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✶ PRÓLOGO ~ Capítulo 1: "A tentação além da porta" ✶
Paris, França. Dia moderno --
O Museu do Louvre, brilhando com uma leve luz rajada refletida
da Pirâmide do Pei, era de tirar o fôlego.
(O museu em si já é uma obra de arte!)
(Fotos não fazem jus ao que ele é.)
Eu era uma agente de viagens de Tokyo e uma blogueira de
viagens no tempo livre -- Eu amo viajar. As comidas. As linguagens. As
arquiteturas.
(Paris é minha viagem dos sonhos. E como eu poderia
deixar de ver o Louvre?)
(Eu estava querendo focar mais no meu blog. "Duas
Horas no Louvre. O que você TEM que ver." Esse poderia ser o artigo que
vai me ajudar nisso.)
Eu dei um pequeno puxão no meu companheiro e mascote de
viagem, "Mousette" (uma pequena bola de pelo com asas pendurada na
minha bolsa), e entrei na fila.
(A Ala Denon. Contendo 'A Coroação de Napoleon', de
Jacques-Louis David.)
Eu abri o app do meu celular para fazer check-in na minha
localização, só que esbarrei em alguém de um grande grupo turístico.
Liriel: Com licença. Quero dizer, perdão.
A pessoa sorriu timidamente e respondeu da mesma forma. Era
Suiço, pelo sotaque.
Continuando em frente, eu encontrei 'A Coroação'. Era tão
grande que eu pensei que poderia passar por ele até chegar em um outro mundo.
Liriel: Pega a parede inteira.
???: Você sabia, é a segunda maior pintura no Louvre.
(Oh? Ele está falando comigo?)
Ele falava francês como um nativo; sua roupa, com um
longo casaco bege, sugeria riqueza e classe.
Tradutora Lu: Sugar daddy 😏
(Ele parece um homem fora do tempo. Como se ele tivesse
saído de uma das pinturas.)
O inteligente cavalheiro elegantemente vestido se
aproximou, olhando para mim.
Liriel: Perdão, Monsieur?
Eu não era um
objeto nesse museu para ser examinada. Então o cavalheiro abriu sua mão
para que eu pudesse ver o que ele segurava.
???: Eu sabia. Esse brinco pertence à você.
Liriel: Oh! Quando foi que eu perdi ele...?
Eu toquei minhas orelhas. Um dos meus brincos tinha
sumido.
???: Acredito que foi quando aquele senhor esbarrou em
você.
???: Aconteceu de eu ver quando ele caiu. Eu estava
esperando pela oportunidade de devolvê-lo a você.
Liriel: Muito obrigada.
Eu fiz uma reverencia por impulso. Quando olhei para cima
novamente, reparei nos olhos dele: da cor de fios de ouro. Eu nunca vi nada
parecido.
???: É uma pena não ter um espelho aqui para ajudá-la a
colocá-lo de volta.
Liriel: Tenho certeza que deve ter algum banheiro por
aqui.
???: Devo ajudá-la a restaurá-lo em seu devido lugar?
Dessa forma, você não vai perdê-lo novamente.
Eu aceitei a oferta íntima antes de perceber o que eu
estava fazendo.
Não foram só os olhos dele. Será que sua nobre atitude de
velho mundo havia me encantado?
???: Se não te mexeres, Mademoiselle--
O cavalheiro afastou meus cabelos para trás com dedos que
poderiam pertencer a uma das mais graciosas esculturas ao meu redor.
(Eu sei que estamos em Paris, mas esse é um ato muito
amoroso vindo de um estranho.)
???: Que fragrância adorável.
Liriel: Obrigada. Eu comprei esse perfume aqui em Paris.
???: Oh...Mas eu não estava me referindo ao seu perfume.
Tradutora Lu: Ai meus ovários... ( ̄¬ ̄)
A voz dele era suave e rica, mesmo assim não consegui diferenciar
seu sotaque. Era como uma mistura de centenas de terras diferentes.
???: Pronto. Acredito que seu brinco esteja seguro.
O cavalheiro se afastou com um sorriso perfeitamente
natural. Seja qual for o feitiço que estava em mim, ele havia sido quebrado.
Liriel: Meu brinco rebelde certamente irá se comportar
agora. Obrigada.
???: Por nada. Foi graças ao brinco que me foi concedida
a boa sorte de conhecê-la.
???: "Bon voyage".
O cavalheiro me
deixou, descendo a galeria em direção à Mona Lisa, assumo eu.
(Eu fui completamente levada pelo charme dele.)
Seu terno de três peças feito sob medida era moderno, mas
ele o usava como um príncipe da virada do século.
