em espiral continuavam subindo, parecendo não ter fim.


O espaço aberto de aço e vidro refletia a luz do sol do telhado, como um castelo de vidro cor de âmbar.


O aço cruzado emitindo luz e sombra formava uma imagem desorientadora.


Os degraus em forma de espiral subiam ao redor da parede, como uma infinita escada para o céu.


O som de passos ecoavam particularmente claros nesse lugar tão quieto.


 *Thud--*


De repente um som veio de baixo, ecoando como se algo tivesse quebrado e caído do alto.


Esses sons continuaram vindo, repercutindo incessantemente enquanto seus ecos lentamente desapareciam. Isso fez minha sensação de mal-estar ficar mais forte.


Mei: O que é esse som?


Kiro: ... !!!


Kiro não respondeu. Depois de um segundo, ele de repente me puxou e acelerou o passo.


Kiro: Corre! Rápido!


O som estrondoso se aproximava e eu olhei para trás enquanto corria. O que eu vi quase me tirou o fôlego.


Pelo que pude ver, as escadas abaixo de nós estavam gradualmente desmoronando nível por nível.


Como se estivessem sendo afetadas por alguma força pesada, elas se deformavam e se partiram na base. O aço e as pedras caíam fazendo um grande estrondo.


Mei: O que está acontecendo? Por que as escadas...


Kiro: É o poder daquele cara!


Isso é um Evolver? Aquele que estava colocando peso em mim agora há pouco tem esse tanto de poder destrutivo?


O barulho continuava se aproximando cada vez mais. Eu não tinha coragem de olhar para trás outra vez.


Meus pés estavam ficando pesados e estava ficando cada vez mais difícil respirar.


As escadas desmoronando e os barulhos eram como uma morte inexorável. Uma sombra pesada envolveu todo o espaço e a pressão aumentou em meu peito.


A distância até o topo estava desesperadamente longe. Parecíamos estar correndo por um corredor sem fim, vendo a mesma coisa repetidamente.


Meu corpo estava quase no limite. Meus pulmões doíam, meus músculos queimavam, mas meus pés não ousavam parar.


A mão que estava segurando a minha e o calor de outra pessoa me dava o maior suporte.


Kiro: Aguenta firme, Mei.


Quanto mais perto chegávamos do telhado, mais perto estávamos do emissor, e maior ficava o seu efeito. Eu não tinha sentido nada antes, mas agora eu comecei a sentir um desconforto.

 

Kiro, que estava correndo na minha frente, de repente cambaleou, quase perdendo o equilíbrio. Por sorte ele estava segurando no corrimão.


Mei: Kiro! Você está bem?


Kiro: Estou bem. Meu pé só escorregou. Eu te assustei?


Kiro tentou parecer o mais normal possível, mas eu podia sentir sua mão tremendo na minha.


Mei: Você tem certeza? Nós...


Kiro: Nós estamos bem. Nós definitivamente vamos ficar bem.


Kiro apertou minha mão com força. Ele olhou para trás e me deu um sorriso tranquilizador.


Seus olhos no momento escondiam algo que eu não entendi, mas eu não tinha energia para pensar sobre isso.


Chegar ao topo e desligar o emissor. Depois disso, eu não tinha idéia do que fazer.


Eu já podia sentir o vento sendo soprado pelas escadas desabando atrás de mim. Cada passo nosso era uma corrida com a morte.


Meu único pensamento era continuar seguindo em frente.


Kiro: Quase lá.


Até mesmo a jornada mais longa tem um fim. Parecia que um ano tinha se passado.


Eu olhei para cima e vi a porta do telhado meio aberta, uma placa de "Em Manutenção" estava na frente dela. Pela fresta da porta, eu pude ver a estrutura de metal no telhado.


Era exatamente como no meu sonho.


Mei: Conseguimos!


Minha voz tremeu de emoção, mas nenhum de nós dois percebeu. Aquela porta era o amanhecer depois de uma longa noite. Eu tive vontade de chorar lágrimas de alegria.


Kiro: Ele está aqui.


Mei: Que?


Há um passo do telhado, Kiro parou.


Ele soltou minha mão, e a repentina perda de seu calor me deixou zonza.


Mei: O que foi?


Ele se virou e olhou para mim. Seu rosto era um branco pálido, seu sorriso ainda era gentil.


De repente eu me senti extremamente inquieta.


Mei: Nós vamos entrar, certo?


Kiro não respondeu. Seus olhos fixos em mim brilharam com um flash de luz dourada.


Quando eu olhei cuidadosamente, eu descobri que seus olhos haviam se transformado em uma deslumbrante cor de ouro, como o âmbar mais puro, ou o tempo cristalizado.


Dentro do ouro haviam pequenos flashes constantes, uma linha após a outra de minúsculos códigos, exatamente como um texto passando por uma tela.


Kiro: Eu te ordeno--


Eu nunca tinha ouvido ele falar assim antes: rígido, severo e solene.


