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♦ Capítulo 8 - O Outro Ele ♦
♕ Parte 1
"Ontem, ocorreu uma paralisia generalizada da
Internet em Loveland."
"Afetou todos os websites na cidade. Em cada
homepage, havia a assinatura de um hacker chamado Key."
"Isso afetou profundamente o dia a dia dos
moradores, mas as autoridades ainda precisam responder a partir das 17h de
hoje."
"Temos informações que uma investigação foi
iniciada, mas até momento não há pistas."
As notícias passaram na TV a noite toda, onde quer que
você colocasse.
Willow: Quem é esse cara chamado Key? Ele é conhecido?
Kiki: Você não sabe quem é o Key? Ele é uma lenda entre
os hackers!
Kiki começou a tagarelar sobre as ações e façanhas desse suposto
deus dos hackers.
Kiki: Key apareceu no cenário hacker há muito tempo.
Kiki: 17 anos atrás, ele hackeou os servidores de uma instalação
secreta de bio-pesquisa. Dizem que foi o pior cyber ataque em 100 anos!
Enquanto eles conversavam sobre o Key, um incidente de
muito tempo atrás surgiu na minha mente.
17 anos atrás foi quando o "Miracle Finder" foi
lançado.
Tendo 5 anos na época, eu não entendia o porque meu pai
ficou tão ocupado de repente.
Muito tempo depois, eu descobri que o cuidadoso trabalho
de relatórios do meu pai evitou que o arquivo mais confidencial da instalação de
bio-pesquisa vazasse.
Sua peça de investigação chamou muita atenção, mesmo em
uma era antes da internet se tornar popular.
Ele rastreou o incidente e até mesmo fez um curto
documentário que foi o precursor do programa "Miracle Finder".
Ele expôs a invasão do hacker antes que ela ficasse pior,
e Key simplesmente desapareceu.
Willow: Então você está dizendo que ele ressurgiu?
Kiki: Nah, ele está de volta desde o ano passado,
mas...ele só tem feito coisas do bem.
Mei: Coisas do bem?
De repente minha curiosidade foi atiçada.
Kiki: Ano passado, Key expôs um monte de hackers
maliciosos e principalmente reduziu a quantidade de crimes cibernéticos que
estava ocorrendo.
Kiki: E ele sempre deixa uma marca -- sua assinatura --
toda vez que ele expõe alguém. Igual o Zorro! Tão legal..
Kiki: E o mais incrível é que ninguém nunca encontrou
ele. Alguns de seus programas antigos foram encontrados, mas ninguém foi capaz
de decifrá-los.
Mei: Ele parece ser um belo vira-casaca, não?
Kiki: Existem suspeitas de que não foi realmente ele que derrubou
toda a internet, mas ele é o único habilidoso o suficiente...
Kiki: Tem uma enquete rodando nos fóruns online sobre o
porque ele deu essa virada de 180 graus. Aparentemente, a teoria que está
liderando é a que...
Todo mundo segurou a respiração enquanto a Kiki limpava a
garganta e lentamente revelava:
Kiki: Ele. Tem. Transtorno. De. Personalidade. Múltipla!
Mei: Pbbfftt...
Minha curiosidade tomou conta de mim, então eu fui
pesquisar sobre Key.
"Rei do Mundo Cibernético", "Hacker
Lendário", "O Hacker mais temido"...
Todos os artigos de notícias alertavam sobre o quanto Key
era habilidoso e temido.
Porém, quanto mais eu lia, mais as histórias começavam a
tomar um rumo bizarro...
"O antigo Deus-Hacker Key é obcecado por história em
quadrinhos!"
"Key hackeou um site só para ler a prévia do final
do mangá 'Fullmetal Alchemist'"!
"A cidade de Loveland vendeu todos os mangás
favoritos do Key em 1 hora!"
Eu estava perplexa. Como pode esse Key ser tão diferente
daquele que meu pai investigou?
O Key das anotações do meu pai era tão silencioso. Esse
retorno misterioso com um novo temperamento estava me fazendo acreditar nessa
teoria do transtorno de personalidade múltipla.
É uma pena que eu não faço idéia de como encontrá-lo.
♕ Parte 2
Eu deixei de lado a idéia de entrevistar Key para
verificar as propostas de shows.
Mas então meu celular vibrou com uma notificação de
e-mail vinda de uma Associação de Hackers.
Eu sorrateiramente levei o celular para debaixo da mesa e
abri o e-mail.
Prezado BigDaddy123...
BigDaddy123? Isso é um spam? Ou enviaram para o endereço
de e-mail errado?
Eu continuei lendo.
Você está cordialmente convidado a participar do Encontro
Anual de Hackers. Abaixo consta o endereço e senha.
Endereço errado com certeza, e eu nem tinha o e-mail do
BigDaddy123 para encaminhar a mensagem para ele...
Anna: Ei, você está com a gente?
Anna me cutucou.
Mei: Eu ainda estou pensando em uma maneira de contatar o
Key.
Anna: Todo mundo está procurando por ele. Um entrevista
exclusiva iria nos arremessar direto para o topo.
Kiki: Só se nós fizéssemos parte desse cenário é que
poderíamos ter algum conhecimento interno.
Parte do cenário? Eu tenho esse e-mail...
Mei: O que você sabe sobre a Associação de Hackers?
Kiki: Oh meu deus, é tipo uma coleção dos melhores
hackers de Loveland!
Vendo como ela estava maravilhada, eu tive a brilhante
idéia de ir nesse encontro. Quem sabe eu não descubro algo?
Desculpa, BigDaddy123. Mas afinal de contas, o e-mail foi
mandado para mim. Talvez seja o destino...
Pensando nisso, eu pisquei para a Anna.
Mei: Eu posso ter uma "entrada".
Agora que estava decidido, eu comecei a desenterrar qualquer
coisa que eu podia sobre a Associação e o encontro deles.
Eu descobri que eles fazem isso todos os anos para trocar
informações e aprimorar suas habilidades.
Devido à rigorosa triagem, só os melhores dos melhores
são convidados.
O e-mail foi para a pessoa errada, mas justamente na hora
certa!
Naturalmente, eu teria que passar os próximos três dias estudando
para não estragar meu disfarce.
Eu acabei colecionando várias informações. Qualquer um
que passava pelo meu escritório ficava impressionado com meu esforço.
Mas só eu sabia que nunca passei da primeira página.
Mei: Eu sei o que as palavras significam individualmente,
mas não quando elas estão embaralhadas todas juntas desse jeito!
Três dias cansativos depois, era a data do encontro. Eu naveguei
por ruelas sinuosas usando o GPS.
Mei: Vá direto para o Gourd Alley, próximo ao Gold
Boulevard,787. Vire à esquerda no terceiro cruzamento.
Mei: 5º cruzamento na Sunset Boulevard, vire à direita e
depois 500 metros para cima...
Mei: Rua Peacock, 199. Finalmente consegui!
Eu olhei para cima e olhei duas vezes.
♕ Parte 3
Uma placa gigante escrito "Cybercafe" estava
pendurada balançando ao vento sobre uma loja em ruínas com a tinta descascada.
Esse é o lugar onde supostamente só os melhores dos
melhores se reúnem?
Eu esfreguei meus olhos para ter certeza que não era um
sonho.
Punk: Garota básica, penteado básico...
Mei: O que você disse?
De repente eu percebi um homem parado na porta, com
cabelos vermelhos e espetados cobertos de joias metálicas.
Olhando de perto, havia na verdade uma ordem nesse caos.
Assim como o cabelo dele, espetado para cima, sem um fio fora do lugar.
Ele me olhou e balançou a cabeça.
Mei: Você estava falando comigo?
Punk: Eu posso te dar um novo visual maneiro, te deixar
fabulosa.
Mei: N-Não, obrigada...
Eu acenei um não e me afastei.
Mei: Eu vim para o lugar errado?
Eu verifiquei o endereço e estava certo. Eu ainda tinha
30 minutos antes do encontro, então eu fui procurar ajuda.
