domingo, 19 de abril de 2020

Ikemen Vampire -- Prólogo -- Capítulo 1




O vídeo traduzido desse capítulo está disponível no Youtube.




✶ PRÓLOGO ~ Capítulo 1: "A tentação além da porta" ✶


Paris, França. Dia moderno --

O Museu do Louvre, brilhando com uma leve luz rajada refletida da Pirâmide do Pei, era de tirar o fôlego.

(O museu em si já é uma obra de arte!)

(Fotos não fazem jus ao que ele é.)

Eu era uma agente de viagens de Tokyo e uma blogueira de viagens no tempo livre -- Eu amo viajar. As comidas. As linguagens. As arquiteturas.

(Paris é minha viagem dos sonhos. E como eu poderia deixar de ver o Louvre?)

(Eu estava querendo focar mais no meu blog. "Duas Horas no Louvre. O que você TEM que ver." Esse poderia ser o artigo que vai me ajudar nisso.)

Eu dei um pequeno puxão no meu companheiro e mascote de viagem, "Mousette" (uma pequena bola de pelo com asas pendurada na minha bolsa), e entrei na fila.

(A Ala Denon. Contendo 'A Coroação de Napoleon', de Jacques-Louis David.)

Eu abri o app do meu celular para fazer check-in na minha localização, só que esbarrei em alguém de um grande grupo turístico.

Liriel: Com licença. Quero dizer, perdão.

A pessoa sorriu timidamente e respondeu da mesma forma. Era Suiço, pelo sotaque.

Continuando em frente, eu encontrei 'A Coroação'. Era tão grande que eu pensei que poderia passar por ele até chegar em um outro mundo.

Liriel: Pega a parede inteira.

???: Você sabia, é a segunda maior pintura no Louvre.

(Oh? Ele está falando comigo?)

Ele falava francês como um nativo; sua roupa, com um longo casaco bege, sugeria riqueza e classe.

Tradutora Lu: Sugar daddy 😏

(Ele parece um homem fora do tempo. Como se ele tivesse saído de uma das pinturas.)

O inteligente cavalheiro elegantemente vestido se aproximou, olhando para mim.

Liriel: Perdão, Monsieur?

Eu não era um  objeto nesse museu para ser examinada. Então o cavalheiro abriu sua mão para que eu pudesse ver o que ele segurava.

???: Eu sabia. Esse brinco pertence à você.

Liriel: Oh! Quando foi que eu perdi ele...?

Eu toquei minhas orelhas. Um dos meus brincos tinha sumido.

???: Acredito que foi quando aquele senhor esbarrou em você.

???: Aconteceu de eu ver quando ele caiu. Eu estava esperando pela oportunidade de devolvê-lo a você.

Liriel: Muito obrigada.

Eu fiz uma reverencia por impulso. Quando olhei para cima novamente, reparei nos olhos dele: da cor de fios de ouro. Eu nunca vi nada parecido.

???: É uma pena não ter um espelho aqui para ajudá-la a colocá-lo de volta.

Liriel: Tenho certeza que deve ter algum banheiro por aqui.

???: Devo ajudá-la a restaurá-lo em seu devido lugar? Dessa forma, você não vai perdê-lo novamente.

Eu aceitei a oferta íntima antes de perceber o que eu estava fazendo.

Não foram só os olhos dele. Será que sua nobre atitude de velho mundo havia me encantado?

???: Se não te mexeres, Mademoiselle--

O cavalheiro afastou meus cabelos para trás com dedos que poderiam pertencer a uma das mais graciosas esculturas ao meu redor.

(Eu sei que estamos em Paris, mas esse é um ato muito amoroso vindo de um estranho.)

???: Que fragrância adorável.

Liriel: Obrigada. Eu comprei esse perfume aqui em Paris.

???: Oh...Mas eu não estava me referindo ao seu perfume.

Tradutora Lu: Ai meus ovários... ( ̄¬ ̄)

A voz dele era suave e rica, mesmo assim não consegui diferenciar seu sotaque. Era como uma mistura de centenas de terras diferentes.

???: Pronto. Acredito que seu brinco esteja seguro.

O cavalheiro se afastou com um sorriso perfeitamente natural. Seja qual for o feitiço que estava em mim, ele havia sido quebrado.

Liriel: Meu brinco rebelde certamente irá se comportar agora. Obrigada.

???: Por nada. Foi graças ao brinco que me foi concedida a boa sorte de conhecê-la.

???: "Bon voyage".

 O cavalheiro me deixou, descendo a galeria em direção à Mona Lisa, assumo eu.