Kiro: Tudo dentro do meu alcance de controle pertence a mim. Agora ande até o telhado, tranque a porta e não deixe ninguém entrar.


Kiro: ...incluindo eu.


Enquanto ele falava, eu percebi em pânico que eu era incapaz de falar. Eu não conseguia me mexer, como se eu tivesse perdido o controle sobre o meu corpo.


Kiro: Não tenha medo, Mei.


Meu corpo começou a se mover sozinho, não obedecendo aos meus comandos. Passo a passo, eu passei pelo Kiro.




Quando passei ao lado dele, eu o ouvi dizer:


Kiro: Você vai ficar bem. Eu disse antes, eu definitivamente conseguirei desta vez. Eu vou sempre te proteger.


Sua voz era suave, tão suave quanto o vento, se afastando de vez.  


Eu passei pela porta e entrei no telhado.


Minha alma se sentia presa em um recipiente vazio. Eu perdi a habilidade de pensar.


Eu me virei e lentamente fechei a porta.


Não! Não! Kiro ainda não veio!


Eu gritei silenciosamente, rezando, mas meu corpo continuou fazendo o que ele tinha sido controlado para fazer.


Somente minhas lágrimas seguiram lealmente os desejos dos meus pensamentos, jorrando para fora e embaçando minha visão.


Eu vi as escadas desmoronando nível por nível, e uma figura preta suspensa no ar atrás do Kiro, como se fosse a própria morte com sua foice.


*Bang--* Eu fechei a porta.


Através das minhas lágrimas, a última coisa que eu vi foi o velho sorriso familiar do Kiro.


Seu sorriso era carinhoso e deslumbrante, como se estivéssemos enfrentando não um perigo imenso e a escuridão, mas sim um sonho, um sonho que concordamos em explorar juntos.


Antes da porta se fechar totalmente, eu ouvi ele dizer uma última frase:


Kiro: Miss Chips, espere por mim!


O chão debaixo de seus pés desapareceu.


*Click* -- Eu tranquei a porta.


O cenário todo desapareceu. A única coisa na minha frente era uma porta de metal cinza e fria.


Eu não pude ouvir mais nada enquanto estava ali sozinha, no único lugar dessa cidade que ficava mais próximo do céu. Um vento forte passou pelo meu rosto com um frio de amargar.


Eu pareci ter visto um pássaro de asas douradas passar voando, como um raio de luz cruzando o céu, deixando um rastro de luz temporário em minha visão.

           


 

♕ Parte 12




Um longo tempo se passou e o céu gradualmente foi escurecendo. Eu finalmente consegui me mexer.


Todo o apoio parecia ter sido tirado do meu corpo em um instante e eu caí no chão.


Eu me recuperei por alguns minutos antes que eu pudesse ter controle sobre o meu corpo de novo.


Meus pensamentos eram como uma grande bagunça emaranhada. Pareceu ter várias dicas e pistas, mas eu não pude decifrar nenhuma delas. Eu não tinha entendido nada.


Eu me esforcei para levantar e bati na porta que estava trancada. Eu puxei a fechadura enferrujada, mas ela não abriu e não houve resposta.


Mei: Kiro! Kiro!


Mei: Kiro! Onde você foi? Por que você fez isso...?


Eu gritei o nome do Kiro, mas só o uivo do vento que respondeu, como se fosse o trompete mais triste do mundo.


Mei: Por que...? Nós não combinamos que enfrentaríamos isso juntos...?


Eu deslizei até o chão sem forças. Meu corpo todo tremia como se estivesse imerso na água gelada.


Kiro...Eu vou esperar por você aqui, sempre...Volta logo!...


Minha boca se abriu e as lágrimas caíram incontrolavelmente em grandes gotas, entrando na minha boca e se transformando em um amargo desamparo.


Eu olhei para a porta de metal bem fechada e um interminável dilúvio de desespero surgiu na minha garganta.


Era eu quem tinha que vir até aqui. Kiro só estava me acompanhando.


Eu queria resolver esse problema e ele queria ajudar, mesmo que isso significasse enfrentar uma escuridão além da salvação.


Toda vez é desse jeito. Eu faço as pessoas ao meu redor se machucarem e as coloco em perigo.


Por que...é sempre desse jeito...?


O telhado vazio era como um oceano infinito. Pela primeira vez, percebi como eu era uma criatura insignificante.


Uma luz vermelha piscou, como uma contagem regressiva do relógio do destino. Havia um gosto de ferrugem no ar.


Um monstro de ferro exatamente como no meu sonho. A alavanca de controle do emissor não estava tão longe do topo da torre, onde o transmissor estava.


O vento estava muito intenso no topo do prédio, tão intenso que era difícil ficar de pé.


Ele soprava tão forte que minhas lágrimas só deixaram um rastro de sal no meu rosto, me doendo bastante.