Eu circulei a cafeteria algumas vezes antes de decidir
falar com um grupo de rapazes vestidos de forma estranha.
Mei: Com licença, esse é o local para o Encontro de
Hackers?
Eles me olharam de cima a baixo.
Pedestre: Como você sabe sobre isso?
Mei: Eu, hmm...estou aqui para participar...
Enquanto eu tentava mentir sobre minha ida, um dos
rapazes começou a rir.
Pedestre: Primeira vez, né? Lembre-se de colocar seu
disfarce antes de entrar.
Que? Você tem que se disfarçar para entrar no Encontro de
Hackers?
Vendo a minha confusão, o rapaz apontou para seus amigos.
Pedestre: Nós todos somos hackers. Quando nos encontramos
na vida real, temos que manter nossas identidades em segredo. Quanto mais
famoso você for, mais secreto você tem que ser. Não sabia disso?
Eu balancei a cabeça em ignorância sem perceber e depois
concordei.
Então é assim que as coisas são! Por sorte eu não entrei
desse jeito ou então meu disfarce seria descoberto.
Olhando para como eu estava vestida, eu decidi que
precisava de uma transformação, pelo menos para tentar parecer um deles.
Eu corri às pressas para a única loja de roupas ao redor.
♕ Parte 4
Mei: Isso deve dar.
Olhei para o meu novo eu no espelho e senti que algo
estava errado.
Eu peguei uma fita e amarrei meu cabelo para cima. Estava
um pouco melhor.
Vendedora: Wow, você está ótima, senhorita! Combina
perfeitamente com você!
Mei: S-Sério?Você pode dizer que sou eu?
Vendedora: É claro! Quem não reconheceria sua beleza?
Mei: Oh, então esquece...
Vendedora: Não, não, eu não te reconheço. Até esqueci
como você era há um tempo atrás.
Sempre dizer aos clientes o que eles querem ouvir, já
percebi.
O encontro estava para começar, então eu comprei sem
pensar duas vezes.
Segurando a aba do meu chapéu, eu corri de volta para o
café. O punk de cabelos espetados ainda estava na porta, batendo o pé.
Ele olhou para mim de cima a baixo e então cuspiu uma
seqüência de números.
Punk: 5-8-9-0-4-8-5-3
Então na verdade ele é o porteiro! Não é à toa que ele me
confundiu com um pedestre antes de eu me disfarçar!
Eu regurgitei os números que eu tinha memorizado por
tanto tempo.
Mei: 5-7-9-8-6-7-1-1-9
Ele abriu a porta da cafeteria atrás dele.
Punk: Você se quer se associar? 25% de desconto em todas
as compras.
Mei: Não, obrigada...
Eu corri para dentro.
Eu segui por um corredor longo e sinuoso a ponto de quase
ficar tonta, até que finalmente comecei ouvir o som de pessoas.
Abri uma porta para uma sala de conferência simples, toda
em preto e branco, com um painel de teto de madeira em forma de cunha suspenso
como um enigma e assentos soldados com peças de metal numeradas.
Meu coração batia rápido sabendo que eu estava para
entrar em mundo desconhecido com uma falsa identidade. Eu respirei fundo e
continuei.
Alguns hackers estavam reunidos na porta conversando
sobre alguma coisa, caindo na risada de vez em quando.
Caramba, é como se eles tivessem falando grego. Não
consigo entender uma palavra...É melhor continuar andando.
A sala começou a encher. Eu me movia cuidadosamente com
as costas voltadas à parede.
Hacker A: E quem é você?
De repente, um bando de olhos se viraram em minha
direção. Eu congelei no lugar.
O que eu devo dizer? ...Provavelmente ele está
perguntando pela minha identificação...
Mei: Eu sou, hum, Big...Daddy...123...
Eu mal podia dizer o nome em voz alta.
Hacker A: Primeira vez, certo? Lembre-se se trocar para o
seu disfarce antes de entrar.
Mei: Heh-heh...Nossa, obrigada...
Eu lentamente tentei sair de fininho.
Hacker A: Então, qual é a sua opinião sobre o método de
transmissão de senha quântica que ele acabou de sugerir?
Eu mais uma vez...congelei no lugar. Que diabos é isso?
Várias janelas pop-ups de erro do Windows começaram a
aparecer na minha cabeça, e então deu branco.
Mei: Bem, sobre isso, eu acho...uh...
Eu vasculhei meu cérebro o máximo que eu pude, mas não
consegui encontrar uma única coisa para dizer.
Dane-se! Apenas diga qualquer coisa! Os políticos fazem
isso o tempo todo!
Mei: Sob certas circunstâncias, é viável. Sob outras
certas situações, é, hmm, não é.
E com isso eu surpreendi não só a mim mesma, mas a todos
na sala.
♕ Parte 5
Todos pararam de conversar e olharam para mim confusos.
Eu mordi a língua com força. O que eu acabei de dizer?!
Agora seria a hora perfeita para um terremoto, tsunami ou algo parecido!
??: Hey, você está aqui.
Um homem alto com um boné preto acenou para mim e se aproximou.
Ele está...falando comigo?
Eu não tinha muita certeza, mas eu senti que ele estava,
mesmo que eu não pudesse ver seus olhos muito bem.
Mas ele deve ter me confundido com alguém...Oh, dane-se,
essa é minha chance de escapar!
Mei: Sim, eu cheguei aqui atrasada...
Ele concordou com a cabeça. Os hackers ao redor voltaram
a conversar, mas dessa vez o assunto era o homem que tinha vindo na minha
direção.
Hacker B: BigDaddy123 e The Sysop se conhecem!
Eu soltei um suspiro de alívio, olhando para o homem
ainda parado ali e então saí para outra direção.
Mei: Essa foi por pouco...
A última vez que eu fiquei tão nervosa assim foi quando
entreguei o relatório na LFG...
Então esse cara deve ser o The Sysop, mas por que ele
falou comigo? Eu me disfarcei bem? E ele parecia familiar...
Eu acariciei a peruca na minha cabeça e ajeitei meus
óculos de sol. Isso era inacreditável.
Enquanto a sala se enchia, eu me isolei em um canto,
observando o ambiente de alta tecnologia e ouvindo as conversas.
Se eu não puder entrar em contato com o Key, uma parte
desse encontro secreto pode ser uma boa alternativa.
Eu olhei ao redor curiosa e vi o Sysop no canto sozinho,
olhando seu celular.
Então, um anuncio foi emitido, lembrando a todos para
fazer login.
Do meu assento, eu imitei os outros acessando o touchpad
e desajeitadamente digitei BigDaddy123.
The Sysop: Então esse é seu assento, BigDaddy123?
Eu me virei e vi que o homem que estava no canto havia se
sentado na cadeira ao meu lado.
E teve um pequeno tom brincalhão no final da sua frase.
Eu me dei conta de que ele sabia que eu era uma impostora
naquele momento e estava só me livrando daquele aperto.
Eu relaxei, mas também corei levemente.
Mei: Obrigada pelo que você fez aquela hora.
The Sysop: Tudo bem. Além disso, você estava bloqueando a
porta e eu não conseguiria entrar de outra maneira.
Okay, então foi por isso.
Mei: Você não vai contar, vai?
The Sysop: Não se preocupe. Em meus 20 e poucos anos de
hacker, eu nunca passei um segredo para ninguém.
Mei: Vinte e poucos anos?
Mei: Você...você realmente tem em torno de 45 anos? Não
dá pra perceber de jeito nenhum!
Os cantos dos lábios dele se curvaram um pouco para cima.
The Sysop: Na verdade, eu tenho 30, mas você acreditaria
que eu comecei o colégio quando tinha 10?
Isso soa como um verdadeiro hacker! Eu concordei com a
cabeça, admirada.
Aquilo fez ele rir.
The Sysop: (Rindo) Você realmente acreditou nisso?
The Sysop: E ainda por cima eu estou usando uma máscara.
Você nem mesmo pode ver meu rosto.