(Eu fui completamente levada pelo charme dele.)

Seu terno de três peças feito sob medida era moderno, mas ele o usava como um príncipe da virada do século.

(...Ou um vampiro de um romance gótico! Eu não acredito que acabei de pensar nisso.)

Afastando outras noções fantasiosas, eu olhei meu celular.

(Faz uma hora e meia?! Pra onde foi o tempo? Eu acho que preciso repensar meu artigo.)

(Eu deveria pelo menos ver a Mona Lisa enquanto estou aqui. Essa pode ser minha última parada.)

Eu desci apressadamente pelo mesmo corredor que o cavalheiro tinha passado.

(Essa porta...)

Liriel: Isso é algum tipo de exposição?

A madeira era velha e primorosamente esculpida. Poderia ser um trabalho artístico propriamente dito.

(Eu não acho que isso estava no mapa. O que tem atrás dela? Talvez uma sala de funcionários.)

Mas não havia sinalizações, nem balaústres isolando. E ela estava parcialmente aberta.

Eu podia ver através da fresta; havia relógios, vasos, e pinturas dentro.

(Poderia ser uma nova exposição. Ou uma antiga.)

O corredor cheirava a tempo esquecido. Minha mão já estava na maçaneta da porta.

(...Eu vou só ver o que tem lá dentro. Talvez até escrever sobre os tesouros escondidos do Louvre...?)

Diferente do resto do museu, esse corredor era estreito, mal largo o suficiente para duas pessoas.

As peças não tinham rótulos, nem descrições de qualquer tipo.

(Eu acho que vim parar em uma área de armazenamento.)

Mas ao invés de voltar, eu me vi atraída a continuar em frente.

Era como se eu estivesse em um sonho. Meus pés se moviam sem mim. Andando em direção à uma luz no fim do longo, longo corredor.

(Aquela é a saída?)

Eu comecei a correr. Correr só para que eu pudesse sair desse lugar!

Uma força se apoderou de mim antes que eu alcançasse a luz. Eu me assustei, lutei e me soltei.

Liriel: Aah!

A luz brilhou, envolvendo tudo ao redor. Eu fechei os olhos. Não ajudou.

Eu mantive eles fechados, bem apertados, até a luz voltar ao normal. Quando os abri--

(Onde eu estou?)

Era um corredor diferente.

(Impossível! Esses corredores não podem estar conectados. Mas eles tem que estar, não tem?)

Portas de dormitórios em um lado, janelas do outro. Parecia uma mansão particular.

(Está claro por causa dos lustres, mas estranhamente parecia noite.)

Eu puxei para o lado uma cortina carmesim que ia até o chão.

Inúmeras estrelas salpicavam o céu azul escuro como respingos de tinta em uma tela: um retrato da sorridente lua crescente.

Liriel: Como pode ser noite?

(Que horas são?)

Eu peguei meu celular. 14:20h exatamente.

(Não pode ser.)

Eu verifiquei meu celular de novo. 14:21h. E então a janela. Nuvens passavam pela lua.

(Tem uma explicação pra isso. Tem que ter.)

Minha cabeça estava girando. Eu respirei fundo para me acalmar. Ajudou. Um pouco.

Liriel: Eu vou refazer meus passos. É isso.

Mas quando eu me virei...

Tudo ficou branco. Meu mundo se foi. Se eu pensei que minha cabeça estava girando antes...

(O que está acontecendo?!)

Uma rajada de vento. Alguém estava atrás de mim!

Era uma sombra. Me agarrou pelo braço e me envolveu, como um abraço sombrio.

Liriel: Me solta!

Eu lutei contra a sombra, mas nada que eu fazia a afastava.

Dedos deslizaram descendo pelo meu pescoço, puxaram meu cabelo para lado, e pararam na minha garganta.

???: Deixe-me beber.

Liriel: Para!

Eu estava de volta no corredor. Sozinha. Parada exatamente onde eu estava há um segundo atrás.

(Alguma coisa disso foi real?)

Liriel: ...Apenas um sonho acordada.

Meu pulso estava acelerado. Eu quero sair desse lugar. Voltar ao museu. Voltar para meu hotel. Voltar para o Japão.

(A porta!)

Me virando, eu vi, para o meu alívio, a mesma porta que eu havia entrado no Louvre.

(Oh graças a deus!)

Eu coloquei a mão na maçaneta fria e puxei. Nada. Eu empurrei. Nada.

Liriel: Vamos, abra!

Eu empurrei com o ombro. Nada. Não importa o que eu fizesse, ela não se movia.

???: O que você está fazendo aí?

Liriel: Quem está aí?





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