(...Ou um vampiro de um romance gótico! Eu não acredito
que acabei de pensar nisso.)
Afastando outras noções fantasiosas, eu olhei meu
celular.
(Faz uma hora e meia?! Pra onde foi o tempo? Eu acho que
preciso repensar meu artigo.)
(Eu deveria pelo menos ver a Mona Lisa enquanto estou
aqui. Essa pode ser minha última parada.)
Eu desci apressadamente pelo mesmo corredor que o
cavalheiro tinha passado.
(Essa porta...)
Liriel: Isso é algum tipo de exposição?
A madeira era velha e primorosamente esculpida. Poderia ser
um trabalho artístico propriamente dito.
(Eu não acho que isso estava no mapa. O que tem atrás
dela? Talvez uma sala de funcionários.)
Mas não havia sinalizações, nem balaústres isolando. E
ela estava parcialmente aberta.
Eu podia ver através da fresta; havia relógios, vasos, e
pinturas dentro.
(Poderia ser uma nova exposição. Ou uma antiga.)
O corredor cheirava a tempo esquecido. Minha mão já
estava na maçaneta da porta.
(...Eu vou só ver o que tem lá dentro. Talvez até
escrever sobre os tesouros escondidos do Louvre...?)
Diferente do resto do museu, esse corredor era estreito,
mal largo o suficiente para duas pessoas.
As peças não tinham rótulos, nem descrições de qualquer
tipo.
(Eu acho que vim parar em uma área de armazenamento.)
Mas ao invés de voltar, eu me vi atraída a continuar em
frente.
Era como se eu estivesse em um sonho. Meus pés se moviam
sem mim. Andando em direção à uma luz no fim do longo, longo corredor.
(Aquela é a saída?)
Eu comecei a correr. Correr só para que eu pudesse sair
desse lugar!
Uma força se apoderou de mim antes que eu alcançasse a
luz. Eu me assustei, lutei e me soltei.
Liriel: Aah!
A luz brilhou, envolvendo tudo ao redor. Eu fechei os
olhos. Não ajudou.
Eu mantive eles fechados, bem apertados, até a luz voltar
ao normal. Quando os abri--
(Onde eu estou?)
Era um corredor diferente.
(Impossível! Esses corredores não podem estar conectados.
Mas eles tem que estar, não tem?)
Portas de dormitórios em um lado, janelas do outro.
Parecia uma mansão particular.
(Está claro por causa dos lustres, mas estranhamente
parecia noite.)
Eu puxei para o lado uma cortina carmesim que ia até o
chão.
Inúmeras estrelas salpicavam o céu azul escuro como
respingos de tinta em uma tela: um retrato da sorridente lua crescente.
Liriel: Como pode ser noite?
(Que horas são?)
Eu peguei meu celular. 14:20h exatamente.
(Não pode ser.)
Eu verifiquei meu celular de novo. 14:21h. E então a
janela. Nuvens passavam pela lua.
(Tem uma explicação pra isso. Tem que ter.)
Minha cabeça estava girando. Eu respirei fundo para me
acalmar. Ajudou. Um pouco.
Liriel: Eu vou refazer meus passos. É isso.
Mas quando eu me virei...
Tudo ficou branco. Meu mundo se foi. Se eu pensei que minha
cabeça estava girando antes...
(O que está acontecendo?!)
Uma rajada de vento. Alguém estava atrás de mim!
Era uma sombra. Me agarrou pelo braço e me envolveu, como
um abraço sombrio.
Liriel: Me solta!
Eu lutei contra a sombra, mas nada que eu fazia a
afastava.
Dedos deslizaram descendo pelo meu pescoço, puxaram meu
cabelo para lado, e pararam na minha garganta.
???: Deixe-me beber.
Liriel: Para!
Eu estava de volta no corredor. Sozinha. Parada
exatamente onde eu estava há um segundo atrás.
(Alguma coisa disso foi real?)
Liriel: ...Apenas um sonho acordada.
Meu pulso estava acelerado. Eu quero sair desse lugar.
Voltar ao museu. Voltar para meu hotel. Voltar para o Japão.
(A porta!)
Me virando, eu vi, para o meu alívio, a mesma porta que
eu havia entrado no Louvre.
(Oh graças a deus!)
Eu coloquei a mão na maçaneta fria e puxei. Nada. Eu
empurrei. Nada.
Liriel: Vamos, abra!
Eu empurrei com o ombro. Nada. Não importa o que eu
fizesse, ela não se movia.
???: O que você está fazendo aí?
Liriel: Quem está aí?
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