Mei: Então é assim que você pode contar mentiras tão
descaradas ...
Eu estava um pouco brava, mas o homem simplesmente
continuou rindo.
Sua risada me acalmou e eu tive aquela sensação de
familiaridade de novo.
Não só seu comportamento e sua voz, mas até mesmo o jeito
que ele provocava as pessoas, me lembrava alguém.
Mei: A idade é um segredo bem guardado entre vocês,
hackers?
The Sysop: Não só a idade, tudo é segredo... assim
como, mesmo que eles não saibam, eu sei que você sabe que eu sei que você não é
o BigDaddy123.
Ele deu uma pausa.
The Sysop: Isso soa um pouco confuso. De qualquer forma,
a questão é, seu segredo está seguro aqui.
Mei: Isso significa que não há uma maneira de eu
encontrar o Key?
The Sysop: Espera, que? Por que você quer encontrar o
Key?
Mei: Bem...Eu quero entrevistar ele
Eu me aproximei do Sysop e sussurrei.
The Sysop: Oh, então é por isso que você se meteu nesse
traje ridículo!?
Hey, meu disfarce não é assim tão ruim...
Mei: Mas a história desse cara é bem estranha, não é? Ouvi
dizer que ele está em ascensão desde que reapareceu, apenas para voltar atrás e
começar a derrubar sites.
The Sysop: Então você também acha que ele é um cara mau?
E concordei, mas depois balancei a cabeça.
Mei: Eu só achei que a mudança foi muito drástica, mesmo
que ele tenha feito coisas ruins no passado...
O Sysop continuou olhando para mim, parecendo esperar que
eu continuasse.
Mei: Mesmo assim, é errado tirar conclusões precipitadas,
especialmente quando tudo o que temos é uma assinatura dele.
De repente ele caiu na risada.
Mei: Que? Eu disse alguma coisa errada?
Ele balançou a cabeça.
The Sysop: Pelo contrário, eu acho que foi muito bem
dito.
The Sysop: O mundo dos dados é composto de 1 e 0, mas
para humanos é mais do que preto e branco.
♕ Parte 6
Enquanto eu contemplava o significado das palavras dele,
as luzes de repente se apagaram.
Depois de um som de clique, as luzes voltaram lentamente.
O que foi isso? Eu olhei ao redor e vi que todos estavam
tão confusos quanto eu.
Um som de tique-taque continuou bem alto na sala
silenciosa.
Alguém gritou "Bomba"!, e então toda a multidão
entrou em pânico e correu para a saída.
Mei: Bomba?!
Eu olhei para cima e vi luzes vermelhas piscando nos
quatro cantos do teto.
The Sysop: Uh-oh! Nós temos que correr para a porta!
Ele me pegou e nós corremos para a saída.
Mei: Isso não é um encontro? Por que alguém plantaria uma
bomba?
Hacker A: Todas as portas e janelas estão trancadas!
A revelação só fez com que a multidão se aglomerasse mais
na saída e batessem ainda mais na porta.
Então, uma contagem regressiva em vermelho apareceu no
telão do palco, mostrando: 08:57:09.
Os tique-taques estavam sincronizados com a contagem no
telão. Era uma bomba!
Eu fiquei pálida. Eu só estava tentando invadir uma
reunião de hackers! Como isso foi acontecer?!
Eu peguei meu celular, mas não havia nenhum sinal.
E agora?!
Enquanto eu procurava por uma resposta, eu ouvi o som de
alguém digitando em um teclado ao meu lado.
Eu me virei e vi The Sysop digitando em um computador
miniatura.
Eu não podia ver a sua expressão, mas a sensação de uma
poderosa concentração vindo dele era inconfundível.
Mei: Nós estamos prestes a morrer e você está digitando?!
Parecia que ele não tinha me ouvido, continuou ultra-focado
em seu dispositivo.
Mas não era só ele. Outras pessoas também começaram a se
sentar e digitar rapidamente em seus teclados.
A cacofonia de gritos de socorro, gente batendo na porta
e batendo nos teclados era desconcertante.
Eu só fiquei parada ali totalmente perdida, sem saber o
que fazer.
Então eu me lembrei que em filmes de hackers, o
protagonista sempre salva o dia no último momento.
É isso o que eles estão fazendo? Hackeando?
É isso que significa quando dizem que estão travando uma
guerra?
Na verdade, fiquei empolgada vendo esses mestres de seus
ofícios tentando me salvar, assim como a eles mesmos!
Os segundos continuavam passando. A contagem regressiva
agora estava em 03:12:09.
Faltavam três minutos. Tudo o que eu podia fazer para ajudar
era rezar por um milagre.
Nós vamos conseguir, pessoal!
Então de repente tudo parou. Os números no telão pararam
de piscar.
Hacker E: Consegui! Consegui!
Um homem com uma máscara cirúrgica preta pulou em
celebração, seu rosto estava completamente vermelho.
A multidão explodiu de alegria, e muitos começaram a
abraçar uns aos outros de felicidade.
Um milagre realmente aconteceu! Eu estava esgotada, mas
extraordinariamente aliviada.
Mei: OH MEU DEUS! Eu estava morrendo de medo!
The Sysop: Isso foi muito fácil.
Eu entendi cada palavra, apesar do barulho.
Mei: O que você disse?
Ele não me respondeu mas continuou trabalhando no
teclado.
Uma luz vermelha ofuscante brilhou sobre a multidão, me
fazendo apertar os olhos.
O som de tique-taque voltou, só que mais alto dessa vez...e
mais rápido!
Mei: O que está acontecendo? A bomba não foi desarmada?
Eu olhei para a contagem gigante no telão, espantada.
Os números estavam caindo rapidamente. A multidão entrou
em pânico de novo, dessa vez era um pandemônio descontrolado!
Os hackers antes calmos, agora se juntaram aos outros se
amontoando na porta e gritando por ajuda.
Somente um homem permanecia sentado no espaço de reunião
vazio, aparentando estar estranhamente calmo. Números brilhavam em um fluxo
constante em sua tela.
Minhas pernas, no entanto, estavam tremendo ao lado dele.
Será esse meu fim?
Ele se esticou um pouco e apertou "Enter" com
um longo dedo. A contagem parou.
00:02:45. Não faltavam nem 3 segundos. O silêncio agora
era uma repetição do primeiro.
Eu fechei os olhos, esperando que a contagem fosse
recomeçar. Eu não podia suportar encarar a morte.
Um par de mãos gentis segurou a minha. Eu lentamente abri
os olhos.
Não houve explosão como eu esperava. Eu ainda estava
viva!
Os gritos e vaias ao redor quase me deixaram surda.
Estamos salvos!
Eu relaxei meus punhos cerrados, deixando marcas
profundas de unhas nas minhas mãos ainda suando.
Meu tórax subia e descia...eu quase....eu quase morri....
Me sentia incrível por ter sobrevivido, mas era uma
situação que eu nunca mais gostaria de passar!
A julgar pelo quão animado todos pareciam, eles também se
sentiam da mesma maneira.
Eu olhei de volta para o super herói que havia acabado de
salvar a todos nós. O homem que duelou
com a morte e ganhou, era ele.
Mas ele ainda estava no teclado, como se a batalha fosse
só uma rotina diária para ele.
Mei: Muito obrigada!
Ele se virou para mim e riu.
The Sysop: Pelo que?
Mei: Por ter salvo minha vida, e de todos aqui também.
The Sysop: Você me viu fazer isso?
The Sysop: Apesar que, eu tenho que dizer, levou mais
tempo que eu pensei.
Mei: Só agora você percebeu isso?
The Sysop: Sim. Mas eu acabei de descobrir um servidor
desconhecido, e só um cara sabe onde está...
Mei: Um cara?
The Sysop: Poderia ser...Uh-oh, não acabou, nós temos que
sair agora!
As luzes do teto quebraram, mergulhando a sala na
escuridão total. A multidão gritou e entrou em pânico.
Mei: O que está acontecendo?!
Uma voz calma ao meu lado me chamou na escuridão.