Eu lutei para subir a escada, degrau por degrau, lentamente indo para cima.


Eu preciso desligar a alavanca...Eu preciso esperar pela volta do Kiro em um lugar mais seguro e calmo...


Meu desconforto ficava mais e mais intenso, até eu não conseguir mais ignorá-lo. Parecia que quanto mais próximo eu chegava, mais severo ficava.


Minha mente estava quase apagando e era difícil recuperar o foco.


Eu mordi meu lábio com força, até eu sentir o gosto de sangue.


*ZZzzzZzzz--*


De repente eu ouvi o som fraco de eletricidade.


Eu olhei para cima. O controle dentro da caixa estava ao alcance do meu braço.


Eu estiquei o braço e abri a caixa.


Uma alavanca vermelha apareceu diante dos meus olhos.


Eu só preciso puxar essa alavanca e a cidade de Loveland vai voltar ao normal!


Talvez eu consiga ver o Kiro muito em breve!


Eu reuni todas minhas forças e no instante que eu toquei a alavanca minha visão ficou branca.


Eu puxei a alavanca para baixo com dificuldade e então perdi todas as minhas forças. Meu corpo caiu para trás.


Mei: ...


Completamente exausta e sem mais nenhuma força para lutar, eu só pude me entregar ao desespero e mergulhei para a noite eterna.


Cenas do meu sonho pareciam estar reprisando. Névoa branca, uma alavanca sendo puxada para baixo, uma figura despencando -- acabou que era eu.


Meu corpo caindo rapidamente não tinha nada em que se agarrar. O vento furioso em meu ouvido parecia anunciar a morte.


Em transe, eu parecia ver o sorriso deslumbrante do Kiro e a mão gentil que ele estendia para mim.


Eu vi uma tarde chuvosa e eu tirando uma jaqueta da minha cabeça, observando um jovem correr na chuva.


Eu vi uma árvore de cânfora com suas folhas balançando e um homem de aparência indiferente cuidadosamente colocando um nó da paz em seu bolso.


Eu vi uma noite bem iluminada e um homem alto que acariciou minha testa e olhou profundamente em meus olhos.


E eu vi meu pai. Eu vi ele amarrando um balão vermelho no meu pulso.


Incontáveis cenas do passado flutuavam diante de mim, brilhando carinhosamente na noite escura.


Todos dizem que bem antes de você ir embora desse mundo, você vê todos os momentos mais doces e carinhosos da sua vida. No fim das contas, isso realmente acontece.


Essa queda era longa, tão longa que eu já tinha recordado minha vida inteira.


E ainda assim tão curta, muito curta para acabar tão já. Eu queria me agarrar às brasas desse calor amoroso.


Gradualmente, eu parecia ver as luzes e ouvir o alvoroço de pessoas. Parecia não estar tão longe de mim.


Uma lágrima saiu do canto do meu olho. Eu fechei os olhos e esperei pelo meu momento final.


Meio atordoada, eu pude sentir um vento familiar me segurando.


O sentido voltou para o meu corpo e eu fui envolvida por um cheiro forte de sangue, mais profundo que a noite.


Minha queda rápida não parou. Uma lágrima no meu olho tinha acabado de ser enxugada gentilmente.


Algo ansioso soou em meus ouvidos, abafado pelo vento. Eu não pude ouvir claramente.


Ele pareceu dizer, que ele veio tarde demais...


Quem era ele? Eu já não tinha mais força para distinguir.


Eu só sabia que no meu momento final, eu não estava mais sozinha.


Um céu meio-claro, meio-escuro, uma torre de aço prateado, um transmissor piscando, isso era tudo o que restava no meu mundo.


Um vórtice negro rasgou o céu e as correntes de ar que surgiram pareciam prestes a devorar tudo.


Uma luz branca brilhou através do céu, se aproximando de mim. No fim da luz havia uma mão esbelta.





A consciência correu de volta para o meu cérebro à beira da morte. Antes disso, eu pude ouvir claramente suas última palavras:


??: Eu vou te acompanhar, até o fim.

 



─── ・ 。゚☆: *.☽ .* :☆゚. ───

.Traduzido por Lu Zhou.

☆ 周棋洛 Miss Chips 





4 comentários:

  1. Quando vai conseguir traduzir o restante? Muito ansiosa principalmente para entender a transformação do Gavin

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  2. Quando vai conseguir traduzir o restante? ansiosa para entender a transformação do Gavin, até agora tentando entender o que houve, cadê aquele amor por ela?

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  3. Alguém sabe se o site acabou ou coisa do tipo?

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    Respostas
    1. A moça que fazia a tradução de Mr love está traduzindo no Youtube, o canal dela está na lateral. E basicamente sim, vou manter o blog com todo o conteúdo que tem, mas não traduzirei mas nada por escrito nele.
      Assim que terminar Diabolik lovers more blood devo fazer um aviso

      Excluir

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