The Sysop: Não entre em pânico e vai para a saída oeste!
A multidão começou uma corrida louca naquela direção. Um
par de mãos me pegou e seguiu na mesma direção.
The Sysop: Segura firme.
Mei: Okay!
Estávamos presos no meio da multidão, que nos empurrava em
direção a uma luz fraca à frente.
Mei: Alí está a saída!
Com esperança à vista, a multidão ficou animada
novamente.
De repente, alguém me empurrou e eu caí, levando o Sysop junto
comigo.
The Sysop: Mei, você está bem?
Ele estava preocupado, e eu estava abalada o suficiente
para não perceber que ele tinha acabado de me chamar pelo nome!
Mei: Estou bem...
Passos apressados passavam por nós. Quando conseguimos
nos levantar, apenas alguns retardatários ainda estavam correndo pela porta.
Nós fomos deixados para trás e sozinhos.
Eu olhei para cima e vi a porta se fechar na nossa
frente.
The Sysop: Nada bom!
Eu empurrei e puxei a maçaneta mas estava trancada.
Eu bati com força e gritei por ajuda em vão.
Mei: Estamos presos!
Eu me virei e dei um passo, mas eu pisei em nada além de
ar debaixo de mim.
Mei: Aaahh...
Eu fechei os olhos com força e senti como se eu estivesse
em um abraço carinhoso, seguido por uma queda.
Uma vasta escuridão me engoliu por inteiro!
♕ Parte 7
Do lado de fora da janela estava chovendo.
Eu lentamente abri os olhos,
Eu não podia me mexer.
O gemido, o miado e o tique-taque
Nesse quarto escuro.
Eu me esforcei muito para esticar minha mão
tateando as paredes.
De repente encontrei algo redondo e frio,
algum metal como um botão.
Alguém tocou meu rosto com suas mãos.
...............
Eu forcei para abrir meus olhos, mas não havia nada a não
ser o silêncio, escuridão infinita à vista.
Eu toquei minha bochecha. Não havia nada no meu rosto.
Era só um sonho....
Eu respirei fundo, ainda um pouco abalada.
O que acabou de acontecer? Como eu caí? Onde estou?
Eu percebi um braço quentinho ao redor das minhas costas.
Meu corpo encolhido não atingiu o chão, ao invés disso estava embalado pelo
peito de alguém.
A respiração quente acima da minha cabeça e os batimentos
fortes do coração naquele peito se destacavam na escuridão.
Eu lembro de alguém me pegando. Já que estávamos juntos
sozinhos, eu assumi que era The Sysop...
Eu virei minha cabeça, e o homem atrás de mim me manteve
segura.
The Sysop: Você acordou? Você se machucou?
Uma luz surgiu, me fazendo apertar os olhos.
Meu rosto estava sendo segurado no meio de um par de
mãos, e eu sentia sua respiração ofegante.
Mei: Estou bem...Você se machucou? Obrigada por...
The Sysop: Estou bem. Não se preocupe comigo.
Ele gentilmente passou seus dedos pelo meu cabelo, e eu
me senti completamente tranquila.
Espera um minuto, a voz do Sysop mudou...para uma que era
muito familiar!
Mei: Você...Você é...
Eu não podia acreditar como a voz dele era familiar, ou
com quem parecia.
The Sysop: Está certo. Sou eu.
Ele apontou uma lanterna para si mesmo. O cabelo loiro se
destacava bastante. Ele tirou o boné.
Kiro: Finalmente eu posso me livrar dessa coisa. Estava
me sufocando!
Mei: Ki...Kiro?!
Kiro: É. Aqui estou eu.
Eu não conseguia acreditar que a pessoa que conversou
comigo, desarmou a bomba, e estava me segurando em seus braços era o Kiro!
Kiro: Por que você não está dizendo nada? Você acabou se
machucando na queda?
Ele puxou minhas mãos para ele, olhando para elas cuidadosamente.
Aquele calor sem fim que emanava de suas mãos quase me
fez chorar.
Ele me protegeu com seu próprio corpo, e então quando ele
se preocupou não foi com ele, mas sim comigo...
Mei: Você é realmente o Kiro? Eu não estou sonhando,
estou?
Kiro: Que? Você não me reconhece?
Ele colocou seu rosto a centímetros do meu e piscou.
Kiro: O primeiro e único artigo genuíno, Miss Chips!
Agora me diga se isso é um sonho ou não!
Eu olhei para o boné na mão dele e decidi aceitar a
verdade...
The Sysop...é o Kiro?
The Sysop...é o Kiro?
Mei: O que uma super estrela está fazendo aqui como um
hacker?
Mei: Isso....Isso é simplesmente inconcebível!
Eu olhei para o Kiro, confusa.
Kiro: Por onde eu começo...Eu mesmo estou sem palavras.
Kiro: Eu sou uma estrela e um hacker. Eles não são
mutuamente exclusivos. Assim como você come cozido apimentado, mas também gosta
de legumes cozidos no vapor.
Mei: É...isso parece fazer sentido...mas ainda assim é um
pouco estranho...
Kiro: Hoje, o Super Hacker está aqui para salvar o mundo.
Mei: Então você freqüenta o encontro como um hacker?
Kiro: Sim. Na verdade, eu estava sob uma falsa identidade
assim como você.
Mei: Que? Por que?
Kiro: Nós dois estamos aqui pelo mesmo cara.
Mei: O que você quer dizer?
Kiro: Você provavelmente não vai acreditar em nada disso,
mas estou te dizendo a verdade.
Kiro: Na verdade, eu sou o Key.
Isso fez eu parar. Ele acabou de dizer que é o Key que
ressurgiu depois de 17 longos anos?
Mei: Então Kiro é The Sysop que é o Key? Então,
então...eles são todos a mesma pessoa?!
Kiro riu com minha tagarelice insana.
Kiro: Sim, todos os 3 são a mesma pessoa. Você entendeu
agora?
Kiro: Espera, risca isso. Eu não sou o Sysop.
Mei: Mas você acabou de...
Eu ainda não conseguia colocar aquilo na cabeça.
Kiro: Eu vim para limpar meu nome. Alguém está fingindo
ser eu e hackeando aqueles sites.
Kiro: Então eu hackeei o e-mail do Sysop e me infiltrei
aqui como ele, parecido com o que você fez.
Mei: Mas Key já não estava por aí há muito tempo atrás?
Como você...
Eu simplesmente despejei meus pensamentos como uma
idiota.
Kiro abriu um sorriso e seus olhos se iluminaram.
Kiro: Na verdade, existem dois Keys.
Vendo que eu não ia interromper, ele continuou.
Kiro: O Key de 17 anos atrás era meu mentor. Naquela
época...
Ele olhou para mim antes de continuar.
Kiro: Naquela época, depois de ele ter sido exposto...ele
se retirou de cena. Um ano atrás, eu assumi o nome dele e o trouxe de volta.
Kiro: É por isso que muita gente pensa que o Key tem
dupla personalidade, porque realmente são duas pessoas diferentes.
Kiro: Eu planejava só esclarecer as coisas e sair, mas
então eu te vi.
Ele de repente ergueu as sobrancelhas.
Kiro: Então eu decidi ficar por aqui, especialmente com
você nesse traje tão maluco...
Mei: Hey, você também está vestido bem maluco!
Kiro: Sim, e isso é o pior! Eu não aguentava, e também eu
tinha que falar com essa voz grave...
Kiro: Mas somos só nós dois agora. Eu posso me livrar da
máscara.
Não é à toa que ele me ajudou a sair daquela situação. Não
é à toa que ele parecia tão familiar. Não é à toa que....
Eu continuei reconectando os pontos várias vezes na minha
cabeça.
Mei: Espera, se você me reconheceu desde o começo, então
por que você me enganou o tempo todo?
Mei: Eu me sinto tão idiota!
Kiro: Você pode ser tão idiota quanto quiser na minha
frente.
Ele parecia não se importar de jeito nenhum, mas eu
lancei um olhar bravo para ele.
Kiro: Você está brava?
Kiro: Eu ia te contar, mas então teve a bomba, e então
nós caímos...
Ele meio que se diminuiu, piscando seus olhos como se
fosse um cachorrinho culpado.
Mei: Está bem! Eu não vou ficar brava...Eu sei como é
importante para os hackers manterem suas verdadeiras identidades protegidas.
Mei: Seu segredo está seguro comigo.
Kiro: Mm. Eu confio em você.
Kiro: É só entre nós dois.
Ele sorriu, e seus olhos pareciam irradiar uma pura
inocência...
Mei: Eu tenho outra pergunta.
Mei: Onde nós estamos, e como acabamos aqui?
♕ Parte 8
Kiro balançou a cabeça.
Kiro: Eu também não sei onde estamos...
Kiro: Mas alguém me personificou para tentar me atrair
aqui e depois plantou uma bomba para descobrir quem é o verdadeiro Key.
Kiro: Eu acho que, isso tudo é uma tentativa de me pegar.
Tendo aceitado o fato de que o Kiro é o Key, eu estava finalmente
percebendo o que ele quis dizer sobre limpar o nome dele.
Mei: Então você está dizendo que o Key não estava por
trás daquele enorme cyberataque?
Kiro: Claro que não! Eu não faria algo tão sem graça.
Além do mais, minha assinatura não é feia daquele jeito!
Kiro: Mas como você chegou aqui afinal? E como você
escolheu aquele disfarce?
Mei: O encontro me mandou o convite do BigDaddy123 por
engano. Eu aproveitei a oportunidade e aqui estou.
Kiro franziu a testa enquanto ele ponderava sobre algo.
Kiro: Quais são as chances de eles enviarem um convite
errado para um hacker, e nós acabarmos no mesmo lugar? A menos que...
Mei: A menos que?
Kiro: A menos que alguém tenha te mandado de propósito
para atrair você até aqui.
Mei: Por que alguém faria isso?
Kiro: Ainda não tenho certeza.
Havia mais perguntas que respostas, me deixando mais
confusa. Olhando para a escuridão, uma onda de culpa me atingiu.
Mei: Me desculpa por ter tropeçado, caso contrário nós
estaríamos do lado de fora agora...
Mei: Não só você não conseguiu limpar o seu nome, mas
acabou ficando preso aqui por minha causa.
Ele me olhou e balançou a cabeça, com um olhar de
arrependimento.
Kiro: Não é sua culpa. Eu te coloquei nisso...Mas não se
preocupe. Não vou deixar que eles tenham sucesso.
Mei: Bem, não se preocupe também, porque eu vou te ajudar
a limpar seu nome assim que nós sairmos!
Kiro: Está bem, eu me lembrarei disso, Senhorita
Produtora Fantasiada! Mas primeiro de tudo, nós temos que sair daqui.
Ele acariciou meu cabelo, seus olhos azuis gentis me
tranqüilizavam no escuro.
Mei: Okay.
Ele escaneou os arredores, pegou seu computador em
miniatura e começou a trabalhar sua mágica.
A tela rapidamente mostrou um modelo giratório.
Kiro: Nós estamos em um quarto secreto.
Mei: Quarto secreto?
Mei: Tem na verdade um quarto secreto debaixo desse
lugar?
Kiro: Eu também não contava com isso, e pelo que parece, o
quarto foi construído há um bom tempo atrás.
Mei: O que a gente faz agora?
Kiro: Qual é, você esqueceu que está falando com o Key?
Vou te tirar daqui!
Kiro: Olha só isso. Eu fiz um modelo em 3D da sala. Aqui
é onde estamos agora.
Kiro: De acordo com isso, há três quartos secretos conectados,
o último leva para a porta dos fundos desse local.
Depois que Kiro começa a trabalhar -- ou melhor, devo
dizer depois que ele começa a hackear -- ele se torna quase uma pessoa
diferente.
Esse Kiro na minha frente, que brilhava como o sol, me
tranquilizou.
Honestamente, eu me senti segura desde que vi como ele
estava lidando com a bomba.
Eu confio nele. Não há nada para eu temer enquanto ele
estiver por perto.
Mei: Mas...Eu ainda não entendo...
Kiro: No momento, tudo o que precisamos fazer é encontrar
um caminho para o nível superior, depois passar por mais dois quartos secretos,
e é isso!
Ele apontava ao redor do diagrama.
Eu olhei para o mapa em 3D e tudo o que eu podia fazer
era concordar.
Kiro: Está bem, vamos encontrar a saída desse quarto.
Assim que ele pronunciou aquelas palavras, sua lanterna
se apagou.
Mei: O que foi agora?
Kiro: Ah não! Era uma lanterna movida a energia solar que
se conecta ao meu celular. A bateria acabou.
Mei: Usa meu telefone.
Eu peguei o meu celular e descobri que não conseguia
ligar ele.
Mei: Que estranho. Ainda tinha metade da bateria da
última vez que eu vi...
Kiro: Sem problemas, eu vou arrumar isso num instante. Me
observe!
Um barulho estranho veio de algum lugar e fez eu me
aproximar do Kiro.
Kiro: Você queria aprender sobre o Key, certo? Bem, ele
está bem na sua frente.
Ele disse aquilo do nada. O barulho estranho parou um
pouco, e eu me forcei a ficar calma.
Mei: Você...Você vai deixar eu te entrevistar?
Kiro: Essa é a sua oportunidade de ouro. Ahem. Olá, Miss
Chips. Eu sou o Key.
Ele baixou o tom de voz e parecia ter se transformado em
outra pessoa.
Mei: Prazer em conhecê-lo. Eu sou a Mei. Como um hacker,
qual o seu trabalho que te deixa mais orgulhoso?
Ele refletiu sobre a pergunta antes de responder com
aquela voz grave.
Kiro: Eu sinto que...minha assinatura é particularmente
uma obra de arte.
A voz grave de repente subiu algumas oitavas e seu tom
não pôde deixar de revelar um orgulho e pompa implícitos.
Mei: Pbbfftt....Os hackers todos não manipulam só
códigos? Quem ficaria se gabando por ter uma assinatura legal?!
Kiro: Não tire sarro! Eu projetei minha própria fonte
especial e até a coloquei sob direitos autorais!
Ele disse isso de uma maneira que demonstrava grande
desdém pela assinatura inferior do impostor. Kiro consegue ser um fofo
autêntico.
Kiro: Você está se sentindo mais relaxada agora?
Eu dei uma pausa, percebendo que eu não estava me
sentindo mais tão ansiosa quanto antes.
Kiro: Na verdade, quando você para de pensar sobre isso,
não é tão assustador.
Kiro: Conversar é a melhor forma de se livrar da tensão.
Kiro: Lembra aquela vez que eu estava uma pilha de nervos
antes de uma apresentação e você conversou comigo até eu acalmar?
Mei: Sim, eu perdi minha caneta de gravação também.
Kiro: Isso.Bem, Daquele dia em diante, eu sempre encontro
alguém para conversar quando fico agitado. Faz eu esquecer o quanto estou
nervoso.
Kiro: Okay, já está tudo pronto!
Um raio de luz brilhou. Ele levantou a sobrancelha para
mim.
Kiro: Finalmente nós podemos parar de tropeçar no escuro.
Mei: Espera, por que eu sinto que alguma coisa não está
certa...?
Kiro: Que? Você sente uma armadilha ou algo assim?
Ele se aproximou de mim nervoso.
Mei: Você disse que a lanterna é movida a energia solar?
Kiro: Sim. Eu posso te arrumar uma depois que nós sairmos
daqui.
Mei: Mas se tem luz do sol suficiente para ligá-la, então
você não precisa dela para ver nada...
Levou alguns segundos, mas eventualmente um olhar de
entendimento passou pelo rosto do Kiro.
Kiro: Hey, você está certa! Por que eu não percebi isso?
Todas minhas angústias se foram quando eu olhei para o
rosto depressivo do Kiro.
Ele é um gênio, mas ainda tem aquela clássica distração
fofa misturada.
Talvez seja ele quem é movido à luz solar, sendo radiante
do jeito que ele é.
♕ Parte 9
Com a lanterna, nós descobrimos que o quarto em que
estávamos não tinha janelas, e a única porta estava trancada com cadeado.
Ele segurou o cadeado e então abriu a câmera do celular.
Uma sonda em miniatura saiu do lado da lente do telefone
e ele a enfiou na fechadura.
A tela do computador seguiu o movimento da sonda dentro
da fechadura, gerando um esquema de sua composição interna.
Mei: ...Isso é incrível!
Ele soltou o cadeado e começou a trabalhar no teclado,
seu rosto estava totalmente sério sob o brilho da tela.
Kiro: Oh, eu não converso quando estou no teclado, mas só
me fale se você começar a se sentir assustada.
Ele olhou para mim em completa sinceridade.
Mei: Okay! Eu sempre penso que você parece tão diferente
quando está digitando desse jeito.
Kiro: Eu pareço bem mais legal, não é?
Mei: Não só legal, mas mais confiável.
Kiro: Agora era esse impulso no ego que eu precisava!
Ele piscou, e então abaixou a cabeça e continuou
digitando.
Um som de estalo veio segundos depois, parecendo o som de
um cadeado se abrindo.
Mei: Sucesso!
Qualquer celebração foi interrompida imediatamente por um
tremor debaixo dos nossos pés.
Mei: O que está acontecendo?
Kiro: Mei!
A voz dele estava vindo de cima de mim. Eu ergui a
cabeça, e uma luz branca atingiu meus olhos.
Kiro estava subindo enquanto o chão abaixo de mim estava
descendo. Nós estávamos nos distanciando!
Kiro: Me da sua mão!
Eu fiquei na ponta dos pés e tentei me esticar o máximo
que eu pude.
Eu comecei a suar frio enquanto a distância entre nós
aumentava.
Kiro: Quase...Só mais um pouquinho...
Ele se inclinou para frente o máximo que podia, seus
olhos estavam repletos de preocupação e urgência.
O chão de repente parou de tremer.
Quando a ponta dos nossos dedos finalmente se tocaram,
Kiro agarrou minha mão com força.
A superfície abaixo de mim afundou enquanto eu estava
pendurada no ar.
Eu olhei para baixo e havia um abismo infinito, então
comecei a me puxar para cima pela mão do Kiro.
Nossas vidas dependiam das nossas mãos entrelaçadas.
Kiro: Agüenta firme, você consegue!
Apoiei meus pés no lado firme da parede mais alta, depois
senti uma força poderosa puxando meu braço.
Eu fui puxada em segurança e podia ouvir a respiração
rápida do Kiro bem no meu ouvido.
Kiro: Você está bem? Você está machucada?
Percebi que estava meio ajoelhada e praticamente deitada
no peito do Kiro.
Eu nunca tinha olhado tão de perto em seus olhos puros e
estrelados como agora...
E só continuei olhando cada vez mais profundo.
Por acaso a terra tremeu de novo? Como eu fui parar no
abraço caloroso dele?
O coração dele
batia como um tambor.
Sua respiração em meu ouvido provocou algo em mim ao
ponto de me distrair.
Kiro: Não se preocupe. Eu vou te proteger. Eu prometo.
Mei: Sim...
Eu levantei o olhar e descobri que ele estava me olhando,
encarando profundamente meus olhos.
Mei: Estou bem...
Ele riu aliviado, espantando o restinho de medo que eu
tinha.
Kiro: Eu não puxei com muita força aquela hora, puxei?
Sua mão está doendo?
Ele segurou minhas mãos e olhou cuidadosamente.
Antes que eu pudesse responder, eu fui surpreendida por
uma fina trilha de sangue escorrendo pelo pulso dele.
Mei: Sua mão!
Ele então percebeu um pequeno corte que aparecia mais
vermelho sobrepondo sua pele brilhante.
Kiro: Oh...Eu acho que arranhei aquela hora...
Instintivamente eu procurei por um band-aid.
Mei: Oh! Eu deixei minha bolsa na sala de conferência!
Kiro: Ta tudo bem. Eu estou bem. Não é como se isso nunca
tivesse acontecido antes em um set de filmagem.
Kiro: Além disso, sou um homem. Eu posso lidar com um
pequeno sangramento.
Ele gentilmente acariciou meu cabelo para meu consolar.
Mei: Mas ainda está sangrando bastante...
Eu não tinha nada comigo que pudesse parar o sangramento,
e não havia nada para limpar a ferida também.
Depois de pensar um pouco, eu tirei a fita do meu cabelo
e amarrei em volta do pulso dele.
O sangue encharcou a fita e minha mão tremia, mas com mais
algumas voltas eu consegui parar o sangramento.
Mei: Não é o melhor curativo, mas deve dar por agora.
Eu olhei para cima e vi um olhar no rosto do Kiro tão
reconfortante quanto a areia fofa da praia à noite.
Kiro: Obrigado, Mei. Eu acho que esse remendo parece
muito bom.
Lembrando que foi por minha causa que ele se machucou, eu
abaixei a cabeça.
Mei: Me desculpa...Você ter se cortado...foi tudo minha
culpa...
Ele se sentou ao meu lado.
Kiro: Não é sua culpa de jeito nenhum.
Kiro: Vê, você até parou o sangramento.
Kiro: Não há nada para temer, Mei. Eu vou te proteger.
O sorriso dele me deixava feliz e quente por dentro.
Mei: Eu acho que não estamos mais naquele quarto...
Kiro: É, nós estamos no segundo quarto.
Kiro: Esse lugar...é mais perigoso do que pensei.
O quarto era completamente selado sem nenhuma porta.
Mei: Então vamos descobrir se há alguma saída.
Eu me levantei só para ser segurada firmemente por um par
de mãos.
Na escuridão fria, de alguma forma eu ouvia o som de
sangue quente se movendo pelas veias.
Meu coração disparou.
Kiro: Não solta minha mão. O chão pode se romper de
novo...
Eu instintivamente apertei sua mão quente e firme.
♕ Parte 10
Nós circulamos o local mas não encontramos nada no
quarto.
Era como...uma cela de prisão com paredes de ferro. O
pensamento fez um arrepio percorrer minha espinha.
Kiro: Estranho, nenhuma pista...
Mei: É, pelo menos o último tinha uma fechadura.
Wooo...Wooo...
Eu não conseguia distinguir se o som era uma rajada de
vento ou o choro de um animal, mas me deu calafrios.
Mei: Você ouviu isso?
Kiro: Sim...Acho que sim...
Ele segurou minha mão com mais força.
Kiro: Eu me lembro de ter visto um Cat Café perto desse
lugar. Julgando pelo som, nós devemos estar perto do terceiro quarto.
O som foi ficando cada vez mais alto e uma imagem
familiar apareceu na minha mente.
Enquanto eu tateava a parede, meus dedos passaram por um
objeto redondo e frio.
É daquele sonho!
Tudo o que podia ouvir era meu coração batendo.
Dado os encontros anteriores, eu não ia dispensar
qualquer visão ou sonho.
Mas em uma situação tão perigosa, era seguro apostar toda
minha confiança em um sonho?
Mei: Você confiaria em mim se eu dissesse que posso saber uma maneira de sair?
Houve uma pausa na escuridão, e então a voz do
Kiro ressoou decididamente.
Kiro: Eu confiaria.
Sem perguntas. Sem um pingo de dúvida. Somente uma
resposta direta.
Ele apertou minha mão como se estivesse me oferecendo um
apoio.
Eu respirei fundo e apertei o objeto.
Um, dois, três segundos se passaram e...nada.
Mei: Poderia ser que...eu estava errada?
Assim que eu disse aquelas palavras, o objeto de metal
debaixo do meu dedo arrebentou de repente.
Mei: Ah!
Uma luz pálida brilhou em minha direção.
Então uma silhueta rapidamente pulou na minha frente, sem
um momento de consideração por sua própria segurança.
Kiro me protegeu com seu corpo. Eu espiei por cima de seu
ombro e percebi que pequenos pontos brancos começaram a aparecer.
Mei: Na parede!
Os pontos de luz rapidamente se multiplicaram, cobrindo a
parede.
Mei: Isso é...algum tipo de teste?
Kiro: Meu mentor uma vez mencionou um hacker na America
que podia transmitir dados através de pulsos de raio laser.
Kiro: Basta codificar a informação como feixes de fótons
e ela sairá como pontos aleatórios e sem sentido.
Kiro: Aquele hacker desapareceu sem deixar um traço, depois
de fazer manchetes com seu ataque à Casa Branca.
Ele estava obcecado com os pontos, mostrando esperança,
admiração, arrependimento e outras emoções que eu não pude decifrar.
Então ele se sentou, ligou seu mini-computador e começou
a trabalhar no teclado de novo.
Tradutora Lu: Meu mozão lindo 😍💕
Ele olhava os pontos que mudavam na parede, e então
periodicamente abaixava a cabeça enquanto seus dedos passavam rapidamente sobre
o teclado.
Depois de ter sobrevivido às situações anteriores, eu não
estava tão perturbada agora.
Eu nunca duvidei das habilidades do Kiro, mesmo que ele
alegasse que era o Mistério do Século para hackers.
Então de repente ele parou, franzindo a testa.
Mei: Que?
Seu comportamento normal calmo e relaxado foi substituído
por uma expressão que eu nunca tinha visto antes.
Ele olhou para mim, seus olhos brilhantes mostravam um
sinal de hesitação.
Kiro: Nada...Eu só me distraí por um segundo. Não se
preocupe.
Ele sorriu e voltou à tarefa em questão.
Os pontos desapareceram um por um a cada apertar de
tecla, até que restou somente um no canto superior esquerdo.
Ele andou até lá e tocou o tijolo marcado pelo ponto.
O tijolo se retraiu para revelar um chip do tamanho de
uma unha embaixo.
Mei: Wow! Isso foi incrível!
Kiro: Mas é claro! Quando nós sairmos daqui, eu vou te
dar uma primeira entrevista exclusiva. Parece bom?
Sua expressão estava cheia de energia e confiança.
Depois que o ponto final sumiu, uma passagem apareceu.
Kiro pegou minha mão e entrou cuidadosamente.
Mei: Nós devemos sair daqui bem rápido, certo?
Kiro: Sim, o terceiro quarto deve levar à porta dos
fundos.
Mei: Ótimo! Porque sua mão está começando a sangrar de
novo.
Vendo que a bandagem estava encharcada com sangue me
deixou preocupada.
Um braço me apertou ao redor do ombro.
Kiro: Relaxa, isso é um distintivo de honra para nós
super heróis!
Nós acenamos com a cabeça um para o outro e entramos no
terceiro quarto.
Mal pusemos os pés no chão, e um estrondo alto foi
ouvido.
Mei: O que foi isso?
Kiro: Uh, Mei, a parede está se movendo?
Não parecia estar...eu esfreguei os olhos, olhei de novo,
e meu queixo caiu.
A parede está se fechando em nossa direção!
Kiro: Rápido, fica atrás de mim!
Kiro inseriu o chip no computador. Uma tela apareceu na
parede ao lado com uma série de números ininteligíveis para mim.
Ele digitava no teclado ferozmente.
Eu tentei acalmar minha respiração, já que a última coisa
que eu queria era distrair ele.
O quarto que já era pequeno ficava cada vez menor a cada
segundo que passava.
Ele pressionou "Enter" repetidamente, mas a
parede continuava vindo na nossa direção.
Nós vamos ficar presos para sempre se isso continuar!
Tradutora Lu: Presa? Vc vai ser esmagada mulher! 😱
Tradutora Lu: Presa? Vc vai ser esmagada mulher! 😱
A testa do Kiro estava cheia de suor. Minhas mãos estavam
ficando mais geladas no quarto que já era frio.
Quando a parede chegou a poucos metros de nós, eu comecei
a empurrá-la em desespero.
Eu me contentaria se ganhasse um tempo para o Kiro mesmo
que só um segundo.
Enquanto o suor escorria por suas bochechas, Kiro parecia
sussurrar alguma coisa.
Kiro: Se esse não era o código, então deve ser...
Ele acelerou, transformando os números na tela em um
borrão gigante.
Ele esteve me protegendo esse tempo todo. Não posso
deixar que ele carregue esse problema nos ombros sozinho.
Eu vasculhei meu cérebro por cada pequeno detalhe,
tentando descobrir alguma coisa.
Ele disse que esse era um plano para atraí-lo até aqui,
então logicamente isso foi preparado especificamente para atingir o Key.
Se esse for o caso...
Mei: Certo ou errado, minha intuição me diz que esse
teste foi elaborado em torno do Key.
Mei: Talvez a solução seja números que tenham um
significado especial para ele...
A digitação parou. Eu me virei o vi o Kiro com os olhos
fechados.
Eu suavemente peguei a mão dele.
♕ Parte 11
Ele apertou minha mão com força.
Uma batalha ainda estava acontecendo na mente dele.
O que pensei ser só um quarto secreto normal, acabou
sendo uma caixa de Pandora para o passado.
Mas agora já havia chegado a um ponto sem volta. É fazer
ou morrer. Kiro já sabia disso desde o segundo quarto secreto.
Tenho uma garota para proteger, e não importa o que, eu
ficarei com ela até o final.
Ela pensa que isso tem alguma coisa a ver com o Key...
Kiro ficou um pouco pálido quando se lembrou da última vez que
viu seu mentor, e como ele estava digitando com rapidez em seu teclado.
O homem havia inserido uma série de números
incompreensíveis, mas intrigantes para o jovem Kiro.
Depois que dois homens de preto levaram seu mentor
embora, ele entrou sorrateiramente, ligou o computador e encarou aqueles
números.
Os números!
Era um tiro no escuro, mas melhor do que tiro nenhum!
Kiro abriu seus olhos e viu meu rosto confuso.
Kiro: Você confia em mim, Mei?
Kiro: Estou prestes a tentar um código que pode nos
salvar ou....nos matar.
Kiro: Eu...
Mei: Eu confio.
Eu respondi antes que ele pudesse terminar.
Assim como ele confiou em mim incondicionalmente antes.
Nada é mais precioso nesse mundo do que confiar sua vida
para outro.
Ele respirou fundo, e eu segurei a minha respiração,
enquanto ele digitava uma seqüência de números.
A parede parou.
Mei: Sim! Sim! Sim!
Eu gritei de alegria.
Kiro: Sua intuição nos salvou.
Ele me olhou com suor ainda escorrendo pelo seu rosto.
Mei: Então o código tinha alguma coisa a ver com você?
Kiro: Comigo não. Meu mentor.
Mei: Seu mentor?
Kiro: Meu mentor deixou esses números na última vez que
vi ele.
Ele olhou para frente com clareza e determinação.
Mei: O que você está pensando?
Kiro: Em algo que meu mentor disse.
Mei: O que era?
Kiro: Devemos permanecer na escuridão enquanto defendemos
a luz.
♕ Parte 12
Depois que ele disse isso, a parede começou a voltar para
o lugar.
Uma luz brilhou do teto e letras começaram a aparecer na
parede ao lado.
Mei: Black Swan...
!!
Não é o criminoso que o Gavin disse que enviou a ordem
para me seqüestrar?
Mais frases apareceram.
.......
O Coletivo Black Swan.
Viemos do futuro, com a única missão de acelerar a
evolução humana.
Nós possuímos Evol. Nós criamos todos.
Ninguém pode nos parar, pois temos o mundo em nossas
mãos.
A Rainha logo irá despertar.
Estamos ansiosos para marchar juntos em um novo mundo.
.......
Minhas mãos ficaram geladas. Meu coração parecia que
tinha sido esmagado em alguma coisa.
Eu olhei para o Kiro. Ele estava encarando a parede sem
se mexer, mas seus olhos foram dominados por emoções.
Imagens começaram a aparecer na tela, uma atrás da outra,
as cenas retratadas não estavam muito claras.
Um quarto selado sem luz do sol.
Uma mesa de experimento vazia, com vários frascos de
compostos químicos próximos à ela.
Uma parede repleta de gavetas de arquivos.
Pessoas de branco se reunindo debaixo de uma lâmpada
cirúrgica.
Com isso, eu ouvi o som do sangue correndo em minhas
têmporas.
Parecia memórias antigas arrancadas das profundezas da
minha mente. Eu apenas fiquei imóvel ali, como se o tempo tivesse parado.
As imagens na parede ficavam cada vez mais nítidas, enquanto
fragmentos de memória apagados surgiam em minha consciência.
Manchas, escuro, frio. Um chamado distante, se repetindo
mais e mais, profundo e áspero.
Memórias que eu havia selado e enterrado.
Meu corpo começou a tremer. Cada nervo, músculo e osso no
meu corpo parecia ter sido enterrado no gelo.
Eu não tinha nem forças para cerrar meus punhos.
Meus dedos tremendo foram subitamente cobertos pelas mãos
do Kiro. Ele pressionou minha cabeça em seu peito.
No meu transe, no meio da escuridão, eu me senti coberta
de calor.
Eu fechei os olhos, tentando me livrar do que estava
devastando minha mente em favor daquele santuário caloroso.
Kiro: Estou bem aqui. Vai ficar tudo bem.
Com isso, eu senti que aquele buraco vazio no meu coração
havia sido tampado.
Eu podia ouvir o coração dele batendo, firme e forte.
O homem que nunca soltaria a minha mão em qualquer
perigo.
O homem que fez um voto solene de me proteger pela vida.
O homem que, à sua maneira inimitável, poderia banir meus
piores medos.
Como agora, me protegendo do frio com seu abraço quente.
A segurança e o apego cresceram onde antes o medo e o
sofrimento se enraizaram.
Com minha cabeça em seu peito, eu não pude ver como a
alegria despreocupada desapareceu de seu rosto, sendo substituída por uma
preocupação sombria.
Kiro consolava a garota em seus braços enquanto prendia
os olhos nas imagens que passavam na parede.
Uma garota de cabelos castanhos estava deitada
pacificamente em uma mesa de experimento, de olhos fechados.
Graças a deus ela não estava vendo isso.
Graças a deus eu estou com ela.
Se passaram por mim, plantaram uma bomba, e os quartos
secretos.
Eu pensei que eu fosse o alvo deles. Eu nunca pensei que ela era a pessoa que eles estavam atrás o tempo todo.
Mas eles fizeram toda essa armadilha elaborada apenas
para mostrar a ela essas imagens?
Não pode ser. Não tão simples.
Quando eu a vi novamente, ela já não podia mais se
lembrar do passado.
Tudo bem. Então eu vou protegê-la. Protegê-la de seu
passado.
Mesmo assim, por que passar por tudo isso hoje só para
fazer com que ela veja o passado dela?
Olhando para a garota em seus braços, ele não podia nem
sequer imaginar...
O que iria acontecer se ele não tivesse vindo hoje?
Kiro pressionou seus lábios no cabelo gelado da garota e
apertou ainda mais o seu abraço.
Ela tinha o que, cinco anos naquela época? E aquela foi a
primeira vez que ele a viu.
♕ Parte 13 (Final)
Parecia que eu havia tido um longo sonho. Tinha uma cela,
uma máscara, um raio de sol, e um garoto com um grande sorriso.
Eu abri os olhos e a luz iluminava tudo, mas me cegou.
Eu ouvi um som de beep eletrônico, senti o cheiro de
soluções pungentes e vi pessoas de branco andando.
Eu estou...em um hospital?
Eu olhei ao meu redor e notei que estava em uma cama de
hospital. Eu não estava em um quarto secreto agora a pouco?
Tudo aquilo foi realmente só um sonho?
Eu tirei minhas mãos de baixo do lençol, e então vi um
boné na mesinha de cabeceira.
Disforme e preto...era o boné do Kiro!
Então tudo aquilo realmente aconteceu...
Debaixo do boné eu encontrei uma declaração do Key, distintamente
assinada, com a intenção de limpar seu nome.
E uma latinha de balas pequenas.
Havia um bilhete em cima dela que me fez rir.
Bilhete: Os frutos de nossa vitória! P.S.: Estou
trabalhando em minha caligrafia.
Eu desembrulhei uma bala e coloquei na boca. O sabor doce
de maça verde percorreu minha língua.
Wow, isso é docinho...
Enfermeira: Você está acordada?
Eu rapidamente guardei a bala e acenei com a cabeça.
Enfermeira: Você apenas teve muita emoção para um dia só.
Você vai ficar bem após descansar um pouco.
Mei: Obrigada!
Enfermeira: Eu vou continuar minhas rondas, então me
avise se precisar de alguma coisa.
Mei: Com licença, hmm, como eu cheguei aqui?
Enfermeira: Você quer dizer quem te trouxe aqui?
Enfermeira: Um homem com uma máscara e boné te carregou
até aqui. Oh, é aquele boné bem ali.
Enfermeira: Ele só saiu depois de se certificar que você
estaria sendo bem cuidada. Senhorita, aconteceu alguma coisa com você?
Mei: Não, nada aconteceu. O homem é meu amigo.
A enfermeira me olhou de cima a baixo, um pouco cética.
Enfermeira: Então, essa é a tendência da moda hoje em
dia?
Eu olhei para a jaqueta esquisita que eu estava usando e
concordei, não sabendo se eu ria ou chorava.
A enfermeira voltou não muito tempo depois.
Enfermeira: Você tem visita.
Visita? Tão cedo? Mas eu acabei de chegar aqui!
Mei: A pessoa te deu um nome?
??: Sou eu.
Uma voz familiar mas distante.
Os profundos olhos escuros que eu vi fez meu coração
acelerar.
Luzes fluorescentes piscaram no teto. Uma brisa soprou
pela janela entreaberta.
E ali estava ele, parecendo o mesmo de sempre.
Lucien parou na minha frente, com flores nas mãos.
A luz no quarto dificultava eu ver a expressão dele.
Ele se aproximou, abaixou as flores e se sentou ao meu
lado, me olhando de forma carinhosa.
Mei: Lucien...
Mei: O que você...
Lucien: Estou aqui para te ver.
Como sempre, ele sabia exatamente o que eu estava pensando.
Lucien: Eu disse que logo nos encontraríamos novamente.
Eu concordei.
Eu tinha tantas perguntas para ele, apenas para engolir
cada uma de volta.
No silêncio calmo do quarto, minhas emoções estavam
aceleradas.
Eu segurei com força no cobertor, não sabendo por onde
começar.
De repente uma sensação se arrastou pelo meu dedo. Eu olhei
para baixo e vi Lucien colocando minhas mãos de volta para debaixo do lençol.
Lucien: Tente não pegar um resfriado.
Percebendo que meus olhos estavam colados nele, Lucien
soltou uma risada conformada.
Lucien: Eu vou te contar tudo o que você quer saber, mas
por enquanto você tem que descansar.
Nenhum de nós falou por um tempo.
O quarto estava quieto o suficiente para eu ouvir minha
própria respiração e o batimento do meu coração.
De repente eu deixei escapar.
Mei: Eu...Eu quero saber agora.
Eu mordi os lábios, esperando que ele fosse me afastar de
novo...
Lucien: Está bem.
Aquilo me pegou de surpresa. Ele permaneceu quieto,
apenas se contentando em olhar para mim.
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Traduzido por: Lu Zhou ~ (周棋洛 Miss Chips) ʕ •ᴥ•ʔ☆
Gente que foi isso, quanta coisa aconteceu
ResponderExcluirKiro fofo e lindo aw.
Sim! O Kiro é maravilhoso! ❤️❤️❤️ E ele fica cada vez melhor hehe 😍
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